quinta-feira, 28 de maio de 2020

Hospiciocracia

O BRASIL se transformou em uma nau dos insensatos

Joao Joaquim

Cada crise que se abate sobre um país, além dos profundos impactos negativos que traz às pessoas, à paz social e à economia revela outras questões positivas ou negativas. A bola , ou melhor as crises da vez são  a da pandemia da covid 19 e a crise da governança.
A minha implicância já começa pelo nome da coisa. Numa tradução livre covid significa doença do novo coronavírus, iniciada em fins de 2019, na cidade de Wuhan – China . Por que não coronavirose ? Seria de mais fácil entendimento.
Uma pandemia como essa  mostra por exemplo a quantas anda o nosso grau de desenvolvimento, de pobreza, de analfabetismo, de desemprego, de trabalhadores informais. Basta ver quantas pessoas estão necessitando do auxilio emergencial, oferecido pelo governo federal, de R$ 600,00. Uma crise como tal revela ainda outros atributos de nossas pessoas: o grau de civilidade, de cooperação, de higiene, o quanto elas gostam de lavar as pessoas quando vão ao banheiro, ao mictório , o nosso IDH, o que posta a Pisa, o Ideb,  a prova Brasil,  etc.
No caso do Brasil, a covid 19, está mostrando também o quanto as estatísticas oficiais podem ser tendenciosas, com vieses a favor do governo reinante;  basta manipulá-la de acordo com os interesses de quem está no Poder.   Com a crise da covid 19, o Brasil está sendo passado a limpo, desnudado, desvelado em suas mazelas, nas misérias de toda ordem, e o mais aterrador, o quanto inepto e inapto é cada presidente no poder.
Uma crise como qualquer doença sistêmica( epidemia, pandemia) serve para mostrar o quanto apto ou inapto é um governante em atuar e superar os grandes imprevistos e tragédias que assolam um povo, suas infraestruturas de saúde, suas finanças, as organizações estatais e o socorro e assistência a quem se encontra em vários riscos : alimentação , moradia, transporte, segurança, saúde, etc. 
No caso da disseminação  de infectados e mortos pelo novo coronavírus , várias são as nações que anteciparam nas medidas preventivas , no isolamento social, no confinamento das pessoas; e muitos países  vêm dando lição ao resto do mundo ou como agir sob as diretrizes e postulados das Ciências e das autoridades sanitárias. São exemplos nesse sentido a Coreia do Sul, a Finlândia  , a Islândia  , a Noruega e até o Vietname do Norte, esse país comunista e ditatorial do sul da Ásia .
A melhora nos índices de infectados e mortos revela outras características ou  atributos dessas populações :  o grau de desenvolvimento, o nível de civilidade, o  grau de esclarecimento, de cooperação e engajamento das pessoas  que, nesse momento,  se tornam decisivos na obtenção dos resultados alcançados. Compare-se agora esses dados com o Brasil.
Nosso país parece padecer de má sorte. Ou seja, caiporismo, urucubaca, azar. Muitos diriam que aqui funciona e prevalece a lei ou regra do Sr. Murphy. Trata-se daquele  princípio que assevera : quando alguma coisa tem de  dar errado, cuidado!  Isto  porque ela pode ocorrer da pior forma possível. Basta lembrar do calo no pé ou da unha encravada, alguém sempre, entre muitas unhas ,  vai pisar na sua. Ou na expressão do pessimista: é assim mesmo depois piora.
A dinâmica do país aqui continua ruim por causa de nossos governantes. Parece mesmo uma sina rara de imprecações lançada e pegada nos rumos da nação e para danação geral do povo brasileiro.
Sai um governo militar, vem um fanfarrão chamado José Sarney. Entra um caçador de marajás e se envolve com corrupção e sofre impeachment ; foi o caso de ex presidente Collor de Melo. Tivemos uma trégua com Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Vieram dois presidentes de esquerda : Lula da Silva, novamente envolvido com corrupção e condenado a prisão. Dilma Rousseff, afastada via impeachment. Pequena trégua com Michel Temer ? Que nada, o homem também foi  processado por corrupção e aguarda julgamento em liberdade.
Eis que surge um como que salvador da pátria Jair (Messias) Bolsonaro e com tantas ingerências, prepotências, teimosias, insolência, encontramo-nos à beira de um abismo frente a pandemia do coronavírus. Somado a esta tragédia, vieram de roldão a crise econômica, a crise política, as operações da Policia Federal envolvendo gestores da saúde na compra de equipamentos médicos e hospitais de campanha.
O atual quadro sanitário, social, político e econômico, que piora a cada dia me traz à memória a obra a nau dos insensatos (de 1495) , do alemão Sebastian Brant.  Trata-se de um um poema satírico, com críticas corrosivas às instituições da época como Igreja Católica, universidades, Justiça e pessoas em geral, nos seus costumes, na vida frívola e ociosa de então.  Muita semelhança com o Brasil de agora. 
Assim, está o Brasil, à deriva e à beira de um colapso de governabilidade, de credibilidade, de segurança; e  na esperança de uma solução a curto ou médio prazo. Ninguém entende ninguém , em se tratando de governantes, de gestores da república( res publica, coisa pública), dos poderes constituídos para dirigir e tocar os expedientes do País. Estamos como em um navio de loucos, ninguém sabe para onde vamos.

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