Almas =s
CASAMENTO DE
ALMAS GÊMEAS NÃO EXISTE
Joao Joaquim
As
relações humanas são muito complexas. Eu diria que em muitos casos elas são complexas, melindrosas, sensíveis e
até impossíveis. Como exemplo de relações impossíveis nada mais consistente e
exemplar do que as convivências conjugais. Ou seja, o exemplo de um divórcio é
a quintessência de como duas pessoas se mostram impossíveis em relações humanas
. Longe de pensar nas tais almas gêmeas , como queria Platão. O que se deve
procurar é o máximo de semelhança possível, em se tratando de relação a dois. Não
importa o gênero.
Tais
dificuldades e incompatibilidade nas relações de uma pessoa com outra, não
importa se do mesmo sexo ou não, se de forma apenas social, profissional ou
conjugal decorrem de um único fator, da (s) diferença (s) que marca (m) o ser
humano. Ninguém é produzido em série, como são as coisas e objetos. Até mesmo
os gêmeos univitelinos não são iguais. Eles se mostram muito semelhantes. Mas,
nunca o DNA de um é exatamente igual ao do outro.
Ainda
dentro do contexto da diferença e tomando a contribuição dos gêmeos idênticos. Ou seja, embora gerados de um mesmo
óvulo e espermatozoide eles terão identidade genética, mas nunca igualdade
genética rigorosa. Muito menos comportamental, social e afetiva. Basta constatar que a personalidade, os
sentimentos, o gosto, a vocação podem ter pontos de congruência, mas nunca
igualdade plena. Além do que tem-se em conta também a influência do meio
ambiente, isto é, do meio social, do processo educacional, enfim , de todas as
interações que cada um estabelecerá com
outras pessoas e o mundo com todos os seus valores culturais e tecnológicos .
Muitos
são os exemplos que se podem enumerar sobre a impossibilidade ou complexidade
das relações sociais. Nas relações entre profissionais de uma mesma categoria
de atividade (médicos, advogados, enfermeiros, professores), nas relações
corporativas de uma empresa ou órgão público. Quantos não são os conflitos
surgidos entre colegas de trabalho de uma sessão ou departamento de uma empresa
pública ou privada? A rivalidade, a disputa, a porfia, a emulação, a concorrência
são fenômenos inatos do indivíduo.
Um
exemplo repicado pelas mídias se vê nos parlamentos das várias administrações
públicas do Brasil e do mundo. Porque se trata das diferenças de caráter e
personalidade do gênero humano. Quantos não são os episódios de escaramuças e
entreveros flagrados em câmaras municipais e no parlamento estadual ou federal.
São brigas, motins duros de assistir e de conter os brigões. E assim são muitos
os episódios no campo profissional e empresarial. Quantas não são as sociedades
comerciais que se desfazem ou acabam em litígio por absoluta incompatibilidade
entre os sócios?
As
relações sociais de maior complexidade referem-se às convivências conjugais. E
elas são provas em profusão do quanto uma relação interpessoal pode se tornar
incompatível, conflituosa, tormentosa e até letal, como são os casos repetidos
de feminicídio cometidos por indivíduos predadores de mulheres.
E basta
lembrar que para se chegar no convívio conjugal, os cônjuges passam por um
longo estágio ou período probatório que é o namoro e noivado. Ou seja,
constitui aquele espaço de tempo onde o casal deveria conhecer bem o outro e
ver se as diferenças e divergências são compatíveis para uma convivência de
proximidade, de intimidade e solidariedade.
O
casamento, como definí-lo ? Deveríamos
entendê-lo como a junção das diferenças. Eu sou concordante com outros
profissionais e estudiosos da matéria. O casamento entre pessoas muito
parecidas e idênticas sugere não ter tanto encanto, tanto brilho e completude
de um para o outro. Se as pessoas entendessem as relações conjugais como a soma
de dois indivíduos desiguais, grandes seriam as chances de mais sucesso,
solidariedade e amor perene.
O
princípio da convivência entre os diferentes é uma recomendação e postulado
para uma vivência harmoniosa, respeitosa e mais fraterna entre os seres
humanos. Isto tem sido uma premissa vital para toda sorte de interação social.
Assim
deve prevalecer no casamento. A comunhão dessas diferenças deve ser entendida
como um somatório positivo, de enriquecimento mútuo e pontos chaves para uma
vida feliz e duradoura. Portanto, fica aqui essa deixa ou dica: Nunca queira o
outro como você o imagina, queira o outro(outra) como de fato ele(ela) é, e
seja feliz para sempre. NOVembro /2108.