quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Cânones do comer para viver

 

Assim discorria, despertando enorme atenção da plateia, a dra e Phd em Nutrição e Psicologia da Alimentação, pesquisadora Vera Facúndia, do departamento de Medicina e Nutrologia, Biologia Nutricional, da Universidade de Harvard. As questões fulcrais eram: o porquê de tantas gentes obesas, sobrepesadas e disformes, ter na comida a centralidade de suas vidas.

 Comer e se repimpar dos capitosos e odoríficos alimentos; eis os estímulos máximos de grupos enormes de pessoas, com elevado índice de massa corporal. Por que? São objetivos buscados de igual forma e interesse na Psicanálise e Psicologia.

A maioria das pessoas obesas, gordas e disformes, anatômica e ponderalmente expressando, ingerem comida de toda ordem e natureza, como em um gesto de autômatos, em puros reflexos condicionantes e condicionados. Comportamentos tais, em significativos estatísticos, resultados de uma educação familiar, de uma cultura doméstica, onde o prazer maior ou único dos membros parentais se encontra no digestivo, no gustativo, na satisfação simples e pura do sensório instintivo do apetite.

Alguns gestos simples deveriam ser ensinados pelas famílias, tutores, cuidadores, escolas do fundamental.  E que princípios seriam esses muito esquecidos, desprezados por pais, professores, os que cuidam, formam e educam?  O Animal humano é o único dotado e internalizado com os valores do pudor, com o sentimento do vexame, com o sentimento da vergonha.

Assim, como ninguém se coloca nu, sem roupas, ou mesmo vestes sumárias em grupo, em público! De forma análoga e mimética, as pessoas podem ser treinadas desde a infância, com o pudor, o sentimento de vergonha em se alimentar de forma desbragada, em se empanturrar de comidas de toda ordem.  Em se repimpar de comida, pelo simples instinto do apetite orgíaco e prazenteiro. Reside na ausência desses sentimentos, uma das causas da obesidade.

 A compulsão alimentar é uma das possíveis saídas para o sujeito com dificuldade de lidar com as suas limitações, angústias, tristezas, frustrações e tudo aquilo que lhe falta, visto que o alimento é algo de fácil acesso e tão necessário que chega a se confundir com a demanda do sujeito, fazendo as vezes do que a ele se apresenta enquanto falta. Além disso, é preciso ter em mente que em se tratando de sujeito do inconsciente, não há um determinismo ditador das relações que estabelece com o mundo que o cerca.

 Ref. Bibliográficas>

 MARCOS, Cristina Moreira. A introdução do narcisismo na metapsicologia e suas consequências clínicas. Analytica, São João del-Rei, v.5, n.8, p.6-30, 2016. Disponível em: file:///C:/Users/Paola/Downloads/1566-5878-1-PB.pdf. Acesso em: 02 mai. 2017.

 MARINHO, Paula Duarte Féliz. Obesidade: do Caráter Desvairado da Pulsão ao Sintoma Analisável. Belo-Horizonte: UFMG, 2012. 85f.

  Dissertação (Estudos Psicanalíticos - Conceitos Fundamentais, Investigação no Campo Clínico e Cultural) – Programa de Pós Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo-Horizonte, 2012.

  MARINHO, Paula Duarte Félix; LUCHINA, Márcia Maria Rosa Vieira. Caracteropatia, a Posição do Sujeito no Campo do Gozo e as Dificuldades na Instalação do Sintoma como Analisável. Ágora, Rio de Janeiro, v.19, n.02, 2016. Disponível em: http://teopsic.psicologia.ufrj.br/arquivos/anexos/Felix_marcia.pdf. Acesso em: 03 mai. 2017.

 Joao Dhoria Vijle


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