terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

FAST FOOD

UMA SOCIEDADE FAST FOOD
João Joaquim  

Estamos vivendo em uma sociedade em que as pessoas andam atoladas em ofertas e propagandas. Tem-se de tudo, desde rapé, viagra pirata até viagem para lua ou marte. Estão querendo criar vida no planeta vermelho. Múltiplas escolhas em anúncios e o sujeito não tem escolha, não tem como escapar  . O   cidadão é bombardeado o tempo todo, 24 horas por dia com toda sorte de anúncios, propaganda e apelos consumistas. Nós nos tornamos uma sociedade do consumo. Grande parte do que é oferecido tem um objetivo ou termo final, felicidade.
Nesse cenário de tantas ofertas e publicidade o cidadão não tem escolha. A não ser que ele faça como Robson Crusoé (personagem do livro de mesmo nome de Daniel Dafoe) que se isolou em uma ilha deserta. Ou como  Lemuel Gulliver em suas ilhas paradisíacas (vide as viagens de Gulliver, de Jonathan Swif). E mesmo assim a pessoa está sujeita a ser descoberta e receber a visita de vendedores os mais estrambóticos, com anúncios de produtos os mais exóticos. Palavra de honra que nesse contexto o sujeito assediado se irrita e perde as estribeiras.
Agora imagina com a chegada da telefonia móvel, das comunicações telemáticas, a saber:  a internet e redes sociais capitaneadas pelo facebook e whatsapp. As pessoas são bombardeadas ininterruptamente, diuturnamente, diária e noturnamente. Foram-se a tal da privacidade e o sossego.
Não há lugar, não há hora e circunstância. O cidadão, quer dizer o consumidor, o comedor, o bebedor, o usuário não têm escolha. Seja no recôndito de sua toilete, na mesa de almoço, no banho, no descanso de sua alcova, na missa, no velório. Não há lugar ou cerimonia a salvo. A pessoa ,a todo instante, é alarmada com os bipes, os pisca-piscas, os chamados, os silvos, os torpedos, as mensagens de SMS e notas de whatsapp. Mais do que tais alertas e comunicados, todos recebem ligações de empresas e operadoras nunca vistas, não conhecidas.  E ENTÃO ouvimos o rebarbativo bordão :”  um momento que vou estar encaminhando sua ligação pra o departamento tal” .
Foram-se as nossas liberdades e nossa privacidade. Mas, também quem manda as pessoas deixar seus passos e rastros por onde navegam nos portais da internet e nas redes sociais? Quem disse que as pessoas precisam de ficar online o tempo todo em suas mídias, em seus smartphones e tablets?
O certo e concreto é que as tecnologias da informação permitiram que governos e empresas se tornassem o nosso  grande irmão, o big brother dos cidadãos, somos monitorizados o tempo todo em nossas vidas. Nesse sentido e nesses objetivos temos como protagonistas os grandes provedores de internet. Que o atestam bem o Google, o Facebook e outras redes sociais.
O poder de vigilância e controle é tanto e  tão  eficaz que esses sites têm aplicativos e algoritmos para seguir o usuário e internauta. Como exemplo: o jovem acessou uma página desses portais para ouvir uma música do MCX. É o quanto basta! Ato contínuo, esse usuário receberá diariamente indicações e sugestões de música desse cantor. E nesse mesmo pacote de apelo inúmeros comerciais no perfil e gosto desse usuário e consumidor.
Existem um sem-número de publicidade e ofertas muito peculiares de nossa sociedade líquida. Liquidez social (teoria de Zigmunt Bauman). Tudo é muito fluído, tudo é plasmado, tudo é muito volúvel e flexível. As pessoas têm se caracterizado por elasticidade ,  liberdade e superficialidade nas relações sociais e afetivas. Nenhuma firmeza ou compromisso sério nos namoros, na vivência a dois ou mesmo nos casamentos.
 A vida conjugal não está lá essas coisas? Separa-se. Até aí tudo flexível. O pior é quando um não quer. Aí  os dois brigam e surgem as desavenças, agressões de toda ordem e até homicídio ou feminicídio. E as estatísticas policiais mostram que se trata de uma epidemia de violência recrudescente. Majoritariamente, a mulher como vítima.
Uma outra característica de nossos tempos líquidos se refere às propagandas e ofertas ao estilo “fast food” (alimento rápido). E de fato, a criação americana do alimento relâmpago se espraiou para outras áreas da vida. E tal natureza das coisas se inicia por tantas formas de preparo e indústria dos alimentos.
Tal tendência ganhou espaço e sucesso no atendimento à uma sociedade frenética, ansiosa e acelerada em todos os seus compromissos da vida. Temos fast para muitas questões sociais, entre estas, nos namoros, nas relações conjugais, nas religiões, nas amizades. Múltiplas escolhas.

Nenhum comentário:

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...