simbióticos e comensais

 TEM-SE lá no reino da Biologia a natureza do peixe gobião e do camarão. Não! Não se trata de dupla sertaneja ou raiz. Trata, isto sim, de uma modelar simbiose ou camarilha. Explica-se: camarilha é quando há a junção de dois ou mais indivíduos, com fins muitas vezes nada éticos ou de bons fins. Muitas vezes de levar vantagem em tudo; tipo a antiga lei do Gerson. Quem gosta de futebol há de lembrar da ex propaganda do ex jogador de futebol Gerson. Levar vantagem!

A relação do gobião com o camarão se dá nessa alusão. O gobião, que pode ser o gobião-cavaleiro nessa íntima conexão nada faz. Quer dizer, é um modo de dizer, porque ele faz muita coisa, pensando na proteção que dá ao camarão. Basta ler o conto de Dhória Vijle, “o conúbio de Serguei com Gioconda”. Nesse conto fica bem explícita os recônditos intentos de Gioconda quando fez o himeneu com Serguei. 

O camarão, na presente apresentação, fala-se de forma genérica, porque são muitas as espécies de camarão: siri, pitu,  rosa, o sete barbas. Curiosa é a forma de reprodução de algumas espécies. São altamente reprodutivos. Sabido é que é um crustáceo decápode (10 pernas) e tem aparelho digestivo completo.

 

Nesta ora digressão, não é de ver que uma relação vantajosa e de mutualismo se dá com o gobião e espécies de camarão cegas. Ambos gostam de tocas, cavernas, pedras, local escuro, água marinha ou doce (sem açúcar naturalmente). O camarão é aquele sujeito obreiro, ralador, esfalfador, esbaforido. Cava, cava, cava. E assim vai limpando e limpando a sua toca. Mas é ceguinho. E corre o risco de virar almoço ou jantar de outros peixes graúdos. O que faz o gobião, fica de tocaia na porta da loca já que tem visão estraboscópia. Surgiu inimigo, ambos correm para o fundo da caverna e salvam-me os dois. O gobião tem visão normal, ótima. Dessa forma, sem parecer fazer nada o camarão faz a casa, e o gobião atua de sentinela e guarda-porta. Bela simbiose. Viva o gobião, viva o camarão.

Assim era a vida da família cerqueira. Era formada de 4 irmãos, Herculano Nabiga, Nebraska, Polinice e Elisia Malina. Herculano já senescente e decrépito, carente de toda ajuda. Polinice a pé-de-ferro da casa, um faz tudo, tipo a néscia da corte. Entretanto, os filhos exemplares nos cuidados, divisões de fazimento de tudo quanto fosse comprado e afazeres domésticos. Havia, de forma tácita, subentendida, de que tudo deveria ser dividido de forma isonômica, trabalho e despesas. Até em datas natalinas e aniversárias. Havia mútua troca de mimos, agrados, brincos e presente. A cada aniversario de um, três presentes ao aniversariante! Gente exemplar de gente, solidária, honesta, humana.

Na família dois, temos um clã de 6 pessoas, 2 pais e 4 filhos. Celio e Corina, os pais. Servilho, Serafim, Saulo e Selma, os filhos como prole. Nenhum deu para ser proletário. Alguns foram criados para o estilo far-niente outros do laissez-faire. Pode-se creditar que esses tais e quejandos, dessa camarilha simbolizam os antípodas da família primeira.

Selma era sempre aferrada às obrigações nas curas e tantos e quantos préstimos dos filhos careciam de Célio e Corina. Coitados. Já decrépitos, sofrem com as humilhações da senectude e morbidades.  Nunca, mas nunquinha, de fato e de feito, as obrigações, feitos, despesas, eram de igual forma rateadas!

Imaginemos o seguinte séquito e ora-pro-nóbis.

Selma era tida e havida como queridíssima, admirada, operosa, obreira, tudo por todos fazia o melhor. A todos dava dádivas, cama, mesa, comida capitosa. E presentes a todos. Nada recebia de aniversário, a todos mimava, brindava. Suntuosamente. “ alienum nobis, nostrum plus aliis placetnon nobis, domine, sed nomini tuo da gloriam” . relações humanos. Se ao menos gobião e camarão, sobrevemos!  "ora pro nobis". Oh céus, oh vida, oh azar- Lipy e Hard. Quem me dera ter outros Brothers!

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