Medalha e Mérito
Toda pessoa estima ser reconhecida em seus méritos. Em suas qualidades de toda ordem: social, laborativa, produtiva, seja esta produção de trabalho físico ou intelectual. Ou de forma simplificada, um trabalho em produção profissional, ou artístico e intelectual, científica, técnica etc.;
Tomemos um axioma simbólico nesse sentido. O de receber alguma deferência e dignificação. Ei-lo: “Mais importante que receber uma medalha, uma comenda, ou condecoração é o mérito de recebe-la”. Em tradução livre: quantas não são as deferências, os elogios, os galardões, as atribuições endereçadas a alguém, não reunindo essa pessoa medalhada os qualificativos para tal distinção. São bastantes frequentes essas pessoas, de ser condecoradas e honradas, que não têm o merecimento para tanto. Um cenário onde está muito presente essa condição é o da Política (no caso, com p menor, politicagem!). Quantos são os corruptos, inaptos e incompetentes gestores públicos homenageados sem nenhum mérito para tais dignificações!
É instigante e interessante, fazer essas considerações. Tanto de parte de quem promove essas distinções, esses incensos e expedientes laudatórios, sejam esses de forma abstrata, como em palavras, discursos, expressões; ou de forma material e substanciosa, como mimos, presentes, festas, rega-bofes, comezainas, patuscadas, janotices e outras concreções que os valham! E de parte da pessoa contemplada com tais elogios e incensos.
Então têm-se de um lado a pessoa contemplada, agraciada e objeto das honrarias. Do outro lado, a pessoa, órgão público ou privado, alguma instituição promotora de tais exacerbadas dignificações. Não significa desqualificar qualquer pessoa em sua dignidade humana, no que inclusive resguarda a Constituição Federal, da isonomia das pessoas em dignidade. Todos são iguais perante a lei. Ao menos ó o previsto na Lei Maior, embora na prática, nada é assim! Portanto, até a constituição mostra sua falsidade em atribuições.
No âmbito social, das pessoas comuns é cediço e encontradiço esse comportamento de se incensar, de excessivamente, de ostensivamente elogiar e “bajular” pessoas das relações parentais ou amistosas. Tais expressões e disposições de espíritos se mostram em referir atributos, adjetivações e qualificativos que podem ter significados diferentes, conforme o grau e escala cognitiva e intelectual da pessoa que recebe tais atributos e elogios. Assim:
Se a pessoa elogiada e bajulada, detiver uma autoestima frágil e melindrosa ela pode de fato acreditar que tais qualificações correspondam à sua realidade, que ela em si, não enxergava. Ou seja, ter uma falsa imagem de si própria, portadora de tais virtudes e qualidades que ela não enxergava. Pode fazer bem ou mal a essa pessoa, na percepção de uma condição que ela não detém.
De outra consideração, tem-se a possibilidade de essa pessoa alvo desses incensos, dessas bajulações excessivas e salamaleques; há o risco de essa pessoa interpretar de forma realística como uma falsa deferência à sua pessoa. Fica na dependência do cabedal e preparo intelectual, cognitivo e crítico dessa pessoa elogiada. Ao cabo e termo dessa relação, quem elogia cai na esparrela de ser gente janota, ingênua e falsa. Fica mal na consideração da estimada! Portanto, não esquecer do adágio: “ Mais importante que a medalha ou elogio é de fato e verdadeiro, o mérito em receber tal distinção”. Tem gente elogiada que pode acreditar no elogio e gente que pode se incomodar e se ofender. Olha que interessante, como um elogio falso e bajulador pode reverter contra quem o faz.
Cecília Duarte é aquela mulher que exibe toda generosidade e afeto com as pessoas de suas relações parentais e os demais contraparentes. Tal disposição e lhaneza de espírito e coração se fazem evidente nas datas natalícias dessas pessoas. Pessoas de liames genéticos ou nem isso precisa. Basta uma amizade de curta ou longa duração. Um Natal, um Ano Novo. São datas sempre com motivo para que Cecília, vá à compra de um mimo, um objeto do agrado da pessoa presenteada. E o doa com toda alegria e júbilo, risos e afagos!
É assim a espontaneidade temperada a ternura de Cecília. Face às suas atividades de profissão assistencial, de filantropia, de voluntariado, de laços familiares protetores, de arrimo de um outro irmão e irmã (e ainda religiosa que é ) tendo esses tais e quais indivíduos carência ou méritos. Ou não os tendo. Cecília nunca passa em branco nessas datas, sem as comemorativas e beberativas alegrias. .
Porque é oportuno esse aparte e glossário, para melhor entendimento. Comemoração. Na origem seria lembrar-se de, recordar juntos. De com, companhia e memória. Entretanto, na prática e de concreto houve um desvio de significado. Come de comer, e morar, ou mora, de demora nos comes e bebes, na morada do outro de preferência. Portanto, em muitas festividades, na casa do outro, ou às custas de outro e outra, se procede ao beber e comer juntos, daí comemoração e bebemoração. Tempos outros e modernos. Bom! Não é mesmo?
Cecília se dava a esse estilo de agradar, de presentear, de mimar, de incensar as pessoas de seu convívio. Com caros e luxuosos mimos, objetos distintos e caros.
Esses gestos eram repetidos como já ínsitos e ditos à Lenice Escólima, sua fraterna e contínua escudada e arrimada. Com vasto currículo de toleimas e necedades. À Maiane Ruiva, ambiciosa de se inteirar ao rol das aclamadas beneméritas, tudo se fazia de igual intensidade e significâncias. Dá um dó!
Sempre em passagens dessas referidas datas, eram manjares, ágapes, capitosas e saborosas refeições oferecidas a essas pessoas. Gentes próximas ou distantes. Mas, que deixavam implícito, um quase juramento de afeto, de gratidão, de admiração, de estima. Veraz perjúrio, bem cristalino tais meneios e expressões. Retribuídas e resolutas!
O que se fica de certo e estatístico, provado e reprovável? A inversão da universal prece. Supremo arquiteto, eterno genitor, santa Mãe! Venha a nós o vosso reino. Seja feita a nossa vontade. Sobretudo aqui no planeta terra.
“Pai ou irmã ou amiga, ou tia, ou madrinha, filha nossa; que estás onde estiver. Venha sempre o teu presente e mimos para mim. Seja feito o meu desejo. Dê-me em cada data o meu presente. Perdoa-me se não te faço o mesmo. Assim seja para sempre”!
Cecília Duarte, passou mais um aniversário. Menos um ano de vida se cumpriu.
Toca o telefone. “Oh, mais velha hein! Mais um ano de vida, parabéns”! Chega o Natal, chega o Ano Novo. De novo nada! Feliz Natal. O mesmo ramerrão. O patati patatá. Comemorações, bebemorações. E Cecília Duarte sempre anfitriã e espírito nereida. Ah Nereu. Que mundo, que humanos somos! Eterno Retorno! Imutável. Mas, reprochável! Sorumbático! Humano sou e nada que é humano me espanta mais que certos “humanos” (Terêncio, poeta latino).