OS BROTHERS TIPO FAUCE E HIANTE

“Esse Custódio nascera com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho. Tinha o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa xira.. dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso, e, até certo ponto, um artista” – Continuemos nessa digressão. Porque igual ao Custódio, e com certas preferências existem muitos outros em seus hábitos gastronômicos e bons gourmets. Imagine aquele Custódio que nasceu com a vocação a zangão da praça e plantões de pantanas.

“Ninguém dava essa resposta ao Custódio; davam-lhe dinheiro, um, dez, outro, cinco, outro, vinte mil-réis, e de tais espórtulas é que ele principalmente tirava o albergue e a comida” C'était pas prévu, mais il faut bien que je te paye”. Imagine esse guapo e parrudo sujeito, símile do Custódio Machadiano. O sujeito que foi gerado, engordado, criado sob mimos protecionistas de nada laborar e receitar. Récitas! Levantar e espreguiçar. Ah, que tédio. Não sei o que vou comer hoje. Deixe ver com fulana e sicrano. Sistemas.

Quem é dado a boa leitura, a cultura que nos engrandece, que nos faz pensar, que dá até algum direto (punhada) em certos tipos sociais e humanos há de se lembrar do Personagem Vaz Nunes no encontro com outro tipo social, o Custódio. Quantos lances e insights psicológicos e psiquiátricos se vê nessa narrativa: O Empréstimo, de Joaquim Maria Machado de Assis.

São muito similares àqueles tipos de gente que não se cora, não se manca, porque não tomam pancadas de tamancos na vida quando deveriam ter sido bem instruídos e educados no domicilio paterno. Porque eram mãe/ pai patetas e lenientes. E nem chá de erva cidreira ou capim santo. Aqueles tipos bem diversos dos onomásticos e patronímicos do sistema S tipo Senac, Sesi,  Sescoop, Senat, Sest, Sebrae.

Por isso voltamos ao esquisito Custódio, quantos dele vimos hoje, nos tempos de redes antissociais. Aquele tipo humano (homem ou mulher) que não se vexa, não se sensibiliza, não verte simpatia ou empatia pele esforço, pelo labor do outro em ralar, em esfalfar, em esfolar, em ficar sudorético em suas fainas diárias, mensais, anuais, ganhar com muito esforço e disciplina os seus caraminguás e deles se repimpar de vaca e sandubas dos bons. Finório! Hum, vamos lá , eu sei onde há uns pratos dos bons! Vamos, vamos! ....

E então há sempre aquele famélico de proveitos, de vantagens, de inanias, de acídia, de exploração de energias e ativos alheios. Gente! Como há esses tipos de Custódio. Mas, nem 10, nem 20, nem 30. E atenção! E há gente ingênua que cai na esparrela do Custódio. Tal e qual o Vaz Nunes, que se fez vítima. De nunca receber o seu empréstimo.

E a História do Advogado goiano:

Ênio Francisco O'donnel Galaça Lima, de 58 anos, irá responder pela morte da mãe. Idosa de 85 anos, morreu em decorrência de maus-tratos praticados pelo filho. Qual filho é responsável pelo idoso? Todos. Indistintamente; independentemente de ter uma empregada doméstica em casa. FOI fato, ocorreu em Goiânia- 11.04.2025- Advogado preso!

É fundamental entender que a responsabilidade pelo cuidado do idoso não recai exclusivamente sobre um filho ou membro da família. O Estatuto do Idoso, bem como princípios éticos e legais, enfatiza que todos os filhos e familiares próximos compartilham a responsabilidade de cuidar e amparar os idosos em sua família; por questões éticas e humanistas, cuidados de forma isonômica, em energia física em gastos, dinheiro.  

Essa História (com H) porque verdadeira, reflete o que muitos outros fingem que fazem, finórios, espertos, folgados. Advogados e outros tipos diplomados, fazem com seus idosos. Aqueles filhos e filhas, que deixam sempre o idoso sob os cuidados de outras pessoas, como empregadas domésticas e vão passear, passar um final de semana em algum resort, hotel fazendo, junto a pares e parceiros, de bona-chira, de lazer, de folgança, de ócio, de negar qualquer negócio que exija suor e labor.

De repente, o pai que estava terminal, entra em agonia e morre. A coitada da cuidadora, alí não sabe como agir. Faz até um vídeo, documento. Eli, Eli, Lama Sabachthani.

Ah, socorra-me, o que faço, deixe ver e falar, socorra-me sistema.  A quem ligo- deixe ir ali, bem ali. Não! Inverto. Aí fica fácil, consigo. Gente! Foi-se. Bem ali de sempre! Mas, de súbito surge uma Ângela, um anjo torto ou certo. Socorram-nos. Eli, Eli, Ângela. Lama! Foi conspiração favorável! E o torto bem longe, regougo, regozijo! Ah, mas, também passava da hora! De todo modo era final mesmo! Fazer o quê!

ENFIM, e dando um fecho nessa digressão, aqueles Brothers, nas assertivas de Machado de Assis, eram de fato, de toda expertise nos regalos da boca e do baco. Sabiam onde se empanturrar de vaca atolada, galinhas, sanduiches dos bons, bonas-chiras, em bons botecos. Eram os regalos os seus pontos de gravidades majores. Como se descreve no personagem Custódio machadiano, Brothers tipos fauces hiantes. De escolha como fila-boias. Ah, vida! E o idoso ou idosa que morre, à míngua. Oh céus, oh vida, oh azar! –Hanna Barbera – Lippy e Hardy. Vida boa, boa-vida! Você que já era bem descrita pelo brucho mais famoso do Cosme Velho, morro do... Ah, tempos. Não mudaram os humanos.

 

João Dhoria Vijle - Crítico Social e Escritor 

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