Honestidade..
SEJA HONESTO E ÉTICO MESMO SEM A COERÇÃO DA LEI E SEM VIGILIÂNICA
DE AUTORIDADES
E ELETRÔNICA
João
Joaquim
Vivemos
em um mundo considerado pleno de conquistas materiais, tecnológicas e
científicas. Nisto a unanimidade não é burra, contrariando o dramaturgo Nelson
Rodrigues, que reiterou : " toda a unanimidade é burra".
Mas, Nelson, nem todas!
O que
pode também não ser unanimidade é que em que pese haver tantos recursos
materiais , de prazer e alegria, vivemos ao mesmo tempo mergulhados em uma
sociedade de muitas inquietações, muitas turbações. Uma sociedade
afetada por muitas neuroses. Entendamos neurose aqui como o equivalente a
angústia, ansiedade, um afã, um frenesi, uma incansável e insaciável busca por
infinitas ofertas que nos faz essa mesma sociedade.
Em
outros termos, apesar do homem (gênero) ter conquistado inúmeros projetos,
sonhos, conquistas; antes da era industrial pensados inatingíveis; ele,
homem, parece não ter se encontrado com a sua significância, com a sua
essência, com o seu papel existencial. Sobretudo com sua existência que precede
a essência, conforme teorizou Jean Paul Sartre.
Em meio a
todo o aparelhamento técnico e científico, remanescem questões centrais da
vida, da vivência e da convivência das pessoas, com o ambiente em que vivem,
com o planeta e com o cosmo.
Entre as
questões da existência e da essência do homem um capítulo de muito significado
refere-se a ÉTICA. De tal sorte foram-se degradando os homens em suas relações
sociais e ambientais, que a ÉTICA necessitou de uma sistematização, uma
normalização (ou normatização). Isto se revela como uma neurotização. É como se
tomasse o bem e com ele fizesse a mesma coisa. Bem código nº 1, bem código nº 2
, nº x etc. A ÈTICA DEVERIA ser única, sem codificação, isto pode, isto não pode.
Honestidade em tudo bastaria .
E assim,
de roldão, para melhor funcionalidade necessário se tornou a criação de códigos de conduta e
comportamento humano, normas de postura, termos de ajustamento, códigos de ética
profissional. Do americano (EUA) importamos até a “compliance”.
Diretrizes
que regem e disciplinam o funcionamento do “staff” pessoal de uma empresa ou
corporação. Se tornou até muito estético e elegante as pessoas dizerem estar
trabalhando de acordo com a compliance da empresa.
E tudo
advem do próprio surgimento da organização do Estado, dos estamentos, da
política como ciência nessa instituição. E assim
pensaram os seus idealizadores e críticos como o foram Thomas Hobbes (o
leviatã) e Jean-Jacques Rousseau com sua obra o contrato social e John Locke no
estabelecimento de preceitos nas relações sociais e políticas.
A doença
social e de relações que atinge a sociedade atual, portanto, não é exclusiva de
nossa época. Refere-se a uma inerência do próprio gênero humano. Daí a
necessidade da organização do Estado e todas as regras, leis e normas de
relação com os súditos, hoje cidadãos, pessoas de direitos e deveres.
A ética
assim também foi sistematizada em várias outras subsidiárias. No campo da
biologia, da psicologia e ciências médicas foi instituída a bioética. Outros
ramos ainda estão por vir. Assim teremos a geoética, a mesoética( ética do meio
ambiente), a cosmoética( ética do cosmo) etc.
Vamos
imaginar se todos, de forma humana e
fraterna, tivéssemos a vocação, o compromisso, a responsabilidade com a
promoção do bem, da virtude, da honestidade, da gentileza; etc, Nós
humanos, não precisaríamos de código penal, de código civil
e da sistematização da ética.
Dentro
da concepção e teoria kierkegaardiana (Soren Kierkegaard), vamos imaginar se
Deus, ou os deuses não existissem. Se não houvesse inferno, juízo final. Se a
vida humana se encerrasse apenas na sua passagem terrena. Se nada ocorresse
após a morte biológica como a de todos os outros animais! Nesses termos e com
essa convicção e certeza o que fariam muitos? Provavelmente que esbaldariam em
folganças, esbórnias e prazeres carnais sem limites, sem se preocuparem com o
outro, com as famílias onde inseridos e com o Planeta.
Essas
pessoas cometeriam as piores perversidades: escravizariam os outros; agrediriam
o seu ambiente; colocariam fogo no planeta, se poderes tivessem para tal.
Frente a
esses comportamentos, atitudes animalescas e perversidades, nenhum de nós,
humanos que somos, e condenados à liberdade responsável, não podemos e não
devemos perder a esperança e nossa vocação para o bem.
Ser
ético, ser bom e ser virtuoso é ser tudo isso, mesmo estando a sós, e sem
nenhum controle de vigilância externa, sem nenhum registro, sem nenhum código
ou norma de coerção; praticar os mesmos gestos, palavras, atos e feitos bom
para mim, para todos, para meu ambiente social e geográfico e para o planeta.