sábado, 29 de junho de 2019

Tragédias

Somos marcados por tragédias
João Joaquim  
Quem gosta de literatura grega, vai se deparar com o gênero da tragédia. São enredos que envolvem deuses, heróis, demiurgos, e um final de arrepiar. Três são os autores desse estilo de maior destaque: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Podemos ainda citar Aristóteles que discorreu sobre o estilo de criação. Curiosamente a palavra vem de “tragos e odes e significa  bode e música. A explicação se deve a que o deus das festas e do vinho, baco (dionisio  romano) se aliava a sátiro. Este era um semideus das orgias sexuais e que tinha chifres e pernas de bode. Curiosa essa origem do termo. Fica a sensação que muitas dessas orgias, sexo e muito vinho poderiam ter um resultado funesto (trágico).
A menção da origem do verbete é somente uma referência de suas origens e crédito a cultura grega que tanta influência traz  para toda a humanidade ,em todos os ramos do conhecimento. Diante dessa reminiscência pus-me aqui a pensar em nossas tragédias brasileiras.
São muitas formas a  discorrer sobre toda a nossa história. Podem algumas ser revisitadas porque está na memória da maioria dos brasileiros pensantes. Tipo por exemplo o ritual de nossa independência, ano de 1822. Que não tenha sido às margens serenas do ribeiro Ipiranga, nem que tenha sido proferido o brado independência ou morte. É  notório que ao final foi uma epopeia de resultados muito positivos para o país, mas que tiveram muitos lances e embates trágicos, isto é fato.
Nenhum estadista, rei ou imperador vai conquistar a liberdade de um povo sem sangue. E as revoluções, revoltas e tantas sublevações internas que houve no país ? Quantas foram as pessoas que morreram nessas rebeliões? Milhares.
As revoltas populares contra a coroa portuguesa que cobrava 20% sobre a extração de ouro, prata e diamante em solo brasileiro. Revoltas essas que levaram o nome de conjuração ou inconfidência. A mais famosa foi a mineira, cujo principal herói foi Tiradentes. Muitos inconfidentes foram presos, outros desterrados, outros torturados, mortos e decapitados como o próprio Tiradentes.
E temos ali outro exemplo de tragédia que trouxe um benefício ao povo brasileiro. Quando se fala em tragédia com participação do Estado não podemos esquecer a guerra do Brasil x Paraguai. Percentualmente pode ser considerada uma das maiores tragédias da história mundial. Na verdade foi um autêntico genocídio. Metade  daquela população foi morta durante a guerra (1860-66). Foram assim mencionadas algumas grandes tragédias com participação direta do Estado.
Focando  para o contexto brasileiro. Muitas outras grandes e pequenas tragédias permeiam a nossa gente, a nossa sociedade. Com esse mote ou glosa faço o termo do presente artigo citando exemplos do que tem sido as tragédias na saúde pública, na educação, na segurança das pessoas no seu sagrado direito de ir e vir. As tragédias do analfabetismo, do desemprego, da fome e da insegurança alimentar.
Todas essas tragédias advêm de outra maior, a da política brasileira. A política, ciência e arte de administrar a(s) coisa(s) pública(s), daí república (res=coisa, pública), em se tratando de Brasil se transformou num sistema de negociatas, corrilhos, troca de favores pessoais e corrupção. Tudo entre aqueles que foram eleitos por esperançosos eleitores em viver num país mais justo, mais solidário, mais igualitário e menos trágico.  Junho/2019. 

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