segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Comer e não morrer

O ALIMENTO QUE NUTRE E MATA
JOÃO JOAQUIM  
A definição de alimento pode não ser poética ou literária, mas qualquer pessoa sabe o que é. Entre outros sentidos pode se referir a toda substância que introduzida no organismo via oral ou parenteral( soros) vai nutrir e fortalecer o organismo, seja animal inferior ou humano.
Interessante e curioso é como o alimento que primitivamente tinha como única finalidade nutrir e energizar o organismo humano adquiriu outras finalidades: o prazer, o gozo e entretenimento. Exatamente isso: gozo e prazer. E para tanto, os alimentos se tornaram um enorme negócio, além de  lucrativo, altamente disputado. As indústrias e o comércio de alimentos, de forma muito criativa e estratégica exploram habilmente esse comportamento humano. A busca frenética e obsessiva pelo gozo e prazer . Acabou a finalidade primitiva da comida e da bebida, aquela de essencialmente promover a saúde, fornecer energia e preservar a vida. Alimentos são cenários de gozo, farra e prazer. 
Quando revisitamos a evolução da espécie humana constatamos o quanto era penosa, árdua e arriscada a sobrevivência. Porque as fontes de alimentos protêicos (carnes) eram disputadas com outros animais selvagens. De caçador, muitas vezes, o homem mudava de lado e virava a caça e refeição para outros bichos. O vegetarismo e veganismo ainda não estavam em moda. Tudo era primitivo, não se tinha o processamento de comida.  Mas, a história hoje é outra, demos um enorme salto em tudo. Sociedade, civilização (civilização?), cultura, ciências e tecnologia.
Vivemos na chamada hipermodernidade, ou conforme o pensador Zigmunt Bauman, estamos mergulhados na modernidade líquida. Ela se caracteriza por uma sociedade cada vez mais plástica, fluida e solúvel. Nada pode ser tão duradouro, inclusive as relações sociais, os valores sociais, tecnológicos. Os alimentos seguem o mesmo mantra. Tudo é mutável .
As indústrias e o comércio de alimentos constituem atividades econômicas que faturam bilhões de dólares com os seus produtos. E todos buscando aliciar e conquistar a ponta final dessa cadeia, o consumidor e comedor. Todas as estratégias, o marketing mais aliciador e persuasivo têm sido dirigidos às pessoas com os apelos para que elas comprem e degustem tais e quais alimentos. O que são vistos nesses chamamentos não são as recomendações e qualitativos nutricionais. Mas, acima de qualquer apelo, o indicativo de prazer, gozo, satisfação do instinto gustativo e entretenimento. São apelos com um sentido claro para a felicidade. É como se nas orgias gastronômicas e libações etílicas estivessem todos os lenitivos e calmantes dos transtornos emocionais, das ânsias, das dores físicas e da alma. Comer muito e bem se tornou orgástico( báquico ou dionisíaco) .
Ao se tratar da relação do alimento com a saúde, algumas considerações devem ser feitas. Às luz dos conhecimentos das ciências médicas como a nutrição, a cardiologia e metabologia (endocrinologia) sabe-se hoje que os alimentos passaram a constituir em causas de graves doenças. Em doenças que são as principais causas de morte no mundo. Notadamente as enfermidades degenerativas (câncer, aterosclerose), metabólicas (diabetes, dislipidemias), nos variados graus de obesidade, em hipertensão arterial, no infarto do miocárdio, nos acidentes vasculares cerebrais (AVC), etc.
Enfim, o alimento a pretexto de ainda guardar sua principal finalidade que é a nutrição e energia para o organismo ganhou a finalidade do gozo, do prazer, do entretenimento como um lenimento para as angústias e melancolia da alma. Uma outra relação , às vezes, fatal do alimento com a saúde humana tem sido as infecções alimentares (bactérias salmonelas, shigella, clostridium). A forma de preparo, o consumo de alimentos já deteriorados, a contaminação pelas mãos de quem o manuseia (coliformes fecais) têm sido os fatores maiores nessas graves infecções digestivas (gastroenterites), septicemias, choque séptico e morte rápida. As mãos contaminadas são perigosas.
Em poucos termos, o alimento deixou seu papel de agente nutricional para se tornar em um  causador de doenças graves(metabólicas e cardiovasculares), que atua de forma letal, que mata de repente(infecções intestinais), ou de foram sorrateira e lenta( metabólicas, degenerativas e cardiovasculares). outubro/2019 .

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