quinta-feira, 29 de outubro de 2020

PALAVRAS perigosas

 

OS CUIDADOS COM AS PÁS QUE LAVRAM (1)

João Joaquim  

 

Com efeito ao declarar que "O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático", o ministro da Fazenda e Economia Paulo Guedes foi processado por ofensas aos servidores públicos em geral. Tal fala se deu em fevereiro de 2020, na FGV – Rio de Janeiro

 

Além do mais, tais pronunciamentos violaram a honra e a imagem dos servidores públicos, que por meio de eufemismos - foram rotulados de parasitas, assaltantes. Assim, sentenciou a magistrada: cláudia oliveira da costa tourinho scarpa – Juíza de Direito- 4ª vara da JF – Salvador -BA  16/09/2020

Conforme se vê, esse foi o entendimento da JF, ao condenar o ministro Guedes ao pagamento de 50 mil reais ao sindicato dos policiais federais – sindipol – BA.

Lendo a notícia da sentença, lembrei-me como se dá a já consagrada liberdade de expressão, e com ela eu continuo o presente artigo.

 Aqui fica claro que o ministro de Estado exbordou o seu direito de falar o que pensa, porque ele, ministro indigitou as pessoas de sua opinião. E aqui é que mora o perigo de ofensas, de melindrar pessoas, de ofender uma categoria de servidores públicos, que são todos, e não apenas os policiais federais, que sentiram ainda mais melindrados com o discurso do boquirroto Paulo Guedes.   

Incitado pelo desastrado discurso de Guedes, lembrei de uma nobre disciplina, chamada Parasitologia Médica. O estudo dos parasitas de interesse na Saúde Humana.

No que concerne ao tema é sabido que o Brasil é um país tropical e que como tal é um lugar de muita infestação por parasitas. E há os de todos os tipos, de todos os gostos e incidências. Não há um local, um grupo de pessoas, de famílias que não tenham sido vítimas desses pernósticos e nocivos agentes. Quem estudou ou passou de um 2º grau bem concluído há de lembrar como se dão a relação parasitária entre os seres vivos. Temos lá nos bons compêndios o parasitismo, o comensalismo e a simbiose. Parasita. Vem do grego para, ao lado, sitos, alimento, nutrição. Ou seja comer do outro, no mesmo prato ou corpo do outro. Basta fazer daqui alguma metáfora. Comensal é aquele que come do outro sem prejudicar esse outro. Mas, pode-se estender esse sentido também, figurativamente falando. Simbiose é uma relação de dupla vantagem. Aqui há um certo mutualismo, uma cooperação ; boa essa relação.

Errou nosso ministro da Fazenda, não se pode referir certos termos com nominações, categoria ou entidades profissionais.  



OS CUIDADOS COM AS PÁS QUE LAVRAM(II)

 

João Joaquim  

 

Com efeito ao declarar que "O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático", o ministro da Fazenda e Economia Paulo Guedes foi processado por ofensas aos servidores públicos em geral. Tal fala se deu em fevereiro de 2020, na FGV – Rio de Janeiro

 

Curiosos são os nomes dos parasitas. Os ameboides, os flagelados, os plasmódios, os treponemas, os tóxicos(toxoplasmas), as leptospiras ( trazidos pelos ratos). E as tênias! Ah que asco pensar nesses bichos. Os acarianos, os aracnídeos, os anopluros ou piolhos, os suctórios ou pulgas. Os ancilóstomos, os áscaris ,os toxocaras, as miíases.

Quando se fala em parasitas, nós temos que imaginar o Brasil, país tropical como um organismo vivo. A terra é um organismo vivo, de coração, de pulmões, de aparelho digestivo. Triste é imaginar o quanto ela está doente por tantos parasitas. A terra composta de homens, de uma sociedade, de famílias, de pessoas, de células vivas. Rui Barbosa, ex senador e advogado disse “ a família é a célula da sociedade” Assim, pensada temos que a sociedade é composta de famílias que é composta de pessoas.

A terra então, está infestada mesmo de parasitas. Errou o ministro Paulo Guedes, porque ele nomeou, ele indicou, ele identificou uma categoria de pessoas como formada de parasitas. Não pode. Trata-se de um preconceito, uma discriminação. Ele poderia ter sido genérico. Como por exemplo afirmar que o mundo, a sociedade está infestada de parasitas, mas sem ligar esses tais a uma classe de trabalhadores, de servidores

Sabe aquele princípio do sujeito vestir a carapuça e ela se ajustar certinho à sua cabeça, ao seu estilo de boa vida, de seu jeito canhestro ou sinistro de ser. Sempre que vamos proferir alguma fala, alguma opinião temos que ter mesmo limites com nossas palavras. Porque as susceptibilidades existem e elas podem nos criar muito embaraço, muito dissabor. Podemos ter uma teoria, uma conclusão de mundo, de pessoas, de sociedade, de um comportamento, de um estilo de vida, mas, jamais segmentar essas ideias, jamais indicar alguém porque podemos ser inquiridos e interpelados. E muitas vezes a lei fica do lado errado. Palavra, uma pá que lavra.

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