Feições e caráter cara-de-pau

NO estudo de Deontologia e do direito consuetudinário, há certos tipos estudados de pessoas que no popular vamos nominá-los de cara-de-pau (um tipo) e o chamado caradura (outro tipo social). São termos muito empregados pela plebe, pelo vulgo e povileu, e destes nos valeremos para esta digressão e entendimento. Porque são vocábulos com um forte tom na interpretação a agudeza cognitiva desses caracteres. Por que cara-de-pau, porque o sujeito assim tipificado é imutável, na exploração de outros.

Nos contatos humanos e nos estudos de Sociologia dos Costumes, para melhor compreensão do modus vivendi desses e outros tipos sociais e caracteres, uma fonte de compreensão são as pessoas comuns. Grande maioria delas não tem um conceito erudito desse e outro caráter. No entanto, as nominações a esses tipos, no coloquial, nos dão a exata dimensão de cada um, sua variabilidade e nuances de comportamento. Vamos relembrar um grande pensador do Cristianismo que se notabilizou não só em Filosofia Cristã, mas nos diversos braços de Sociologia (Sociopatologia, Psicopatologia) e Psicologia Social.  Iniciemos por essas suas citações:

 

“Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora”-Beda. O monge Beda (673 – 735) é conhecido como o "Pai da História Inglesa". Se vale pouco esta referência moral, que se leia ainda Tomás de Aquino e Santo Agostinho.

“Continuemos, então, apertemos os passos da virtude, para a alcançarmos. Ninguém se atrase a se converter ao Senhor, que ninguém deixe ir passando os dias; peçamos por todos os meios e antes de tudo, que Ele dirija nossos passos segundo a sua palavra e que o mal não tenha domínio sobre nós”

Vamos atentar bem a estes dois pensamentos e mais alguns a se buscar nas obras desse grande pensador, filósofo e semiólogo que foi o Beda. Se for pouco, que se adentre aos pensamentos de um Aristófanes e Machado de Assis (seus contos e romances como Memórias Póstumas de Brás Cubas). Assim postos, teremos respaldo na compreensão de tipos psicológicos, sociais; daqueles e de todos os tempos: os chamados caras-de-pau e caraduras.

Diria o nobre Beda, se a pessoa que toma posse de 10 sestercios de outro, de 20 denários ou áureos. E não mantem o seu promissório do palavrório melífluo, significa que é um cara-de-pau mesquinho e vil. Isto não se faz! É ser muito desavergonhado em promessas não cumpridas. Esbulhos e surrupio. Fica assim a definição, tanto de caradurismo, como de cara deslavada de óleo de peroba.

Agora, feitas estas notas, é de se pensar e perguntar: imagine, se Breda, Santo Agostinho e acólitos vivessem hoje e deparassem com esses tipos característicos e antissociais de hoje. Os populares caloteiros e folgados, e exploradores de gente ingênua que se tornam vítimas e exploradas, esbulhadas e surrupiadas em suas energias e ativos por esses tais finórios e gaturamos. Gatunos e muito expansivos! Tempos, todos os tempos! Ai, ai.

João Dhoria Vijle - Crítico Social e Escritor 

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