quinta-feira, 29 de outubro de 2020

10conexo

 

DESCONEXO COMO AMOR SEM SEXO

João Joaquim  


EU tenho certeza, para quem é mais velho, que deve se lembrar dos tempos da ditadura e da turma do Pasquim. ELE, o Pasquim, foi um tabloide onde trabalhavam Ziraldo, Jaguar, Millôr, Sérgio Porto, etc.  Gosto muito de lembrar da mesma época do samba do crioulo doido, de autoria de Sérgio Porto. Composição satírica contra a censura, que exigia só fatos históricos nas letras musicais.

 No seu enredo, samba do crioulo doido,  a canção descreve como Chica da Silva obrigou a Princesa Leopoldina a se casar com Tiradentes, e este depois eleito como Pedro Segundo, quando procurou o padre José de Anchieta e, juntos, Anchieta e D. Pedro, proclamaram a escravidão -  vejam essas pérolas , dentre outros disparates que reúnem num contexto personalidades de épocas e lugares distintos, em condições absurdas, desconexas e muito engraçadas.

Olhando o cenário político de hoje, no mundo e no Brasil, tudo parece mesmo desconjuntado, desconexo;  e ganha sentido até o famoso e muito audível programa, o tal do amor & sexo, da Rede globo. Programa erótico de luxo, que só não é um lixo, porque reúne famosos, homens garbosos e mulheres beldades, contratadas que são  desses muitos canais televisivos de alta audiência. E lá estão porque os salários auferidos por tais baixarias de luxo fazem toda diferença. Trata-se , nesse tipo de expediente, do princípio da venalidade. Como dizia Nelson Rodrigues, dinheiro compra até amor verdadeiro.

As coisas e fatos nas diferentes esferas da vida brasileira, mais parecem, de fato um samba sem pé e sem cabeça, pois tudo anda mesmo de ponta cabeça. Olha por exemplo nossa realidade do ministério da Saúde. A começar, deveria se chamar ministério da doença, porque, trata-se de um órgão de Estado que só administra doenças. E mal.  E não dão conta nem de implementar medidas eficazes de higiene e alimentação adequada para as pessoas. Tanto é verdade que, nesta pandemia do novo coronavírus, o nosso glorioso IBGE fez uma estatística dos esfomeados, dos famélicos e desnutridos do Brasil. No decorrer da pandemia, e pode até piorar, calcula-se que 15 milhões de brasileiros se encontram em insegurança alimentar, com carência dos itens mais básicos para uma dieta  correta.

Mais esta. Imaginem a saúde, ou a doença sendo administrada por quem sequer fez curso de auxiliar de enfermagem ou técnico em saúde pública. Seria como se para o comandante das forças armadas, nomear um civil, que nunca sequer soube manusear um estilingue ou uma espingarda de chumbo. Mesma coisa, nos tempos de hoje, convocar um barbeiro para operar um doente de apendicite. Imaginem isso! Qual a chance de dar errado? Uns 100%, com chances de outros agravos.

Agora só mais essa. As queimadas do pantanal e do amazonas, serem provocadas pelos indígenas ou os ribeirinhos, pessoas que vivem daquele ambiente natural. Ou essa outra, um  senador tal, homiziado de suas falcatruas e ilicitudes, não comparecer a uma audiência porque recuperou há dias de uma diarreia ou faringite viral. Imaginem! – só isso. Samba do crioulo doido na quintessência.

O Brasil ser governado por uma presidente e sua claque, sua trupe de auxiliares que negam tudo, que dizem patacoadas daqui, dali, e com a cara mais deslavada do mundo. É o princípio de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, do holocausto, que afirmou: se uma mentira é dita 100 vezes, ela se torna verdade. Assim, vem expressando, vem comportando nossos mandatários, que dizem tanta platitude, tantas abobrinhas, tantas sandices, que bem lembram histórias ao estilo minhoca, sem pé e sem cabeça, mas que daqui a pouco entram na cabeça das pessoas como um fato real, sólido e verdadeiro. Basta olhar o ibope, a avaliação dessas pessoas, que se recandidatam e ganham de novo. Samba doideira pura.

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