sábado, 29 de junho de 2019

Filho mimado = cidadão idiota

PROTEGER E MIMAR DEMAIS UM FILHO É TORNÁ-LO UM CIDADÃO INÚTIL
JOAO JOAQUIM

 Um erro grosseiro e repetido que vejo nas relações pais/filhos é a excessiva proteção que muitas famílias dão aos filhos. Não que eles dispensem tal guarida. A criança indefesa nasce e por muitos anos precisará de acolhimento, vigilância, monitorização contínua educação.
Talvez esse é o maior dos cuidados, educação. Como criança não mimada que fui posso de carteirinha falar. Aos 14 anos de idade fui lançado aos reveses da vida e a todos venci. Sou o que se pode chamar de um sobrevivente dos desafios da vida. Com ousadia, galhardia e muita alegria.
Nessa denominada modernidade líquida, onde tudo é volátil, descartável e fluido temos assistido ao surgimento de uma geração de jovens frágeis, dependentes, ociosos, improdutivos e irresolutos. Muitos desses filhos demoram muito a atingir a sua autonomia civil e financeira porque foram assim criados, educados e nem um pouco exigidos em termos de responsabilidade, trabalho doméstico ou remunerado e compartilhamento de tarefas.
Numa audição e olhar mais atento são muitos os erros que os pais e famílias empregam no trato com os filhos. Nesse sentido basta tomar alguns clichês ou expressão de ordem que certos pais se referem aos  seus erados filhos( já criados e adultos). “Meu filho(a) é muito inteligente, só tira nota boa”. Tal concepção e conclusão soa ilógica, sem nenhuma base científica. Quando é que copiar as matérias da lousa ou data show, estudar os deveres de casa e receber notas altas vão traduzir em alto quociente de inteligência? Ou seja, os pais e filhos vão se sustendo nesse autoengano. Não que seja erro fazer elogios comedidos aos filhos  pelo desempenho deles nas obrigações escolares. Mas, que eles sejam informados e conscientizados, de que notas elogiosas nada mais são  do que o resultado de esforço, obediência e dedicação ; e nenhuma aferição de prodígio ou genialidade.
Nos meus muitos contatos e diálogos que tenho com parentes, contraparentes, aderentes e amigos não é incomum ouvir certas pérolas das famílias relativas aos filhos e jovens daquele grupo. Tais são as expressões nesse sentido: “Fulano (a) é muito inteligente, tem um raciocínio rápido, muita cultura, fala bem”, etc. E aí muitas vezes é inadiável a pergunta: e o que o fulano (a) está fazendo hoje? Natural, nossa curiosidade, já que se trata de um indivíduo genial e diferenciado.
E eis que vem a resposta quase numa saia justa. Não, o fulano está à espera de alguma oportunidade, o emprego está muito difícil ou então essa outra: está estudando para concurso. Ele já fez uns 10 testes de capacitação para algum trabalho, mas ainda não chegou a sua vez. Curioso, não é? Visto tratar-se de um sujeito que foi sempre genial em suas obrigações escolares. Ao menos, o sujeito se torna um expert (expertise) em concursos de emprego. E aí poder-se-ia cravar uma outra pergunta embaraçosa: se genial porque não se tornar um empreendedor, um trabalhador autônomo? Já que não passa em nenhum concurso de emprego e é inteligente e genial .
Uns meses desses falava com um parente e aderente sobre um jovem da família. Esse exemplo é bastante ilustrativo e robusto na tese da nocividade e desconstrução da pessoa humana, quando ela em fase educável e de formação é revestida de mimos, privilégios, direitos e excessiva proteção. Minha inquirição sobre esse saudável, robusto e mais que isto: tido e havido como inteligente, de raciocínio lógico diferenciado e aluno de destaque no ensino médio e faculdade.
Esse mesmo parente, numa reação de muito protetor, discorreu ainda mais sobre os atributos e virtudes do guapo e inteligente moço”.
Além do mais ele não faz nada de ruim. Ele não bebe, não fuma, não usa drogas e tem até uma ótima namorada”.
A quem eu repliquei: nada de ruim ele pratica. Ponto pacífico. E de bom o que ele faz? Nada. Será que não praticar o mal é alguma virtude extra?
Esse é um exemplo dos jovens da era virtual, da internet e da modernidade líquida, conforme teoria de Zigmunt Bauman. Uma geração intitulada nem nem. Alguns subgrupos trezes vezes nem. Não trabalham, não estudam e alguns nem interesse têm nessas ocupações. Que futuro têm essas pessoas, hein !

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