Esbulhadores e sevandijas
Alguns estudos mostram o que ocorre na continuidade ou sucessão de herdeiros na administração de bens de família. Não importa o tamanho desse patrimônio. Uma casa, um carro, uma chácara; uma empresa, uma fazenda, ativos bancários, apólices, pecúlios, aplicações financeiras, poupança. A depender do cabedal, do padrão educacional e instrução oferecidos pelos pais, esse patrimônio, gerido agora pelos herdeiros, terá a sua continuidade de normalidade, acompanhando sua valorização e aumento; ou falência! Perdas, esbulhos, dilapidação! Tudo vai se fazendo sub-repticiamente.
Quantas não são as famílias, os pais, o pai em especial como chefe da casa; na falta deste de igual forma a mãe; melhor ainda quando ambos (pai e mãe de família) se associam nesta administração fiscal e econômica com êxito contínuo.
Quando existe esta interação, em que o marido e a mulher se irmanam em uníssono, no orçamento doméstico, no equilíbrio financeiro tanto da família, casa, filhos, escolas, despesas gerais na manutenção desse domicílio, tem-se como o demonstram estudos sociais e familiares, o sucesso permanente, o equilíbrio e progressão e ganho desses bens: a casa própria, o automóvel, a reserva financeira a que todos devem se dedicar, a guarda de recursos, quando surgem aqui e ali algum imprevisto, uma doença, uma perda, etc.
Muitos são os economistas e orientadores financeiros que recomendam como boa normal fiscal pessoal, domiciliar e de qualquer empreendimento que se reserve 30% da receita e ganhos como segurança e poupança. Essa economia e guarda de 30% funciona como uma espécie de pecúlio e previdência privada. Há de se imaginar que a pessoa vai envelhecendo, reduzindo as energias, menos produção de receitas e lucros. E vai precisar dessa reserva monetária na senilidade (velhice). Nada mais natural e inerente a todo humano, a velhice.
Essa cultura da boa economia, da boa administração financeira da família, se nota, de fato em muitos pais e mães de família. De forma natural e prática, quantos são os homens e mulheres que constituem família, e trazem de forma ancestral e hereditária esse senso e conhecimento empírico e praticado pelos pais, como bons educadores que foram, em todas as esferas da vida dos filhos, social, financeira, escolar, de formação social e profissional.
Entretanto, no meio de tantos bons exemplos, existem de forma oposta os péssimos chefes ou mães de família. Basta ter em conta esse caso ético-social. Aquela família, no caso o homem, no papel de “chefe de família”. Mas, que não passa de um irresponsável, que, enquanto tem forças produz como um pé-de-ferro, como um burro de carga, e constitui certo patrimônio, ou seja um servidor público ou privado. Um comércio, uma gerência qualquer de pequena ou grande empresa, um empório, um armarinho, um banco. E soma alguns bens.
Entretanto, na gestão, na responsabilidade da casa, família, dos bens somados, esse homem se torna um escroque e perdulário. Perde tudo. Esse pai se torna um esbórnia, glutão, sempre na ema, na perua, nos pileques, na glutonaria com os de sua iguala de copo, garrafa e mesa. E a prole, ali na tolerância e assistência. A tudo assiste passiva e tolerante. Nada de interdição, passiva.
Conclusão. Qual a chance desses filhos e filhas serem o reverso e diverso desse parental? Alguns podem se livrar; livramento condicionante e bornal. Eia! Crie tipo sujeito. Não se sujeite a se folgar e sujar-se de forma gorda. Suje-se gordo! (leia Machado de Assis, vale o sacrifício). Na análise de conselheiros e financeiros familiares, muitos desses e dessas se tornam os sevandijas e esbulhadores da família. E tudo vai-se esboroando, esboroando, esvaindo. E com agravantes: costumam levar parentais e parietais no mesmo turbilhão da mesma direção, no arrasto, no caudal, escoras e esteiras da vida. Esbulhos, espoliadores, sevandijas! Arre! Vá retro! Retrós!