sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Os proto-tipos Melissa e Leo

 Melissa Bolhosa Mundim, e Leodegário Beócio de Sá, confirmam o que de antanho, em tese e Sociologia, é a natureza vivencial e social de muitos humanos. Se todos nascemos com o potencial do bem e da bondade, porque nao se pode deturpar essa energia geradora e formativa? Tudo é questão de meio doméstico, do caráter, índole e modus vivendi. A começar pela da geratriz e genitor, primeiras referências sensorial, instrutiva e ética do indivíduo.  Na certa e empiricamente, por analogia, somos como que resultantes do preparo, do ajuntamento dos elementos, fermento e cocção de um bolo ou torta. Errados os componentes (fases de formação) sairá um alimento desenxabido, desabrido, insipido, pouco trófico e de pouca serventia.

De igual forma esse par de gente era a concretude dessa convencível e crível teoria da formação humana. Somos o que são nossos ancestrais imediatos. Com poucas, porquíssimas exceções in totum. Como se um livro in folio fosse a contar toda nossa biografia, nossa trajetória vivencial e de regalos.  

Melissa e Leodegário, eram esses demonstrativos com todos os atrativos, sem atavios, para quem traz olhos de leitura social, ontológica e filogenética. Sem tirar nem pôr, sem meias palavras, sem circunlóquios e melindres. Imagine, algum indivíduo que entre servir e ser servido, era sempre esta segunda oportunidade. Assim, era Melissa, na sua bolha vivenda, no seu invólucro e ócio improdutivo. E na exegese desse frívolo estilo pessoal, era só uma detida e simples análise do que fazia, faz e vive sua geratriz e genitor, para os quais a única e substanciosa plataforma de vida estava continua e contingencialmente nos gestos digestórios do libar e degustar. Haja sacaroses, frutoses, álcool e fermentações inebriantes. Esse o máxime desiderato quotidiano.

_ O que nós temos para comer hoje? Indagou Carlinda Farnese a Mércio Lourival, genitor de Melissa. – Está faltando sal! Deixe ir ali no armarinho do Menezes comprar um quilo. – Você quer mais alguma coisa? Indagou já meio de costas Mércio. – Ah, traz duas latinhas para gente tomar no almoço. – Qualquer marca? – Ah, a que tiver lá.

A criação e educação de Melissa tinham se dado, no estilo “nossa princesinha para cá, nossa linda pra lá. E, de forma adventícia marcante, influencers, doutrinadores em Leodegário. Existencial, estacado neste ponto. Ser é existir. Para que e para quem mais? Ledo e ingênuo supositório. Nesse estágio etário seria querer demais que Melissa e Leodegário trouxesse algum projeto evolutivo, crescente, produtivo, formativo, na busca de alguma construção pessoal a mais. Auto considerados, estavam finalizados e rematados na vida.  

Melissa e Leo, viviam marital e esponsaliciamente, já há mais de um lustro. O ritmo ou modus vivendi de Melissa se faziam como todas as far-nientes. Levantar espreguiçando, ir modorrenta ao sanitário, voltar à mesa, onde já a aguardava o café da manhã. E ali degustando pães, roscas, biscoitos, leite e ovos mexidos, ia cabisbaixa consultando as notificações do celular, eram mensagens enviados pelas amigas virtuais. Instagran, facebook, WhatsApp.

- Nossa, amor, você viu aquelas fotos do cachorrinho que te enviei? Lindo, não é? Parece o nosso Kiwi. Olhe aí para você ver. Que gracinha! Gosta de cheirar tudo à sua volta. – Hum, mesmo. Lindinho, lembra um pouco nosso cachorrinho. Kiwi, espere aí que vou por sua ração. Tô só terminando de tomar o meu leitinho com café.

Kiwi, era aquele bichinho já de meia idade, fétido e fedorento. E que a tudo cheirava ao seu redor. Por instinto, onde estivesse, não importava o recinto, estava a aspergir os cantos de seu xixi.  Com excrementos fecais, demonstrava todo pudor, porque só os expelia, os ejetava fora das dependências domiciliares. Instintos cínicos e animais. Ditos e por taxonomia, irracionais! Nós humanos, racionais. Será?

Melissa nos tempos primaveris pré-escolares, fazia a alegria, os brincos, os átimos de lazeres de família. Princesinha para cá, princesinha para lá. E assim, foi-se construindo esse castelo fantasmagórico, ilusório e supositório (ou supositício de tantos genitores. _ Onde está nossa princesa? Que é de nossa boneca e princesinha? – Ah, achei, repetia Carlinda mamãe. – Beijinho mamãe, dá! – Hum, quero mais, quero mais.

João Dhoria Vijle

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