Os Filhos pródigos e os filhos (as) prófugos e fujões

 O TRISTE FIM DE IDOSOS COM FILHOS NEGLIGENTES

A natureza é tudo quanto existe independentemente da vontade, da ação, dos desejos e cobiça humanas. Ela se constitui nesse ente abstrato com suas regras, suas variáveis e constantes, de forma intransigente, sem remendos, sem meias palavras. Ao jeito e condução da deusa da justiça Themis, o símbolo de uma divindade que não tem lado ou preferência quando se está em consideração a quem pertence alguma coisa, um atributo, uma virtude; ou o contrário, uma paga, uma dívida, uma pena, uma reparação diante do sagrado, do cosmos.

“As leis da Natureza não dão saltos e muito menos faz curva o destino, portanto devemos viver todas as circunstancias da vida ao seu tempo” Ary Campos. Seguindo esse raciocínio, é admirável aquela lei de Isaac Newton de a cada ação existe uma reação de mesma intensidade, mesma direção e sentido contrário. Temos aqui nesta lei universal, mais um exemplo de como se dá o funcionamento da Natureza. Pouco importa se a partir dos atos e atitudes do indivíduo, seja quem for esse sujeito, a natureza vai poupá-lo ou vinga-lo pelos seus atos, pouco importa se Chico, se José, se João, se Maria, se Francisco, um simples homem ou se Papa Francisco.

Simplificando e condensando essa ideia, pensemos aplicando o que é a Natureza e suas leis (a 3ª de Newton por exemplo) na saúde de cada pessoa e sua evolução sanitária. Dois são os fatores determinantes e imperiosos no status sanitário de indivíduo; sua genética e seu comportamento ou seus hábitos alimentares, de bebidas alcoólicas ou drogas de todo gênero, incluindo as psicoativas e lícitas prescritas por médicos.

Em Medicina, chama-se estilo de vido os hábitos da pessoa, saudáveis ou insalubres: alcoolismo, tabagismo, sedentarismo, glutonaria (o comer a la pantagruel e gargântua), o sedentarismo, a obesidade com um ou mais destes fatores de risco também chamadas morbidades aditadas: dislipidemia, hipertensão, a síndrome metabólica, a gordura no fígado etc.;  

Vivemos em uma sociedade extremamente centrada nos hábitos alimentares como fonte de prazer, de satisfação, de lenitivos para outra doença muito prevalente, a ansiedade, na verdade duas doenças psiquiátricas: ansiedade e depressão, de causas variadas e complexas em termos de tratamento a curto prazo. Casos existem incuráveis, tanto que o suicídio entra como desfecho final e dramático para o indivíduo doente negligenciado e pouco ouvido e assistido pelos familiares diretos e próximos desse doente.

Imaginemos nessa mesma esteira o indivíduo bebedor. Bebedor que pode se subdividir entre a pernóstica, a nociva, a viciante e “embriagante” Coca-Cola, porque ela leva a uma dependência idêntica a nicotina, à cafeína, ao álcool. E o bebedor etílico, desde os chopes, cervejas e destilados como pinga e Vodca e whisky. Este bebedor não fica só na bebida, ele se torna um comilão compulsivo. É o hábito da ingestão da comida; nas primeiras garfadas e abocanhadas em um instinto orgástico, instintivo. Passado este início o comilão come ritualisticamente com os seus convivas e amigos do copo, da mesa e das panelas. De princípio se torna cheio, depois repimpado, estufado. Tanto que há casos de intoxicação, crise digestiva, crise de pancreatite e mortes por comer. São os grupos de indivíduos para os quais a comida mais mata do que alimenta e nutre; porque ele se torna um adicto, um viciado na satisfação compulsiva do paladar e do apetite de avestruz, de tudo comer, pelo instinto digestivo.

Cada cidadão, medianamente escolado e bem informado sabe desses fatores de risco, dessas morbidades dos vícios, dos riscos que ele tem em sofrer um infarto, um derrame cerebral, uma queda e fratura de ossos, uma invalidez por ele mesmo construída ao longo da vida de esbórnia, de farras, de comer animalescamente, de beber como uma esponja ou gambá.

Todavia, na vida de prazeres o farrista, o comilão nada  disto pensa porque perde o censo crítico e do risco à saúde. Chegadas essas doenças, ele se torna um morto vivo porque, às vezes, não anda mais, um morto social porque os amigos do copo e da copa, da mesa somem, um estorvo e trambolho para familiares, para os que cuidam obviamente, para a previdência e planos de saúde e mesmo para si próprio. Humilhações advindas da invalidez, sequer habilidade para banho e higiene, fraldas, fragilidade. Por que a pessoa na higidez física e lucidez mental, não pensa? Simples, as faculdades mentais ficam embotadas, intoxicadas por comidas e bebidas. A satisfação orgástica, a ebriedade de massas, mandioca, carnes, arroz, vaca, galinha o tornam de mente e senso crítico incapazes dessa consideração na vigência desses prazeres!

Muitos desses indivíduos, agora pacientes, passivos e dependentes, tornam-se abandonados. Primeiro, porque aqueles pândegas e patuscos amigos do copo, da mesa, da cerveja, das comidas, das farras aos borbotões somem, porque não lhes são mais servidos a fartura das bebedeiras e comilanças. Esses inválidos idosos, pais, tios, avós, entram na fase da chamada morte social. De resto, poucos parentes, um filho, ou filha de mais generosidade e louvada ética e empatia familiar e paterna cuida. E só! Quão triste! Que mundo!  Não é mesmo! E ainda classificaram o homem de racional e inteligente! Onde fica o qualificativo humano!

Joao Dhoria Vijle – Ensaísta e Crítico Social

Postagens mais visitadas deste blog

Vício e possessão narcoólica >

SER OU ESTAR CARA-DE-PAU

Veteranos Doentes Digitais