Folgados
OS FOLGADOS E APROVEITADORES
João Joaquim
As relações humanas se revestem de muita
complexidade. Esta frase que abre este artigo se encontra nas regras sociais
defendidas por Immanuel Kant e por Arthur Schopenhaner. Tal afirmativa se torna
muito verossímel e convincente porque, ninguém, absolutamente ninguém guarda
identidade com o outro. Por isso o conceito de que cada pessoa é única,
indivíduo, não divisível e todos somos diferentes.
Quando se fala de relações sociais, muitos atributos e qualificações podem ser dadas às
pessoas. E é justamente aqui que moram as dificuldades, o
quanto podem ser complexas, complicadas e impossíveis as relações entre pessoas parecidas ou muito diferentes.
Há semelhanças entre as pessoas, igualdade jamais. Nem gêmeos univitelinos são
iguais.
Dentre as pessoas de nossas relações, têm-se
aquelas a que somos ligados pelo fator genético, as populares parentas (es) e
aquelas pessoas por laços de amizade ou profissional. Ou seja, as nossas
relações se dão pela chamada consanguinidade, por união conjugal ou de amizade
e profissional. Estudos neurocientíficos e psicológicos mostram que traços
genéticos não são garantias de relações sociais harmônicas e saudáveis. E a
prática e vivências mostram isso, trata-se de dedução empírica . Quantos e
quantos irmãos que têm divergências fratricidas!
Há duas classificações (classes ou tipos) de
pessoas ou gentes que são o mote deste artigo. Têm-se aqui em análise os
indivíduos folgados e aproveitadores. Ainda não há estudos estatísticos da
prevalência destas espécies de gente. O que se tem de certo e substancial é que
elas existem em todos os meios de convivência.
Muitas
são as pessoas de bom caráter, probas e honestas que são obrigadas a aturar e suportar tais indivíduos. Os folgados e
aproveitadores podem ser aqueles que se estabeleceram por laços de “amizades”,
podem ser pessoas colegas de trabalho e que compartilham afinidade profissional,
de forma autônoma ,e num mesmo
condomínio ou empresa pública ou privada.
Todavia, os folgados ou aproveitadores mais
nefastos são os próprios parentes. Aqueles ou aquelas que entram nessa
categoria pela parentela de consanguinidade ou conjugal. Podem ser marido,
esposa, namorado, namorada ou companheiros. Cunhados(as), como eles existem .
Não importa. O folgado parente é aquele que
para atingir os seus intentos, vai se aproximando do parente ou parenta vítima.
Seja entre irmãos por exemplo. Ele se torna um importuno recalcitrante,
sub-reptício e nocivo em suas investidas. Seja na obtenção de um favor
laborativo, na execução de alguma
obrigação ou uso de algum bem da vítima. Mas, em geral o seu foco de subtração
está na tomada de empréstimo de dinheiro. Dívida que, às vezes, nunca será
quitada, ou quando o faz, o faz sem as devidas correções monetárias.
A pessoa da classe aproveitadora têm muitas
das características do folgado. Em geral suas atitudes se revestem também de
perfídia, de má-fé e muita dissimulação. Nesse sentido o aproveitador se passa
por exemplo por vítima de uma situação de saúde, uma dificuldade financeira, uma
dificuldade familiar no sentido de
despertar a compaixão alheia. Nessa circunstância de sensibilização da
solidariedade alheia é que o aproveitador justifica sua natureza e
qualificativos. Ele aproveita dessa compaixão alheia para obter os favores,
préstimos e empréstimos pecuniários almejados. E outras prestações e favores que nunca são ressarcidos,
retribuídos na justa proporção do tomado inicial. Ele quer sempre levar
vantagem em tudo.
Tais categorias de gente, os folgados e
aproveitadores têm sido objeto de estudos, tanto da psicologia comportamental
como das neurociências. Quando se estuda o cérebro e as sinapses nervosas
desses indivíduos têm-se as explicações neuroquímicas desses comportamentos.
Dois são os hormônios dos circuitos cerebrais desses indivíduos, a serotonina e
a dopamina.
De tal sorte que sempre que um folgado obtém
a satisfação de suas malévolas intenções o seu cérebro está banhado de
serotonina, o hormônio neural da alegria e do prazer. Quando caem os níveis de
serotonina aumentam as taxas de dopamina ; o hormônio da motivação, dos impulsos;
é hora então do folgado buscar a
satisfação explorando suas vítimas. É
como num jogo ou luta do gato e rato.
O que se recomenda para não fazer o jogo ou
não ser vítima de uma pessoa (ele ou ela) folgada e aproveitadora? Simplesmente
com peremptórias e incisivas negativas às suas investidas. Que, repitam-se, na
maioria são os membros parentais. Nesse sentido, de pronto e sem meias palavras
deve-se sem condescendência ter como resposta um bem soletrado não. Não! Não e
não. É o mesmo princípio dos limites impostos a um filho, a uma criança,
sobretudo quando ela se rebela contra as ordens dos pais. Por que não ? Porque
não e fim de conversa. Novembro/2108