Com-viver
Os SEGREDOS DE UMA BOA CONVIVÊNCIA
João
Joaquim
Com as
mídias digitais e as redes sociais vivemos em uma atmosfera social com um
intenso e intrusivo patrulhamento do comportamento das pessoas. A internet e
todos os seus recursos vieram com esse poder, essa força de vigilância, de
crítica e devassa social. E para ser justo, bem justo mesmo, as próprias
pessoas ao se exporem em demasia em suas
páginas virtuais é que permitem e dão azo a que outras pessoas, na maioria das
vezes desocupadas e vazias façam essa implacável vigilância e patrulha.
Sempre
que escrevo e comento sobre as plataformas digitais, com suas ubíquas redes
sociais, vêm-me à lembrança uma consideração do semiólogo, filósofo e crítico
Umberto Eco (1932-2106). Perguntado pela jornalista Ilze Scamparini( Globo
News) sobre a internet, o grande escritor italiano não titubeou: as redes
sociais dão direito à palavra a uma legião de imbecis. E continua o
entrevistado, “antes eles falavam em algum bar após uma taça de vinha e a
conversa morria ali. Agora não, agora eles têm voz e vez”.
E é isto mesmo. Conforme Eco, muitos têm
direito à palavra como um prêmio Nobel. Os usuários da internet, na maioria
esmagadora, constituem um grande rebanho
de pessoas sem outros objetivos maiores e mais nobres na vida. Esses recursos
da Internet, para elas, permitem a que façam
as interações com o mesmo mundinho que as caracterizam; todos se encontram no
mesmo vácuo , nas mesmas frívolas e insossas atividades. Nada fazem, nada
produzem, existem num eterno far-niente.
A
questão do patrulhamento e da vigilância digital traz-nos no bojo do mesmo tema
outras questões das relações sociais que são as referências, as considerações,
as titulações, as adjetivações, os apelidos, as apreciações sobre as atitudes e
condutas das pessoas, o seu caráter; e
num grau extremo até os insultos que que são trocados. E trocados porque quase
todos, insultados e insultadores pertencem ao mesmo jaez, à mesma tribo social.
Quando
alguém recebe uma consideração, um comentário sobre si vindo de terceiros,
sejam pessoas “amigas”, seja de alguém do ciclo de inimigos, a primeira reação
deveria ser esta indagação : trata-se de
uma inverdade, de uma fofoca? Ou ao contrário: esse comentarista está se
referindo a alguma característica de fato verdadeira? Um comportamento,
atividade ou ato que cometi fora dos padrões sociais? Ora, se for isso
necessário se faz uma adaptação. A abelha deve voar e se comportar conforme a
ânimo e regras da colmeia, do contrário elas podem ser picadas pelas próprias companheiras.
Dentro
dessa análise, como alvo desses comentários, adjetivações ou apelidos entram
por exemplo referências étnicas, preferência sexual, cor da pele, etc. Nesses
termos, conforme os objetivos e tom do insultador, estamos diante de um crime e
necessário se faz gerar um boletim de ocorrência policial e denúncia ou queixa
crime no ministério público.
Em suma
aquilo que as pessoas dizem a nosso respeito pode ser uma verdade incontestável
com a qual eu tenho que conviver. A análise também aqui deve levar em conta o
objetivo desse comentarista, dessas considerações e características a mim
endereçadas.
Nesse
sentido, o tom, a intensidade desses títulos e atribuições. Mais do que isto , a finalidade dessas atribuições. O
inteiro teor, o objetivo desses comentários devem ser levados em conta. Até
mesmo quando alguém nos dirige algum insulto, seja ele de que magnitude for,
deve-se de forma civilizada e ponderada avaliar os termos empregados. E então
de forma educada, polida, e civilizada
responder à altura a esse insultador ou impostor(a).
Há um
princípio que afirma: “o insulto só funciona se você beber o veneno”. Assim
devemos reagir quando alguém nos fizer alguma referência com intenção de nos
irritar, nos desequilibrar ou tirar a nossa calma, a nossa civilidade. De sorte
que fica claro que ao receber um veneno, ele só me intoxicará ou fará mal se eu
o ingerir. Tomemos alguns exemplos da vida cotidiana.
Se
alguém olha para você e o qualifica de
careca, de gordo, de baixinho, de velho, de pé-rapado ou gay. Nesse instante,
você deve certificar se se de fato trata
de um atributo falso ou verdadeiro. Nessa circunstância os especialistas em
comportamento humano aconselham como reagir. Como exemplo: Se for um atributo falso e não injurioso ou
não preconceituoso. O que revela esse comentário? Nada mais do que a dor moral
ou inveja do insultador. Sua frustração, seus distúrbios adaptativos de
sociabilidade. Nada além disso. Pode-se tratar de uma pessoa perturbada e
desequilibrada que merece o nosso desprezo. Só isso.
Como
fecho desta matéria o que se deixa como dicas para qualquer um de nós é a busca
de uma convivência pacífica e civilizada. Cada um de nós deve ter uma cartilha
ou código de conduta nas relações sociais e referências ao outro.
Fazer
comentários e considerações a respeito de quem quer que seja pode se tornar uma
fórmula de inimizade e intolerância das mais biliosas.
Cada
pessoa tem o estilo de vida e as escolhas e gostos ao seu sabor, de acordo com
os seus valores, sua educação, cultura e formação escolar. Comentar que tal
mulher ou jovem escolheu casar para ter um maridão que tudo patrocina para a esposa,
que tal opção foi golpe do baú, pode ser a fórmula certa para ódio , antipatias e muita inimizade. O que temos
com isso? Cada qual que ouça e enxergue
conforme sua audição e visão. Inclusive quem está de seu próprio lado. Janeiro/2019.
João
Joaquim - médico - articulista DM
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