segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Pais poupadores e filhos poupados

 Falando um pouco de Poupança. Quem das gerações mais antigas não se lembra desse hábito e prática de guardar dinheiro, e ele render ali 6% aa? Imaginar que esse expediente de guardar dinheiro veio do Império, com D. Pedro II, em 1861, via Caixa Econômica Federal. É de se lembrar do cofrinho caseiro de guardar moedas, ele ainda existe, em formato de porquinho. Antes, a etimologia; poupar vem de palpar. Era o gesto na idade média do indivíduo palpar o bolso e ver se tinha poucas ou muitas moedas para gastar. Daí veio palpar>poupar>poupança.

 E por que dos cofrinhos em formato de porquinho? Atribui-se a duas possibilidades; em idos tempos fazia-se cofrinho com um tipo de argila pigg, daí a relação pigg= porco. Outra hipótese: um engenheiro francês, calculou que uma porca em 10 anos produziria 6 milhões de porcos (filhas, netas, bisnetas, trinetas...). Vem então a ideia de economizar, gerar mais unidades, dinheiro.

Aqui no Brasil, poucas gentes já viram falar em pessoas poupadas ou poupões/ pouponas (plural de poupão). Essas tais e quais pessoas, gentes, tipos humanos que sempre existiram. Elas não são uma herança de nossa intitulada pós modernidade. Porque estamos a falar do estilo, do jeito de viver que levam muitos pais e mães. Como exemplos as toleimas e toleirões; estranhos os nomes, mas na tradução livre de ensaios e descrições da Língua Inglesa são esses equivalentes. 

Como referido, os chamados sujeitos e sujeitas poupado (as)s, são aqueles e aquelas que foram criados e tornados adultos (adultizados, termo traduzido) por famílias por demais protetoras com os filhos no estilo mimado, poupado de sacrifícios, sem trabalho mais árduo ou nenhum trabalho. Além do que agraciados com os objetos, roupas, comidas, utensílios pessoais e outros bens. De preferência os da moda.

Nesse contexto, imaginemos nos tempos pré internet: os agora já veteranos em idade e madureza da vida, anos 70, anos 80, tempos de telefone fixo, rádio e tv. Esses eram contemplados com os bons colégios, muitos particulares, bons mestres, boas roupas, comida à farta, bom material escolar, livros, enciclopédias.

O tempo correu, o tempo é implacável. Chegaram telefone celular, smartphone, objetos de mídia e digitais, comidas do marketing gastronômico, roupas de grife, e até outros bens de luxo.

Duas situações bem fac-símiles. Os mais veteranos, já bem fornidos e guapos indivíduos como os referem o regionalismo gaúcho, aderiram à modernidade líquida descrita por Zigmunt Bauman (1925-2017). E continuaram poupados pela educação e falta de instrução de vida que tiveram dos pais poupadores desses filhos, hoje bem fornidos, saúde de ferro e que pouco ou nada produzem. Apesar de até alguns com diplomas de curso superior, continuam poupões e poupados.

 E temos a chamada geração Z, alfa e de vidro. Criados e engordados imersos e dominantes das TI, dos tablets, do smartphone, das mídias digitais. Esses agora tais e quejandos jovens e jovenilias continuam porque foram assim feitos, poupados de qualquer labor, de qualquer ralação. Afinal de contas a vida para eles sempre foi moleza. E tudo se encerra em beleza e joia.   Pais poupadores e filhos poupados!  Os eternos adolescentes, os convivas e vivas da terra do nunca. Neverland. Sininhos e cias.

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