quarta-feira, 27 de março de 2024

OS TAMBORES SOAM DE VAZIOS

Andando pelas praças públicas (ops, não estranhe supondo ser pleonasmo, há praça não pública. Basta ver em fontes de cultura. Praças de guerra e de touros por exemplo). Andando pelas praças públicas, sejam elas físicas, televisivas ou virtuais, isto é, nas chamadas redes sociais, nas mídias digitais, na internet, esta composta por face, whatsApp, insta, principalmente, dá de ver a quantas andam os cabedais, os qualificativos culturais (no caso aqui contra culturais) de enormes rebanhos de pessoas. São as pessoas dedicadas aos variados misteres de suas vidas. Mister é uma força de expressão, dada a natureza dessas dedicações e ocupações. Frívolas, inócuas e ocas!

Ao se palmear pelas ruas, pelos vários logradouros públicos ou privados. Que fiquem bem explícito, o indivíduo observador que é analista, perscrutador, crítico social, como este tacanho escriba que vos escreve e relata, tem-se a exata medida, o termômetro, a dosimetria, o mensurador do que andam ocupando enormes galeras e levas de gente! São tipos de pessoas sem tipo. A tipologia se vê sem saída para classifica-las. Povileu, gentalha. Não se quer cravar que indignas. Não! Remoto a esse pensamento. Todos somos iguais perante a lei, artigo 5º da carta magna.

“Nenhuma pessoa é nada mais do que ela faz de si mesma” Jean Paul Sartre- síntese do existencialismo. “A existência precede a essência” Idem. Nestes termos e cânones, não se quer afirmar que essas desclassificadas pessoas tenham algum potencial cognitivo, uma inteligência, uma possibilidade de intelecção menor ou ínfero-lateral a outros indivíduos. A questão está na escolha, na opção, na preferência, no gosto e vocação dessas gentes, que em grande parte se dá por uma herança social familiar, são vilas e vielas hereditárias pelo microcosmo familiar onde foram formadas, exemplificadas, espelhadas.

Concretamente o que se tem? Basta prestar atenção aos esgares, aos sestros, aos meneios de tantas gentes. Gente corada, porejando saúde e energia. Entretanto nada produz de intelecção, de atuação crítica sequer nos seus domínios domiciliares. São um nada de pessoas. Far-nientes e laissez-faire. Muitas dessas não se desvencilham de suas telinhas coloridas, multicores, com todos os engodos e fisgas prontas. São os posts, os vídeos, as mensagens, os sininhos, os alertas a todas as frívolas e fúteis dedicações. “ Valeu o nosso esforço e lucubrações a fio” Disse um dos próceres e executivos do face e do insta. Conseguimos arrebanhar a humanidade para nosso consumo.

Comecemos pelo que se divulga, comunica, se entretém e diverte a televisão brasileira. Vê-se um rosário de futilidades, de platitudes, de puerilidades, de nocividades, de idiotias, de um sem-número de nonsenses. São os reality shows dos valores mais vilões e insignificantes.  Exposição de intimidade, atitudes sexistas e insinuações pornôs. Relatos de infidelidade, banalização da intimidade, da privacidade e exposição vergonhosa do corpo, da anatomia pudica e pudenda. Caras limpas e lavadas.

Redes sociais e suas frivolidades e infantilismos. Abracadabra, palavras e preces mágicas e milagrosas. Santa Edwiges! Perdoe as dívidas culturais e intelectuais de tais e quejandos indivíduos.  E o mais melancólico, e muitas e variadas pessoas, conforme o liame social, genético ou afetivo, ter que ovacionar, aplaudir essas pessoas que a exemplo de um tambor, soam, mas soam porque são vazias. E quantas não são as pessoas que de laços genéticos ou parentais têm que se mostrar aquiescentes, anuentes, de conformidade com essas falas, comunicações, chamadas de redes, de celulares e outros recursos telemáticos.   Santa Edwiges, socorra-os. Tenha de tais e quais gentes a santa Piedade. Elas foram aliciadas, se tornaram cativas de todo esse sistema escravagista e consumerista do baixo mundo do capitalismo e de seu finalismo: o de tornar a humanidade idiotizada, abestalhada, néscia, ignara e disfuncional.

João Joaquim - médico e articulista do DM

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