o cuidado do coração e o cuidado da coerção

 

Falemos aqui neste sucinto texto sobre a educação de filhos e filhas na questão do cuidado. Essa educação do cuidado dispensado ao parente carente deve abranger o cuidado do próprio filho (a) e sobre a generosidade ou voluntarismo (filantropia) com pessoas idosas e frágeis da família, ou na condição de institucionalizado/acamado permanente, incapaz de se locomover, enfim, com invalidez irreversível: sequelas de toda ordem, AVC, fraturas de membros inferiores, demências!

Assim que esse filho (a) estiver já de adolescente para jovem, a ele deve ser ensinado e treinado, de forma prática mesmo. Tal instrução pode ser feita com alguém da família carente de ajuda, de auxílio nas necessidades de sobrevivência: alimentação, banho, companhia para diálogos ao gosto desse idoso (a), administração de medicamentos nos horários corretos etc.

Esses quesitos da chamada ética e relações familiares, isto é; das solidárias e construtivas relações interpessoais domiciliares, esses quesitos mostram o quão significativo é a Educação do indivíduo, tanto útil e ético para si como para as circunstâncias parentais, para o contexto caseiro comum. Vamos imaginar um filho ou filha que tudo tem ou teve em sua juventude: comida pronta, roupas limpas e passadas, camas e banheiros sempre limpos. E não dividir sequer a manutenção dessa casa comum. Inaceitável e incompreensível!

Quantas não são as famílias em que se vê um e outro membro, filho, irmã, que adota o chamado estilo derrapante/escorregadio de suas responsabilidades em dividir de maneira equânime (em ânimo, entusiasmo e energia, gastos) os cuidados e deveres parentais de um pai ou avô decrépito.  Uma mãe inválida. 

E vem as esfarrapadas desculpas, explicações do não compartilhamento nessas tarefas do cuidado, do zelo humanizado e ético dessa pessoa idosa, agora por vezes na terminalidade da vida. Ah, sabe, como é! Eu não tenho muito jeito para esses cuidados. E tais injustificadas razões não ficam de pé e nem convencem as medianas inteligências. Porque imagine! não saber dividir os cuidados mais básicos, que a pessoa faz consigo própria, comer, tomar banho, vestir. Será que essa pessoa saudável e robusta, na sua casa precisa de ajuda de alguém para comer, banhar e se vestir? Sem argumentos! No mínimo.

E para concluir essa minúscula resenha sobre cuidado e voluntarismo. Nessa circunstância, não importa quem foi essa pessoa agora debilitada e fragilizada em sua saúde física, orgânica ou mental. Não se deve olhar o possível passado de vícios ou desleixo familiar em que viveu esse parente agora incapaz!

Na vida existem dois gêneros de ética e solidariedade. A ética do coração, a que se faz com desprendimento, sem preconceito, sem nojo e repugnância do estado físico e debilitado do outro. E há a ética por coerção, a ética ou cuidado que se faz por uma imposição moral e social, pelos olhos e cobrança de quem precisa de assistência e do olhar do outro cuidador que por vezes o faz quase sempre sozinho, por amor e livre desprendimento, pela simples vocação do cuidado. Temos aí a ética e generosidade do coração; e a ética por coerção moral e social.

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