Insanidades
AS SANDICES E IMBECILIDADES DAS REDES
SOCIAIS
João Joaquim
O senso comum e o folclore produzem
máximas, sentenças e princípios que encerram muitos ensinamentos e conselhos de
vida. Enfim é a globalizada sabedoria popular. Princípios que circulam pela
oralidade entre as pessoas e funcionam como um mantra na rotina da sociedade .
Vejamos alguns exemplos bem ilustrativos.
Quem cala consente, os ausentes não
tem razão, onde o ouro fala tudo cala, vê-se pela aragem quem vai na carruagem,
água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
A oportuna menção aos anexins e
provérbios da sabedoria popular serviu apenas para dar vazão e introdução a
outras questões de ordem social e das comunicações, mas que guardam conexões.
Se a sabedoria popular tem como vetor de comunicação as próprias pessoas,
princípio da oralidade, as informações da era moderna têm nas redes sociais
seus maiores porta-vozes. Tudo que se diz hoje se multiplica de forma líquida e
instantânea. Com uma significativa característica adicional, tudo fica gravado
em imagens e áudios. Aqui não existe aquele tal disse-que-não-disse. Falou,
está gravado e fim de polêmica. Tipo a história do sujeito que jogou a
mulher pela janela, e disse que ela havia pulado. Vieram os vídeos, e o sujeito
foi em cana.
A internet e suas massivas redes
sociais bem que se equiparam à finalidade da foice, do machado, do martelo ou
faca de cozinha. Todas essas ferramentas, à exemplo das redes sócias, foram
criadas na promoção do bem, de instrumentos úteis à vida das pessoas e da
coletividade social . Os inventores da Internet e Redes Sociais, ao criá-las,
só pensaram na finalidade útil das coisas e invenções. Nunca pensaram, ah,
vamos fazer essa mídia social, para as pessoas fazerem fofocas, fake news,
vender drogas, bisbilhotar a vida alheia, difamar os inimigos, enviar fotos
pornôs, pedofilia, falar abobrinhas, e tantas outras platitudes e futilidades.
Nada disso. Eles imaginaram ferramentas úteis e construtivas na vida das pessoas.
Só isso.
Em outra interpretação, no embate
entre o bem e o mal, entre o vício e a virtude, todas as ferramentas
utilitárias, como de resto a internet e as redes sociais (facebook, whatsapp, Twitter) são absolutamente neutras,
incólumes, inocentes. Assim como se dá também com a espada e a arma de fogo.
Elas nunca cometem assassinatos por si mesmas. Logo se alguma ilicitude, se
algum delito, se alguma contravenção ou falsidade se faz por essas ferramentas
ou recursos virtuais a culpa é exclusiva do ser humano. Nenhuma rede social faz
Fake News ou fofoca, nenhuma faca de cozinha comete assassinato por si mesma.
Sempre tem no ato um AUTOR humano.
Nunca se viu tanta maldade e
idiotices praticadas através da internet e redes sociais. As plataformas
digitais, com suas formas de comunicação se tornaram uma praça sem
controle, onde todas as sandices e bestialidades são vistas. Os aplicativos
digitais se tornaram como que os porta-vozes (alto-falantes) de turbas e
turbas de pessoas de toda ordem e ideologias. Fala-se de tudo e posta tudo que
há de mais vil, insignificante e indigno. Somado a esse rosário de coisas
têm-se ali as futilidades e mediocridades produzidas pelo engenho humano. São
os microcéfalos, os mentecaptos, os portadores de pouca massa cinzenta e lobos
frontais atrofiados. Por isso de produção micro, ínfima, pequena, tacanha.
Salvam-se poucos nesse cenário, que
fazem dessas ferramentas e instrumentos virtuais exclusivos do bem e da
beleza.
A preocupação é que muitas das
futilidades e boçalidades editadas pela internet se tornem regras de vida no
futuro. É o princípio da repetição 100 vezes se tornar uma verdade aceita como
real. Uma mentira repetida 100 vezes toma ares de verdade. Ou como expressa o
ditado popular “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
A muitas das coisas que se dizem e
postam nas redes sociais podem-se aplicar as regras ou probabilidades do
relativismo histórico. O que no momento e na sociedade atual se mostra
inaceitável e refutado pode não sê-lo em outro tempo (futuro)por uma nova
sociedade.
Para dar mais consistência e foro
verossímel basta pinçar algumas recentes afirmações postadas e ouvidas nas
redes sociais. Sobre o estrupo por exemplo. Diversas pessoas afirmaram pela
internet que muitas mulheres quando sofrem essa violência sexual, são
elas, as próprias vítimas, as culpadas por tal injúria. Provocados a dar
maiores explicações muitos entrevistados não se fizeram de rogados e
apresentaram as justificativas. Como essa: “se as mulheres andam com minissaia
ou rupas sumárias e decotadas elas estão convidando para ser estupradas”.
É justificar o injustificável. É o mesmo princípio popular de que a ocasião faz
o ladrão. Errado, o ladrão já cresceu ladrão, a oportunidade só lhe facilita o
roubo.
E aqui cabem os efeitos do
relativismo social. Em poucos termos. Nenhuma ciência ou estudo de
direitos humanos estipulam que roupas sumárias ou faltas delas autorizem
investidas de estuprador. Todavia, de fato, o recato, a moderação, a sisudez de
vestimentas da mulher não serão ativadores ou gatilhos da libido e sanha sexual
de homens predadores de mulher. Eles estão soltos , sempre a espreita de alguma
vítima menos incauta e menos recatada.
Uma outra condição encontrada no
Brasil, o feminicídio e os crimes cometidos pelo homem contra a mulher. O
culpado será sempre o homem autor dos crimes. Mas vem o relativismo da
relação conjugal. Se nos primórdios do namoro ,a jovem, a mulher percebe
tratar-se de um potencial violentador e desqualificado, a melhor via é a saída
da relação. Fuja pronta e rapidamente do meliante. Esta a melhor estratégia, na
prevenção de fatos mais graves e criminosos. O que se vê em muitos casos
é a tolerância da mulher para com esses sociopatas, e o resultado é o que
mostram as estatísticas de crimes contra as companheiras. Mortes e mais mortes(
feminicídios).
E assim são vários outros cenários,
ao se falar e considerar a Internet e suas massivas redes sociais, onde
embora não devessem, mas têm-se indivíduos desocupados( homens e mulheres)
prontos a praticar abusos, fofocas, falsidades ideológicas, violências, futilidades.
Tudo tendo como agentes os humanos, criaturas que somos racionais e
inteligentes. Imagine se não fôssemos esse animal, com esses atributos.
Já teríamos incendiado o planeta. Porque a extinção de muitas espécies de
animais e vegetais já vêm se fazendo lenta e gradualmente. DEZEMBRO /2108