Feijoada e Solidariedade - Pavlov explica!
Quem é adepto das ciências e não de charlatanismo e invectivas sente-se muito confortável em dialogar com outros de sua iguala, no que concerne a interpretação dos fenômenos humanos. Os humanos, de variadas castas e personalidades constituem as cobaias naturais, “in natura”, para a interpretação das relações interpessoais. Eis algumas dessas compreensões, buscando a História das Ciências e seus cientistas.
Que lê e estuda informações construtivas e informativas sem invectivas, há de se lembrar o russo Ivan Pavlov (1949-1936). Grande fisiologista que se dedicou ao comportamento animal que muito a ver há com as reações e condutas humanas. Não apenas Pavlov, mas uma revisita no que disse e dissertou com muitas propriedades outros como o foram Burrhus Fredereci Skinner (1904-1990) e John Watson(1878-1958). E não só estes cientistas, grandes filósofos de igual forma falaram sobre as reações e relações humanas, quando estas trazem um interesse ególatra e subjetivo estritos.
Muito instigantes foram os estudos de Pavlov e correligionários sobre o chamado reflexo condicionado, os instintos e reações digestivas de cães, principalmente, e que muito se vincula aos humanos, conforme experimentos fartos e bem conduzidos por outros pesquisadores, sucedâneos e em tempos digitais. A universidade nacional da Coreia do Sul, tem equipes muito antenadas e dedicados, com protocolos e ensaios atraentes sobre a questão da relação que estabelecem os humanos com a satisfação digestiva instintiva, por exemplo.
Trata-se aqui da centralidade que os humanos, muitos humanos, fazem com a comida, o comer pelo simples regalo, gáudio e prazer. É o vício e dependência da glutonaria, o gesto e busca frenética e sem ética do gozo do paladar como um prazer orgástico, intuitivo, instintivo, de pouco ou ausência absoluta de racionalidade. Muitas são as doenças ligadas ao apetite e instintos digestivos.
Se querem ainda uma referência bíblica para a glutonaria, temo-la em Deuteronômio 21:20. Seu praticante e dependente (viciado) é titulado como um libertino, um dissoluto, um intemperante e um ser vilão (vil). O comer pelo comer, e não a comida como construtora e fonte de nutrientes e energia orgânica, esse comer desbragado, animalesco, instintivo, sem pudor e sem ética ou etiqueta à mesa, está na lista dos sete pecados capitais, na descrição bíblica.
Trazendo o que dizem as Ciências, a Filosofia e mesmo os textos sagrados para nossa vivência comum. Observemos, de forma isenta, mas com um olhar científico e compreensivo criticamente o quanto as pessoas se tornam solidárias nos instintos e apetites digestivos. Vamos a alguns indicativos consistentes:
Faça uma reunião formal e profissional, cultural ou de entretenimento que seja. Na programação, nada de comes e bebes palatáveis, de carnes assadas, galinha, vaca, cervejas, doces etc. Poucos convivas e comensais comparecem! Faça o contrário: churrascos, comida farta e saborosa, bebidas etc. A grande audiência e presença dos convivas do garfo, copo, mesa e bebedeiras.
Mais esta evidência e consistência: tem-se um parental idoso, decrépito, inválido, grabatário. Esse parental (pai, avô, tio, mãe) vem de ser institucionalizado de longa data, e carente absoluto de cuidados de higiene, alimentação, companhia de diálogos diários! Poucos parentes que cuidam. Os ex-afetivos parentes (afetivos e parentais genéticos hein!), sequer o visitam como o fazia dantes, em época de fartura e bonança de comidas e libações etílicas. Não se tem mais os rodízios de freezer, de fogão, massas, carnes! Porque esse idoso agora, fétido e feio, de fraldões e acamado, cadeirante, carente de higiene, não banca mais os almoços, as carnes, as cervejarias, os manjares e feijoadas. Já era!
Última evidência e consistência pavloviana, dos reflexos condicionados digestórios e instintivos, os regalos e gáudios da boca e baco (ou dionísio, deus do vinho e bebedeiras). Faz-se uma churrascada. Uma feijoada capitosa e palatável que seja. Entram então a relação apetite e solidariedade, assim o dizem os estudos coreanos. Quanto afeto com esse institucionalizado parental e parietal. Sem alienação hein! Quanto afeto, quanta amizade, solidariedade. As Ciências e Pavlov explicam! Hum, sei! Nessa agora sazonal oportunidade, voltam os antigos convivas e comensais. “Então, seu fulano, feijoada deliciosa, saborosa. Oh, saúde, boa recuperação, hein. Precisar, estamos aí”. Hum. Sei.
Feijoada e Solidariedade