segunda-feira, 29 de julho de 2019

Falas e Enganos

MUITA COMUNICAÇÃO E EXCESSO DE ENGANAÇÃO
João Joaquim  

Vivemos uma época do império das comunicações. Nunca na história da humanidade a publicidade (comunicação) teve tanto relevo, tanta influência nas decisões das pessoas e da sociedade. A começar pelo sistema capitalista e consumista: e no seu caudal todos os sistemas de relações humanas, comércio, empresas, indústrias, órgãos públicos e privados; todos, indistintamente, têm na publicidade a sua força motriz de sucesso, lucro e sobrevivência. Diversas são as estratégias e expedientes empregados nas comunicações. Entre esses métodos têm-se o fenômeno psíquico da sugestão (sugestionabilidade), o poder de convencimento e da persuasão.
Em psicologia a sugestão é um fenômeno que se refere à influência que um indivíduo, uma mensagem ou entidade interfere ou determina a decisão de outra pessoa. Ela pode se dar de forma muita ostensiva, num ritmo paulatino ou mesmo subliminarmente. Vários fatores vão marcar a susceptibilidade do receptor da sugestão: a maturidade etária, as crianças são muito sugestionáveis , o nível e tipo cultural da pessoa, sua saúde psíquica, sua higidez emocional, entre outros fatores desse receptor.
A sugestão é objeto de estudos de vários ramos das ciências da saúde humana, da psicologia, da neurociência, da psicanálise. Na própria psiquiatria tem-se o processo da sugestão hipnótica. Referida técnica pode ser empregada não só no diagnóstico de doenças mentais como também em técnicas de polícia científica para investigação criminal. A sugestão está presente no processo terapêutico da hipnoterapia.
O convencimento que também se confunde com a persuasão constitui em outro poderoso expediente da comunicação e publicidade. Para consubstanciar esta sumária digressão sobre o poder da sugestão e da persuasão na vida, na saúde e bem estar psíquico de uma pessoa ou de uma sociedade enumeremos situações práticas de nosso cotidiano. Muitos outros termos entram no cardápio da sugestão.
Têm-se assim o “merchandising”, o “marketing”, a mercancia, a propaganda, com os recursos de áudios, vídeos, imagens ,etc.
Na atividade política. Indistintamente, todo profissional dessa área se vale sobejamente do processo de convencimento, persuasão;  enfim do mecanismo ideológico da sugestão para ter a adesão, a simpatia e aceitação de sua chamada plataforma de governo. É comum o todo candidato a cargo eletivo que com promessas solenes, em campanhas eleitorais, anuncia realizações futuras utópicas ou não factíveis, dadas as condições sociais, legais e políticas em que virá a atuar. A maioria dos eleitos(governantes) não cumpre sequer metade do prometido.
E já arredondando a matéria, três outros exemplos merecem honrosa menção nos quesitos sugestão, engano e falsidade ideológica. A propaganda do consumo, as pregações religiosas e os programas televisivos. Na área de consumo nada supera os produtos de saúde e beleza. Eles são os campeões em mentira, charlatanismo e engano. Graças ao poder da sugestão.
As igrejas evangélicas neopentecostais se transformaram na mercancia da fé. Vivemos sob o império da teologia da prosperidade. Os comunicadores da fé (pastores, bispos etc) prometem (como mediadores) o paraíso para a pessoa. Mas, tem um preço; funciona como uma compra de indulgências, ao estilo da época do santo ofício, quando se comprava a peso de outro o perdão dos pecados e uma cadeira cativa no céu.
Por último os programas de televisão. Como bons representantes as mesas redondas e transmissões esportivas. Os animadores e locutores de futebol trazem para os telespectadores e torcedores a mensagem de que os atletas são os heróis de chuteira. Não importa se muitos deles respondem a crimes financeiros, participam de esquemas de suborno ou corrupção para obtenção de resultados ou até respondem a processos por acusação de estupro. São os poderosos efeitos da persuasão, da falsidade ideológica e da sugestão. E a maioria das pessoas em tudo acredita. Eu também acreditava em muita coisa, hoje não mais. Zapeando por alguns programas de esportes e debates , me sinto um lídimo idiota com tantas platitudes, superficialidades e abobrinhas. Mas, existe uma audiência cativa, por isso eles prosperam.    Julho/2019.

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