A FELICIDADE ESTÁ NA COMIDA
- Foi empreendido um importante estudo na Universidade Federal de Camberra – Austrália, a propósito dos alimentos como fontes de doenças e mortes derivadas dessas afecções. A maioria tipificada de natureza degenerativa. E para contextualizar, torna-se claro esse entendimento. As doenças cardiovasculares e metabólicas fazem parte desse bojo, desse cardápio de doenças degenerativas.
As doenças coronárias, a obesidade (maldita
obesidade porque com um imenso espectro de morbidades) os acidentes vasculares
cerebrais ou sistêmicos, o diabetes, as dislipidemias de colesterol e
triglicérides, a hipertensão arterial entre outras. Todas ao cabo e consequências
se caracterizam por uma degeneração dos órgãos afetados: nomeadamente o
coração, coronárias, os rins, as retinas, a circulação e tecido cerebral,
articulações, nervos periféricos, cartilagens, ligamentos. Meu Deus! Socorro!
O instigante e singular desse trabalho é porque
ele envolveu diversos participantes não médicos. Se compôs o estudo de
pesquisadores e analistas: de médicos, biólogos, fisiologistas, psicólogos,
psiquiatras. E olha que interessante, sociólogos e filósofos. Enfim, um estudo
multidisciplinar de folego e altamente representativo na compreensão desse tão
buscado, tão praticado, tão exauriente e desejado gesto e hábito de comer.
Os participantes e voluntários do estudo entre
outros instrumentos e recursos na colaboração, andavam com micro gravadores, e
os ligavam apenas nos momentos das refeições, do desjejum, dos lanches, das
beberagens e colas refectórias. Tudo com base em cláusulas de bioética e
confidencialidade. As gravações eram entregues, com o número de prontuário e
inscrição, sem a identificação individual ou cadastro de pessoa física.
Falar todas minudências desse abrangente ensaio e
estatísticas do gosto, da atração, do investimento social, de prazer, de
diversão, de regalo, de gozo, de realização digestória, de aquisição e
plenitude das satisfações instintivas de boca e baco; falar tudo é oneroso e
exauriente para leitores e leitoras. No entanto, valem algumas tintas, algumas
curiosas e desconhecidas nuances para os que leem boas fontes de nutrição e
nutrologia.
Um ponto a se sublinhar: comida deveria preencher
duas indicações fulcrais: nutrição e paladar. Nunca se deve comer pondo o prazer
e satisfação orgástica em primeiro lugar; o mais racional e civilizado seria
que os glutões e glutonas alimentassem com esses dois objetivos, nem de mais
nem de menos.
É justamente essa degeneração que sobreleva na
procura por comida. É nos gestos e hábitos das gentes que põem na comida, na
mesa, nos lanches, nos farináceos, nas vacas, nas galinhas, nas massas, nos
chocolates, nas tortas, nas bebidas espirituais; é toda essa sanha que
manifestam aqueles sujeitos, homens e mulheres, maridos e esposas, amigos,
aderentes e parentes, comensais; nos principais momentos de entretenimento e
diversão em suas vidas, na comida e refeições.
E tem mais o que nos possa instigar. Quando
confrontadas as glutonarias (pecado da gula!) e hábitos de libações de cocas e
sumos xaropes, de infusões de sacarose e outros quejandos e quais; quando
compilados e pareados com quilates e qualificativos culturais do indivíduo.
Esse pormenor é importante. Quando se avalia o index calorias ingeridas e
padrão sociocultural e diferencial tecnocientífico dos agentes do escopo
científico, vê-se uma relação inversa nesses índices. O valor de p, as
covariantes estatísticas, o índice de confiança PI, todos resultam em uníssono.
Fica nítida, o porquê, há gente que come
mais e há gente que come menos, e outros na exata proporção do fisiológico e
natural.
O adensamento curioso e instigante, uma análise
aqui filosófica e existencial, é de como se dá a relação dos humanos com comida
e bebidas na era pós industrial. A pessoa come despudoradamente,
desbragadamente, animalmente, debiloidemente. Essa satisfação instintiva e
digestiva demencial e afoitamente. Depois vem o resultado. Doenças
degenerativas, invalidezes, má qualidade de vida, remédios sem fim, próteses de
toda ordem, lipoaspiração, cirurgia bariátrica, demência de Alzheimer. Este é o
homem, racional e superior! Será?