sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Contra-cultura

 NOSSAS ANTI-ESCOLAS PÚBLICAS
João Joaquim  
Quando se fala em escola ou ensino público, qualquer pessoa, não importa o seu grau de instrução, sabe de cor e debulhado. Ensino público é aquele a que todos têm direito. E aí vem a incoerência, nem todos estão incluídos no todo. Não há vagas para todos. Em se tratando de ensino superior então, nem se fala. Quantos jovens  têm acesso? A maioria se constitui de pessoas ricas e abastadas porque pagam cursinhos treineiros e adestradores para passar no ENEM ou vestibulares. Apesar das cotas, há muita gente rica nas universidades públicas.
Muito curioso e intrigante é quando se faz um escrutínio, uma análise da qualidade do que é apreendido e aprendido pelos nossos alunos e educadores. Não que o que é ensinado seja ruim ou sofrível. Basta ver as pautas das escolas, das universidades. Mas, eis que pode até surgir uma impactante pergunta : e como os alunos são aprovados? Para isto basta lembrar que ser aprovado ao final de cada semestre e ano exige-se apenas uma nota mínima, 50% ou nota 5(de 0-10).
E aqui vem o que soa depressivo ou horrível. Um aluno que não consegue uma nota 5, daquele conteúdo básico que é ensinado, reiterado e reverberado em sua cabeça o tempo todo, deve ter outras razões, interferências e desvios para ser tão deficitário, como o demonstram seu boletim e notas de aprendizado.
E, assim, eu dou vazão ao tema maior deste artigo: interferências e desvios na formação cultural, escolar e profissional das crianças, adolescentes e jovens. Quando se fala em cultura, formação técnica e até mesmo em ética e cidadania, temos as crianças e jovens como foco e preocupação.
Em se tratando de ensino público, temos hoje no Brasil duas referências de aprendizagem, públicas de fato porque todos, literalmente todos, têm acesso irrestritamente, diuturnamente. Todo conteúdo grátis .  A inscrição é fácil e de acesso imediato. O conteúdo de aprendizagem atende ao estilo, gosto e preferência de todos. Mas, que escolas são essas? Indagam logo os leitores.
Alguns já deduziram e é isto mesmo: as redes de televisão e as redes sociais. Nome até sugestivo, rede. Aos poucos, os alunos desses ensinos vão sendo enredados. E aqui vêm as razões porque de nas escolas oficiais irem tão mal e tudo saber do que se passa nas redes sociais.
A principal pauta ou grade de exibição da TV brasileira se resume aos reality shows e big brother. O que se assiste nesses e outros programas de auditório, usando aqui um idioleto do submundo cultural são apenas patifarias, putaria (“amor e sexo”), abobrinhas e platitudes de complexidade infanto-juvenil, enfim, são frivolidades e inutilidades públicas.
O segundo ensino público, expressão máxima do febeapá-festival de besteiras que assola o país chama-se internet. Suas afiliadas são as redes sociais tipo face, whatsApp e YouTube. Com essas duas formas de ensino público, que todos têm no controle remoto e nas pontas dos dedos, os quesitos ou padrão cultural dos jovens desandaram. De forma incontestável pode-se cravar que evoluímos sobremaneira nas ciências, nas tecnologias da informação, nos recursos e dispositivos digitais. Todavia, desandamos, estamos de marcha à ré em questões de escolaridade, de formação cultural, em ética e cidadania. Tudo isto explicado pelas interferências e desvios de outro ensino público. Gratuito e acessível a todas as crianças e jovens. As redes de televisão, e as redes sociais. E nesse ponto não há volta, avante as futilidades e baixarias da TV e da internet. Novembro/2019. 

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