segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Elixir anti-maturidade

A GERAÇÃO DOS ETERNOS ADOLESCENTES
João Joaquim  
Uma constatação intrigante e curiosa dos chamados tempos pós-modernos é como tem sido a criação dos filhos. Peço atenção a essa expressão, essa definição:  criação (dos filhos) . O que nos revela e significa o termo criação? Basta fazer um paralelo ou comparação com uma obra artística. Uma pintura, uma música clássica, uma poesia. Criar, que aliás deveria ser crear(creação), é um ato de produzir um objeto belo, bom, estético e de grande encantamento ou utilidade a partir de uma matéria bruta  ou substância informe, rudimentar ou até do nada, no sentido abstrato, como no exemplo da poesia, da música.
Assim deveria dar-se o ato ou decisão na criação de um filho ainda criança (ser em formação). Basta imaginar que ao nascer toda “criança” é um ser absolutamente incapaz até para a própria sobrevivência. Um recém-nascido, um infante se revela tão somente como um ser vegetativo que chora de fome, de sede, de frio, de calor e excreta sem controle, porque não tem domínio, sequer de seus esfíncteres. Nós humanos somos a única espécie animal que não prescinde de cuidados a vida inteira, praticamente. Por isso temos a característica de animais sociais e gregários.
Desde que o mundo é povoado pelo homem, esse mesmo homem sempre teve a noção de que gerar um filho se subdivide na sua gestação, no seu crescimento (tornar adulto), na sua criação e mais importante:  na sua educação. CRIAÇÃO E EDUCAÇÃO, em letras capitais pela sua importância. Criação e educação são processos siameses, não tem como um se fazer sem o outro, eles se fundem e se confundem. E disse-se acima que o homem sempre teve ou tinha plena ciência e esse dever quando esse mesmo homem se delibera em ser pai ou mãe (responsabilidade compartilhada).
Os avanços das ciências, a conquista de prerrogativas sociais, a implantação do instituto dos direitos humanos para todos os humanos, incondicionalmente; todas essas evoluções mudaram os sentimentos dos pais, das mães, das famílias, das próprias escolas e educadores quanto às questões do obrigado-dever, mais que um livre-direito na criação e educação dos filhos.
Os filhos nascidos ali, ainda nos primórdios da internet, anos 1990, vêm sendo “criados e educados” sob a égide e o pálio (abrigo) dos direitos humanos. Tudo pode, nada é proibido. É proibido constranger, corrigir, limitar a impulsividade e incivilidade dos filhos, dos alunos, aprendizes e educandos.
Os classificados adolescentes e jovens millennials (nascidos pós 2000 , geração Y) adquiriram o direito e gozo a uma eterna adolescência. Eles seguem, mercê de seus pais e novas tendências de uma nova pedagogia, uma criação com nula ou pífia educação, sem nenhuma lição de responsabilidade; todos os adolescentes e jovens  ao estilo da criação e maturação de qualquer outro animal.
Essa constatação e estilo de vida  se verificam porque são moços e moças com direito a tudo, inclusive de não ouvir o antigo e desusado não. Tudo pode, é proibido limites. Por isso são crescidos e criados incapazes para tudo. São os portadores de necessidades triviais: eles necessitam de  cama, comida, transporte, prazer e futilidades digitais. Todos eternos infantes e adolescentes. Quão triste, não?  Outubro/2019. 

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