NO RESTAURANTE POPULAR
Leitores e leitoras de minhas crônicas. Eu chamo a atenção de vocês para certos tipos humanos que vivem e prosperam naquela leseira, naquela malemolência. E nada fazem, nada produzem. E trazem por cultura familiar e desejo uma propensão e tendência: como são dados, aficionados pelos prazeres digestórios com bons pratos, boas carnes, bona-chiras e patuscadas gastronômicas. Sabem tudo de comida, onde comem até empanturrar. Com um detalho: a preferência ou em companhia com alguém que pague a conta. Fato inconteste. Não que aqui pelas plagas nordestinas, há esses tipos. Pouco importa a Capital, ou interior. São os tipos portadores da chamada malandragem especial. São grandes apreciadores, exímios gourmets. Agora pegar no guatambu, roçar algum lote baldio. Ou mesmo fazer como um bom amanuense, bom emprego. Saia justa, nem pensar. Fadiga!
Trazendo o que dizem as Ciências, a Filosofia e mesmo os textos sagrados para nossa vivência comum. Observemos, de forma isenta, mas com um olhar científico e compreensivo criticamente o quanto as pessoas se tornam solidárias nos instintos e apetites digestivos. Vamos a alguns indicativos consistentes:
Faça uma reunião formal e profissional, cultural ou de entretenimento que seja. Na programação, nada de comes e bebes palatáveis, de carnes assadas, galinha, vaca, cervejas, doces etc. Poucos convivas e comensais comparecem!
Faça em contraponto, ou o contrário: churrascos, comida farta e saborosa, bebidas etc. A grande audiência e presença dos convivas do garfo, copo, mesa e bebedeiras. Sorveteria, um botequim com pratos saborosos e suculentos. Ou um café bem recheado de doce de leite, biscoitos. Ah! Assiduidade plena. O sujeito não perde tempo. Na hora.
Mais esta evidência e consistência: tem-se um parental idoso, decrépito, inválido, grabatário. Esse parental (pai, avô, tio, mãe) vem de ser institucionalizado de longa data, e carente absoluto de cuidados de higiene, alimentação, companhia de diálogos diários! Poucos parentes que cuidam. Os ex afetivos parentes (afetivos e parentais genéticos hein!), sequer o visitam como o fazia dantes, em época de fartura e bonança de comidas e libações etílicas. Não se tem mais os rodízios de freezer, de fogão, massas, carnes! Porque esse idoso agora, fétido e feio, de fraldões e acamado, se tornou grabatário, não banca mais os almoços, as carnes, as cervejarias, os manjares e feijoadas. Já era!
Enfim! Eh a vida não é mesmo. Como têm-se filhos e filhas, parentais e parietais de tempos de fartura! Que em tempos de galinhas, de comida farta, de feijoadas feitas por parentais que tudo custeiam, por cervejas e outras iguarias capitosas e saborosas! Oh, afetos, oh, amizades, oh afeiçoes parentais das cozinha farta e bons pratos. Findas essas oferendas e docilidades, ah, agora não posso, tenho meus ócios e tempo pouco, não posso!
Oh, céus, oh, vida, oh azar! Lippy e hardy-
João Dhoria Vijle - Crítico Social e Escritor