VIDA BOA
Há pessoas e pessoas, gentes e gentes que apreciam a chamada vida boa! E quem não gosta de uma vida boa, uma vida regada a conforto, boas comidas, pouco ralação ou o mínimo esfalfar para o sustento diário em tudo? E vêm então algumas questões. A vida é boa e tanto melhor do que pensada quando ela é revestida de preceitos éticos, solidários, de compartilhamento de ônus e bônus. Aí sim, além de boa é ter uma vida honesta e justa.
E aqui entrou uma palavra chave e emblemática, compartilhamento, nessa relação unívoco e biunívoca do que em essência e em ética e fraternidade seja uma vida boa. Para quem não leu, recomendo uma leitura atenta e interessada de “Regras Para a Direção do Espírito”, de René Descartes, filósofo francês. Conexo ou não com o tema aqui proposto. Mas, vale como lição de vida e de cultura.
Um outro livro de grande valor nas relações sociais, de amigos ou parentais, irmãos/irmãos, irmãs/irmãs, é “Condições a Uma Vida Boa Entre Irmãos! de Michel Lemos Lauriente, escritor argelino. Aqui se trata com propriedade de como deve se dar a fruição de uma vida boa compartilhada, seja com membros parentais, coabitantes ou em domicílios diferentes.
O enredo, muito bem articulado traz admoestações pelo que o autor chama de relações não isonômicas, no desfrute, na fruição, no compartilhamento por exemplo de uma festa, um banquete, um almoço. Nomeadamente quando essa refeição se faz fora de casa, e há os custos naturais, porque não há almoço nem jantar de graça. E nessas horas e cenários, quantos não são os folgados, os aproveitadores, os patuscos, os ensaboados, os fila-boias, que nunca dividem as contas igualitariamente e justamente. Existem! Acautelem-se deles!
Letícia Novaes, era essa mulher lhana, dedicada e afável. Seu lugar-comum era esse: não, deixe que eu lavo as louças! Não, deixe que arrumo a casa para você! Não, deixe que eu pago a conta! Não me custa tanto! Não, não precisa, eu mesma que faço o jantar para você! Leticia era mãe já calejada e experiente da vida. Tinha uma turma de mais 5 irmãos! Afora outros arrimados por ela acalentados e amparados, afetiva e maternalmente! Letícia tinha uma compleição física grácil e franzina, mas laborativa e proativa em tudo que pudesse compartilhar nos desfrute e fruição dos ônus e bônus da vida, e das variadas relações interpessoais, “amicus curiae”. Pouco importando se era uma corte ou coorte, grupo, malta ou grupo social com status civilitá
Dos membros fraternos, Letícia tinha um favorito. É natural, faz parte da natureza do homo sapiens sapies. Duas vezes adjetivada a espécie, o correto é assim mesmo. Quem, ou quid animal, não adota movimentos preferenciais, ou afetivos. Sibare Novaes, era esse fraterno parental, e pai de duas meninas. Que juramentada ou de perjúrio assacava diuturnamente, ser a melhor amiga de Letícia. Cada qual mora em Capital diversa. Letícia em são Paulo, Sibare em Vitória ES.
As comunicações e contatos telemáticos nem eram tanto! Imagine nestes tempos de tantos recursos comunicacionais! Para quê! Tanto até gera engulho e esbulho! Todavia, não havia o que tascar. A cada estação, no mês de maio, Letícia fazia questão de pré-agendar a visita da mais fraterna, e podia aguardar. Ela ia àquela solene e efeméride data. A princesinha sobejava em felicidades e alegrias. Clara ou Clarinha, a toda estação, se sentia Renata. E essa predileção era sentida e apreciada em repetidos gracejos, brincos, alegrias, distinções, honorificações. Títulos.
Olha fiquei sabendo que você se tornou a mais nova protetora da natureza, referia Letícia para Clarinha. Mas, que plantas você mais gosta e as mais raras? Olhe aqui, vem cá que vou mostrar Ticinha. Nome este dado a mais amada das tias, desde pequena, quando Clarinha completava 2 aninhos! Vem, vamos ali no jardim que mostro minhas plantinhas e plantonas.
Olha esta aqui! Copo-de-leite. Eh, que lindas flores já está dando. Referiu sorrindo e olhos vidrados, a tia Ticinha. Vamos em frente, me fale o nome de outras. Olha aqui, esta é uma muito bonita. Chama camélia. Ainda não tem flores, mas não demora vai nascer! Ah, ticinha, você sabe que as plantas começam assim: primeiro tem a semente, a gente joga ela na terra com adubo. Adubo ou terra, vem o broto, uma plantinha nenê, cresce e vira planta e planta, até sair as flores. Oh, tem umas formigas no chão das plantas. Ah, mas deixe elas, tem espaço para todos; completou clarinha puxando ticinha pelas mãos. E foram-se embora ambas, porque era hora do lanche!