Felicidade

 Relação uso de medicamentos/felicidade 

Recente simpósio sobre saúde mental e sua relação com medicalização (uso de múltiplos medicamentos) ocorreu na Cidade de São Paulo Capital. Foi um encontro multidisciplinar, onde os expositores eram psicólogos, filósofos clínicos, psiquiatra e neurologistas e farmacologistas. Os palestrantes foram profissionais sem conflitos de interesse. E falaram com vasta experiência e qualificada formação em suas áreas, atuação clínica e pesquisas nas respectivas áreas.

A questão central era esta: existe um nexo no uso de medicação e infelicitação. Termo este muito empregado na preleção. O Brasil é um país, não exclusivo, altamente medicalizado ou medicado. E esta relação é proporcional, isto é: quanto mais infeliz se mostra a pessoa, mais medicamentos ela tende a usar. Nem é necessário que sejam medicamentos de efeitos estritamente psiquiátricos ou neurológicos. Mas, estes são os campeões, tanto no expediente da automedicação, considerada uma epidemia ou pandemia, quanto os tantos e milhões de prescrições médicas.

A estatística aproximada é esta: cerca de 100 milhões de brasileiros, usam um ou mais medicamentos. Grande parte desses de forma continuada. Em se referindo aos medicamentos psicoativos, neurológicos e psiquiátricos, estes são os colocados no topo das tabelas. Dificilmente encontra-se um domicílio, onde algum membro não use algum psicotrópico, um sonífero, um antidepressivo.

Uma relação muito estreita existe por exemplo entre as variadas substâncias empregadas como analgésicas. E mais um insight (ou “sacada”) da indústria farmacêutico, com seu poderoso marketing de consumo, quantos e quantos medicamentos trazem na bula múltiplas indicações. São exemplos os medicamentos originariamente indicados para doenças neurológicas e passam a ser prescritos para dor. De anticonvulsivantes e antiepilépticos, muitos são receitados para dores crônicas, enxaqueca, nevralgias, fibromialgias.

Olha esta exposição instigante e pertinente, vinda da Filosofia Clínica, especialidade pouco conhecida pelo público leigo e médico. Muitas são as dores, as ansiedades, as depressões, as insônias, as enxaquecas, as infelicidades que trazem uma causa existencial, vivencial, relacional, de uma péssima compreensão do que é a vida, uma vida boa, centrada que deveria ser em valores culturais, abstratos, de desvendar a natureza, o mundo natural mais simples à nossa volta. Tem-se aqui, portanto, uma visão filosófica esquecida, nas abordagens terapêuticas. Psicotrópicos, analgésicos, soníferos, todos exercem efeitos imediatistas e enganadores, e as causas originais? esquecidas!

E como conclusão dessa breve exposição. Relação mente/corpo: é de grande relevo, e questão muito esquecida de pacientes, clientes de terapias e profissionais médicos: as doenças, os sintomas, ou dores psicossomáticas. De forma bem inteligível, temos a psique e o soma (corpo). Quantas e quantas sãos as doenças que iniciam na mente ou psique, e geram os graves, gravíssimos e crônicos efeitos orgânicos: as dores de cabeça, as fibromialgias, as dores reumáticas, as enxaquecas, as gastrites, as constipações ou diarreias, as insônias, as doenças autoimunes, a hipertensão, e até o temível câncer de variados órgãos.

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