Ética Universal
LIBERDADE
E LIVRE-ARBÍTRIO NÃO DÃO DIREITO A ALCOOLISMO E DROGADIÇÃO
João
Joaquim
Neste
artigo trago em meu auxílio dois grandes pensadores. Embora tenham vividos em
épocas longínquas um do outro e de mim, mas me darão sustentação para esta
proposição. São eles Santo Agostinho (354-430) e Immanuel kant (1724-1804). O
tema aqui em análise, ética e livre-arbítrio.
A ética
aqui será tratada como a teorizou Aristóteles, mas, num sentido mais abrangente
e consensual como a definiu Immanuel Kant. Na percepção Aristotélica é
definida como a perpétua busca do bem e da felicidade ( pessoal ou
alheia). Mas, muito mais centrada na concepção kantiana, no seu imperativo
categórico que imaginou a prática de qualquer feito ou ação que fosse um
benefício ou bem de alcance coletivo e universal. Seria assim a Ética segundo
Kant.
1. Lei Universal: "Age
como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através da tua vontade, uma lei
universal." Variante: "Age como se a máxima da tua ação fosse para
ser transformada, através da tua vontade, em uma lei universal da
natureza."
2. Fim em si mesmo: "Age de
tal forma que uses a humanidade, tanto na tua pessoa, como na pessoa de
qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo como fim e nunca simplesmente como
meio."
3. Legislador
Universal (Autonomia): "Age de tal maneira que tua vontade
possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal através
de suas máximas." Variante: "Age como se fosses, através de suas
máximas, sempre um membro legislador no reino universal dos fins."
Já no
concernente ao conceito de livre-arbítrio, não seguirei a estrita rigidez de
Agostinho. O sentido de livre-arbítrio será aquele sentimento de liberdade de
cada um em agir e obedecer à sua própria vontade. Nessa concepção, no estrito
senso moral e vocacional. Não o religioso.
“ Tendo sido demonstrado suficientemente, no
Livro I do Sobre o Livre-Arbítrio, que o livre arbítrio humano é a única causa
do mal, que aparece não como ser, mas como não-ser ou nada – ausência, falta,
defecção do bem, Evódio, principal interlocutor de Agostinho, ainda não se dá
por satisfeito e questiona se este – o livre arbítrio – é um bem ou um mal,
visto que é unicamente por ele que pecamos. Mais do que isto, se Aquele que nos
deu - Deus, deveria ou não ter nos dado” Santo Agostinho.
No
sentido de mais clareza, torna-se necessário dissecar o termo livre-arbítrio.
Palavra composta pelos termos livre e arbítrio. Livre, adjetivo ou
qualificativo de liberdade. Ser livre, estar desimpedido nas ações de
pensamentos, atitudes e vontade. Arbítrio seria a faculdade de cada pessoa em
executar em ato, um feito pelo simples ato, sem outros motivos para esta ação.
Em outros termos, a faculdade de uma decisão conforme seu íntimo julgamento,
seu próprio juízo, sua própria opinião ou parecer.
Não
impropriamente há outras condições de uma livre ação. Como exemplos: livre-câmbio,
seria a plena liberdade de comércio externo, sem obediência a normas de tarifas
alfandegárias.
No mesmo
sentido o chamado livre-comércio. Livre-cultismo, a liberdade que assiste a
cada um na sua prática religiosa. Live-iniciativa, doutrina econômica que
assegura ao indivíduo praticar uma economia e comércio sem a interferência de
órgãos estatais. Condição de Livre-pensador,
o direito de cada um em professar a religião, filosofia ou ideologia que lhe
aprouver.
Vamos
então discernir sobre ética. Na concepção aristotélica, a ética deve ser
entendida como a busca do bem e da felicidade. Mas, eis uma questão: o bem e a
felicidade individual, pode não contemplar o coletivo, o universal, o geral.
Nesta hora, e neste questionamento nos socorremos então da ética segundo Kant.
Conforme
teorizou esse grande pensador, para reger nossas ações existem dois
imperativos. Sinteticamente, têm-se o imperativo hipotético e o categórico. No
hipotético o indivíduo vai sustentar suas iniciativas, suas ações no exercício
do bem e da felicidade. Todavia, atributos esses dirigidos à própria pessoa (de
efeito individual). Nem tudo que me traz prazer , alegria e felicidade trará
também o fará a terceiros.
Alguém
perguntar-me-ia: mas, a ética também não estaria presente nesse contexto? De
fato, ela se faz presente, porque buscar o bem e a felicidade para si próprio
não é agir contrário a ética. Seria alguma coisa como a autoestima, um
amor-próprio. Entretanto, poder-se-ia estar caindo em outros estados e
condições morais como o orgulho ,a vaidade, o narcicismo , o hedonismo, o culto à
própria personalidade.
Nessa
dúvida e indagação socorre-nos novamente o filósofo Kant com sua descrição de ética, no imperativo
categórico. De acordo com este pensador alemão. Disse ele: Age de tal maneira
como se sua ação tivesse um alcance universal. Em outros termos, o que defende
esse pensador é que a verdadeira e genuína ética é aquela que tenha alcance não
para o próprio praticante, mas que seja aceita e benéfica para qualquer pessoa
que a contemple, que a receba, que dela tenha algum efeito.
Fazendo
uma analogia dos imperativos hipotético e categórico com a abelha e a colmeia,
não importa que seja a colmeia de que faz parte essa abelha. Nem
todo néctar saboroso à abelha o será para a colmeia. Segundo a ética do
imperativo categórico o justo e correto é que se for bom para a abelha devera
sê-lo também para todas as abelhas, para as colmeias de outras abelhas, enfim.
Analisemos
agora a prerrogativa do livre-arbítrio no campo ético. Livre-arbítrio, livre
opção ou livre decisão conforme a própria vontade. Tomemos esse postulado no
estrito sentido metafísico ou moral, fora da consideração teológica. Repetindo
o significado de ética nos moldes do imperativo categórico de Kant: faça tudo
que almejar como se esse ato, essa opção ou decisão tivesse uma aceitação
universal. Como exemplo: o cuidado com o meio ambiente, incluindo uma correta
destinação no lixo produzido, uso de energia limpa, cultivar e conservar todas
as formas de vida animal e vegetal. Quem no mundo se oporá a tais atitudes?
Trata de uma decisão ou opção de aprovação universal. Portanto foi um
livre-arbítrio nos princípios éticos do imperativo categórico, não importa o
credo, a opção sexual, a etnia, a religião, a ideologia da pessoa que receba ou
contemple esse ato.
Vamos
agora imaginar um indivíduo no seu livre-arbítrio de se tornar um alcoólatra ou
um drogadito. Esse dependente químico, segundo Aristóteles, pode de fato estar
buscando a satisfação de seus instintos, seus prazeres e regalos; ética da
busca da felicidade.
Mas,
desses vícios poderão advir doenças incapacitantes, sequelas físicas e
cognitivas, invalidez permanente. Por conseguinte esse indivíduo se tornará
dependente de cuidados de familiares, de auxiliares diários para uma vida
vegetativa. O que significa dissabores, sofrimento, sacrifício e ônus para
outras pessoas, para o Estado e sociedade.
Um outro
exemplo : uma jovem dependente química de maconha e cocaína-crack. Todos os
dias ela satisfaz o seus instintos , sua sofreguidão pelos efeitos da droga.
Descuidada , ela engravida. Seu nascituro nascerá com a chamada síndrome de
abstinência, com riscos de graves sequelas neurológicas e cognitivas, baixo
peso, e insuficiência respiratória. Quantos cuidados exigirá de cuidadores,
fisioterapia, familiares, da Saúde Pública. Quanto sofrimento e ônus a todos.
Ou seja, foi um livre-arbítrio, dessa jovem mãe, de extrema irresponsabilidade
e graves danos a outras pessoas. Do filho que nasceu devastado pelos efeitos do
vício da mãe, e de pessoas, no
acolhimento e socorro a esse recém-nascido.
Portanto,
são exemplos de um livre-arbítrio contra
a ética e a moral, segundo os princípios éticos, bioéticos, deontológicos ,
morais e sociais do imperativo categórico do grande pensador e humanista
Immanuel Kant. No exercício de liberdade
, do direito de fazer tanta coisa, do LIVRE-ARBÍTRIO, pense nisso, pense no
mundo e no outro à sua volta . Novembro /2108