quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Pareço e Sou..

PRIMEIRO AS APARÊNCIAS DEPOIS A ESSÊNCIA

João Joaquim  
Conforme teorizou Jean-Paul Sartre assim se dá a estrutura do homem; primeiro tem-se a existência, depois vem a essência. Tivesse esse grande pensador vivido até os dias de hoje, século XXI, era da “modernidade liquida” e descartável, talvez ele pudesse modificar  o seu princípio. Quem sabe este: primeiro tem-se a existência depois a aparência e por fim a essência. O mundo se transformou em demasia nos estertores do século XX e nos albores do século XXI. Como ficará a sociedade em meados e fim do século XXI? A sucessão de mudanças tem-se dado em ritmo frenético. Tudo tem-se dado de modo fluido, líquido, volátil e imprevisível. O tempo, que tempos! Os dias correm e tudo (se)transforma.
Paul Sartre (1905-1980) viveu um século de guerras, de transformações geopolíticas e econômicas, de confrontos de ideologias políticas, de guerra fria entre o mundo capitalista (EUA) e o mundo comunista (ex URSS). Ele não viu o surgimento da internet. Este mundo de agora das comunicações prontas e instantâneas, do poder e penetração das redes sociais.
Hoje, além das guerras endêmicas que continuam ceifando vidas, temos uma guerra de informação. São as fake News, as fofocas, a vigilância eletrônica, a bisbilhotice  da vida alheia, a invasão da privacidade das pessoas e tudo quanto de mensagens de conteúdo vazio, rasteiro, fútil e difamante. Como acertadamente opinou o escritor e semiólogo Umberto eco (1932-2016) a internet e as redes socais permitiram a que uma legião de idiotas e imbecis tivessem vez e voz. 
Se  antes eles falavam em algum bordel ou botequim e ali mesmo findavam suas bobagens e frivolidades, agora eles dispõem desses canais por demais livres e democráticos, as redes sociais. Todos agora expressam o que quer, como querem  e a hora que querem . Sem filtro, sem barreiras, sem um controle de qualidade.
Eu não quero passar por um  idiota, nem retrógrado, em desclassificar, praguejar e demonizar o mundo virtual e suas plataformas de navegação, as redes sociais e tudo quanto nossa  sociedade dispõe de mídias digitais. Seria no mínimo uma atitude ou reação de néscio e paspalhão. O que se considera de incontestável é que a internet com todos os seus aplicativos de conectividade se constitui numa invenção maravilhosa e grande legado do final do século XX. Os seus idealizados não a projetaram pensando no mal, em futilidades. Acima  de tudo, foi uma invenção que veio para adicionar comunicação confiável, cultura, informação e entretenimento.
Na função de comunicação e cultura o quanto se tornou uma  ferramenta preciosa e imprescindível na educação e formação profissional em todos os níveis de ensino. Basta reportarmos aos exemplos dos países desenvolvidos como Coréia do Sul, Noruega e Finlândia, onde já quase não se utiliza o livro físico. A tendência tem sido a alfabetização com o emprego do livro eletrônico, o e-book , da internet e as plataformas digitais. Uma qualidade dessas novas tecnologias na educação é a economia de papel, preservação da natureza (menos árvores derrubadas) e menos lixo ambiental.
Numa análise desapaixonada e isenta, o espaço virtual e todos os recursos digitais não diferem dos ambientes físicos, dos recintos sociais e vias públicas. Aqui e ali onde se davam e se dão as relações sociais, as interações e conexões pessoais. Sejam estes espaços e arenas antes e pós-internet.
Ao se trazer à baila tudo que se nos apresenta de belo e feio, de bom e mau, do virtuoso e degradante, está a se falar dos múltiplos comportamentos, das inclinações e gosto das pessoas. Tomando apenas as redes sociais como partes do mundo das pessoas, elas se tornam apenas vetores, veículos eficientes e céleres do caráter, das preferências, dos valores e cultura de seus usuários. Todas as mídias e redes socais (facebook, whatsapp, twitter) constituem em veículos os mais libertários e democráticos do planeta. Basta comparar com o rádio, o telefone fixo e a televisão. O custo de mensagens nestes veículos já os tornam inviáveis para as pessoas comuns. Todas as mídias sociais são praticamente gratuitas.
Para quem quer que seja as redes socais representam muros de exibições, praças de desfiles, outdoor de propagandas. Ferramentas empregadas para o bem ou para o mal. Através delas cada um mostra suas aptidões, suas habilidades, seus dotes morais ou culturais.
São agendas onde as pessoas apresentam o que têm. Os atributos pessoais, o patrimônio cultural ou material. Entre esses as plásticas realizadas, os tratamentos cosméticos , os implantes de silicone ou PMMA – polimetilmetacrilato-, e outras estéticas de rejuvenescimento. Até os riscos de complicações, de morte,  as consequências éticas e criminais de profissionais nada habilitados nesses procedimentos. Tudo ganha visibilidade pelas redes sociais.
Uma nova realidade tem-se tornado  visível com  o advento das ferramentas virtuais, a perda da intimidade. Foram abolidas, portanto,  a privacidade, o recato, o pudor (vergonha) e o sigilo pessoal. O usuário almoça e posta, viaja e  posta, namora e  posta, vai a praia e  posta, faz plástica e  posta, tira foto nu e  posta. Todos livres, leves e soltos.  Primeiro as Aparências, depois vem a Essência. Janeiro/2109


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