sexta-feira, 29 de março de 2024

Denúncia ou fofoca?

 Dou de chamar a atenção dos leitores para essa palavra que anda em moda: denúncia. Para quem estudou Latim, idioma tão importante que forma a base do Português, compreende bem o significado originário do verbete. "De, para baixo e núncio, de nuntius, mensageiro". Em tempo, o Latim, não deveria ter sido morto, de considerado extinto. Na certa e na realidade, ele resiste. Basta ver o quanto de expressões ainda existem entremeadas nas boas falas e escritos da Língua Portuguesa e mesmo outros idiomas. O Latim entra na nominação e na taxonomia de Biologia, de Zoologia, Microbiologia e Ciências em Geral.

Quantos não são os termos, os nomes em biologia, em microbiologia, em Medicina, no Direito, que empregam o Latim! Enfim, houve uma tentativa de assassinato desse ancestral idioma (vulgar e erudito), a base do Português e outros idiomas românicos ou neolatinos (Francês, Espanhol, Castelhano, Italiano), e ele resiste. Viva, de fato e literalmente o Latim, “última flor do Lácio, inculta e bela” – Disse com propriedade Olavo Bilac.

Então ao que seja denúncia. Tomando ao pé da letra, trata-se de levar a alguém, a alguma autoridade, a uma entidade, o testemunho, o depoimento, o relato de um fato. Grosso modo, pode ser classificada em falsa ou verdadeira. Em geral, a denúncia verdadeira é comprovada com outros elementos, dados, registros, documentos, gravações. A denúncia falsa, costuma ter a mesma natureza de uma falsidade ideológica, uma fake news, uma pós verdade. Muitas vezes ela traz embutida o intento da retaliação, de vindita, da vingança. Por isso, pode resultar em uma forma de crime: difamação, calúnia, distrato de outra pessoa, um desafeto, um inimigo; a uma pessoa a quem queira rebaixar, humilhar, desqualificar, desconstruir.

Nos crimes contra a vida existem as testemunhas neutras, pessoas que presenciaram o fato, o delito, a agressão à vítima. Feita por mais de uma pessoa, essa denúncia ganha muita relevância: primeiro porque a pessoa denunciante sequer conhecia a vítima e o acusado, depois a convergência dos depoimentos. E virão as provas complementares materiais e documentais.

Sobre a denúncia falsa ou fake. Muitas dessas denúncias não passam de fofocas, de difamação, de mexerico, de desqualificar o alvo, a vítima da denúncia. Em geral, são pessoas desafetas e inimigas. Trata-se de uma forma baixa, vil e rasteira de desforra, de vingança, de retribuir sentimentos de intolerância, de rejeição e ódio a outra pessoa. Em geral, a pessoa autora de denúncia pela simples denúncia (falsa, factoide, invectiva), assim o faz como satisfação de sentimentos ególatras, narcísicos, de frustração. Outra explicação, se dá no sentido desse (a) denunciante, o fazer no intento de obter dividendos, admiração, e crédito pessoal e moral com outra pessoa, tida como interessada e no íntimo vingada por aquele expediente fofoqueiro e vil. Uma fofoca com essa vilania revela o cabedal, os qualificativos intelectuais, sociais, civilizatórios e morais de quem o faz (baixos, rasteiros, subterrâneos).

Imagine esse caso social, encontradiço e muito cediço. Uma pessoa tem uma ojeriza, uma quizila, uma cizânia com certo parental e parietal e paredista. Não importa. Surge a chance de desqualificar, de desmerecer, de destratar esse antipatizado e invejado indivíduo. E fofoqueira de patrulha. De repente, surge o azo, o ensejo. Comunicados infundados, reiterados a quem possa se beneficiar. Vão e voltam no mesmo reco-reco. Mensagens, telemática, vira, desvira, volta e vai.  Falseamento de fatos, falsificação de fotos, montagem, dissimulação. Entretanto, essa pessoa de mexerico esquece que do outro polo, tudo pode ser gravado. Inocência! Tudo fica gravado! Que triste, que patético! Essa pessoa antes denunciante cai no risível, na esparrela da inteligência,  no ridículo, no sonso e sem sentido. Pode até de fofoqueira se tornar acusada pela difamação, por calúnia e danos morais.Questões a depender do ofendido, porque conforme o ônus do deslinde, de até uma queixa crime, melhor ficar no que está, e essa intentona do mexerico ser jogada no limbo da História, do folclórico, do esquecimento.

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