sábado, 30 de março de 2019

Comida também mata, Lentamente

                                A GULA E OUTROS PECADOS CAPITAIS

João Joaquim  
Na  religião cristã há   catalogados os sete pecados capitais.
Há uma classificação dos pecados segundo a tradição dessa lista;  os principais seriam os capitais como já citados , o original, o mortal e o venial.
Um pecado mortal é designado como aquela transgressão dos postulados divinos que leva à danação da alma; isto é, a  condenação da alma às penas do inferno. Há na literatura mundial duas obras emblemáticas nesse sentido. A Divina Comédia de Dante Alighieri;  e o personagem (protagonista) da obra e peça teatral Fausto,  de Goethe. De forma muito criativa e altamente inspiradora, esses dois autores mostram que tipo de danação e condenação podem receber as pessoas pelos pecados praticados. Fazendo aqui um adendo e um parêntese, eu fico a imaginar nos grandes pecados cometidos pela nossa elite política. Para quais círculos do inferno eles seriam enviados quando morressem ? Trata—se de um decisão muito difícil.  
Sobre a preguiça. Em muitos textos filosóficos ela é também designada por acídia ou acedia. Tem o sentido de inação, moleza, frouxidão, inércia, tristeza.
A preguiça pode ser melhor caracterizada por ausência total de iniciativa, falta de  mobilidade ou produção. É uma ociosidade absoluta, um não desejo de ação, um completo imobilismo em termos de gerar ou produzir alguma coisa. Há uma obra clássica brasileira que bem ilustra o que é a preguiça, Macunaíma, de Osvald de Andrade, editada em 1928. O protagonista da narrativa é o homônimo da obra, o Macunaíma. Além de representar o anti-herói ele é a pessoa em preguiça. “Ai que preguiça” é o seu bordão quando incitado a dizer ou fazer alguma coisa. Trata-se de um livro e linguagem de complexa compreensão mas que vale a dedicação  a sua leitura.
A ira. Quando se fala em ira temos que distinguir algumas formas. Nesse sentido até Deus, segundo as escrituras sagradas pode sofrer ira, seria a ira santa. Entre os humanos pode existir o que se denomina a ira racional e a ira raivosa, colérica, um desejo incontido e contínuo de vingança. Nos dois casos, imagina um governante ou chefe que praticou algum crime político, alguma improbidade administrativa, algum assédio moral ou sexual.  
Agora imaginemos no segundo caso, da ira,  ou raiva colérica. Muitos vezes, o indivíduo ante uma pequena ofensa ou distrato, desenvolve uma ira vingativa contra o detrator. Esse exagero irado, sim, se torna um pecado capital.
A avareza — Tal pecado é também inqualificável. Refere-se ao excessivo e sujo apego aos bens matérias comprados pelo dinheiro. É a falta de generosidade, de compaixão, de se sensibilizar com qualquer opressão, necessidade e sofrimento do outro.
A luxúria ou lascívia não passa de um intenso gosto e a prática do desejo carnal, é a devassidão, a corrupção do ser humano ao ser dominado pelos seus instintos físicos, é prazer carnal e pura concupiscência( ops, a palavra em si já é feia).
O orgulho é outro pecado que pode de fato ser considerado um vício e defeito de caráter. Porque neste caso não passa de um sentimento de arrogância, de sentir exaltado e excelente por uma característica ou posse pessoal. Mas, pode também ser uma valor moralmente positivo quando decorre de algum feito ou consideração recebida de outra pessoa ou entidade.
À  luz da cultura e dos tempos de hoje, pode-se considerar a inveja em “santa inveja”, quando se busca repetir, mimetizar ou reproduzir um feito ou fato benfazejo. Pode ser em proveito próprio ou da sociedade. E tem-se a inveja maligna ou raivosa. Trata-se de um sentimento de raiva ou tristeza pelo bem ou felicidade do outro. Esta inveja pode gerar até ataque ou ofensas a outro por isso.
Por último a gula. Reporta-se ao excesso no ato de alimentar. Trata-se de um pecado que vem dominando o comportamento da humanidade.
O prazer ou pecado da gula tem gerado a grave pandemia da obesidade. Porque além da deformação anatômica ela traz um espectro gravíssimo de outras doenças como hipertensão arterial, diabetes, câncer e morte cardiovascular.
As pessoas não têm mais os alimentos como nutrição, mas como um prazer orgástico. Com isto eu fecho a matéria: diz-me o que come e o quanto come  e eu  lhe direi quando e de que vai morrer. Além da danação da alma pelo pecado capital. Março /2019

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