segunda-feira, 29 de julho de 2019

hipócritas e míticos

VIVEMOS NO REINO DA  HIPOCRISIA E  DAS MENTIRAS
João Joaquim

Quando lemos a nossa constituição federal (CF -1988), fica a parecer um conjunto de normas e regras de ficção cientifica. Tal sensação assim se nos revela porque uma questão posta é o que lá está consignada, outra questão é a materialização daqueles direitos. Para tanto basta fazer uma análise do artigo 5º, onde se trata das garantias dos direitos fundamentais. A começar pela dicção de que todos são iguais perante a lei. Quanta mentira, quanta ironia, quanta hipocrisia. Como um dia discursou o ex senador e jurista Rui Barbosa :  “O reino da mentira- mentira na terra, no ar, até no céu. Mentira nas mensagens. Mentira nos relatórios. Mentira nos inquéritos. Mentira nas garantias. O monopólio da mentira” (discurso do próprio Rui, como candidato a presidente-1919).

Quando se fala em garantia de direitos fundamentais basta ter em conta três direitos básicos de qualquer cidadão: saúde, educação, segurança pública. Só de começo, se o indivíduo precisar de um socorro médico célere, ético e eficaz pelo SUS ele tem grande risco de morte. Para se ter uma educação de qualidade para os filhos poucas são as escolas que oferecem um ensino de ponta; os pais que  desejar uma educação digna vão arcar com o alto custo de uma escola privada.
 E a segurança pública?  Tanto como pedestre ou dirigindo o próprio carro o cidadão tem alto risco de assalto e ainda ter o veículo roubado e ser assassinado.
Em se tratando de saúde pública e direitos à assistência médica. Essa área posso literalmente falar de carteirinha porque trabalho nela  por mais de 30 anos em um hospital público e sofro na pele o que passa um paciente SUS.

Vamos tomar Goiânia como modelo de  alguns hospitais públicos  . Comparada com outras grandes cidades possui uma infra-estruta de saúde razoável. Tomando os seus quatro grandes hospitais SUS  -Hugo, Hugol, Hospital das Clínicas-UFG, Santa Casa. Esses hospitais têm estrutura melhor do que muitos hospitais privados. Um corpo clínico e recursos diagnósticos e de assistência altamente capacitados e eficazes. Mas, aí vem a grande questão, o acesso a esses serviços , notadamente quando for uma demanda seletiva, não de urgência. E, as vezes, mesmo numa emergência o paciente morre e fica com sequelas pela demora no atendimento.
Basta tomar os casos de uma assistência médica não urgente, mas necessária. Consultas em pediatria, em ginecologia e obstetrícia e cirurgia geral. Quantas pessoas (crianças, gestantes, idosos) necessitam dessa modalidade assistencial e não conseguem ? 

São milhares na fila de espera.
Uma outra grave questão enfrentada pelos usuários do sistema (SUS) refere-se à antipática e repelente burocracia (burrocracia). São as chamadas jabuticabas ou idiossincrasias brasileiras.
Nesse sentido eu concluo relatando um feito de minha lavra.
Dia desses, um senhor de 70 anos me procurou porque não conseguia atendimento pelo SUS. Graciosamente o atendi. Não era uma situação de urgência, mas alguns exames eram necessários para mais clareza no  diagnóstico. E assim fiz os pedidos (exames triviais). Ato continuo, eu o orientei que fosse a algum CAIS para autorizar o procedimento.
E qual não foi a surpresa ?  No cais procurado,o paciente obteve a negativa da autorização dos pedidos, com a justificativa de que os exames não tinham sido solicitados por alguma unidade de saúde pública. Enfim porque o usuário não estava regulado no sistema SUS.

Só não é hilário porque a situação soa trágica, ter que conviver com jabuticabas e pérolas dessas em nosso país, chega a nos ameaçar perder as esperanças que um dia possa melhorar, porque é esperar demais por coisas muito simples.  Junho/2019.

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