Administração Doméstica
Dentro dos cursos de Administração, lato sensu e stricto sensu, em cada uma dessas especialidades deveria estar incluída a chamada Administração Doméstica e Pessoal. O mote ou glosa aqui proposta refere-se ao estilo de muitas pessoas, não importa a idade, no tocante à sua aptidão e expertise na organização e disciplina doméstica. Quantas pessoas são vistas que são completamente descoladas, descomprometidas desses afazeres onde dormem, comem, banham, descansam, entretém, e têm suas roupas e apetrechos pessoas lavados, limpos. E o porquê desse comportamento ou comodismo ou desleixo. Vejamos.
Algum leitor/leitora, poderia lembrar, ah, não, mas este estilo de vida, esse comportamento é muito presente e visto nas gerações mais jovens, moços e moças. Sejam nas casas dos pais onde moram ou mesmo fora de casa dos pais, em repúblicas de estudantes. Entretanto, não esqueçamos, o grupo de jovens que assim comportam vão envelhecer. Ficam maduros, envelhecem e continuarão desleixados, negligentes nesses expedientes tão indicativos e típicos de civilidade, de higiene, de disciplina e organização.
O que está afirmado aqui se fundamenta em Estudos verticais e horizontes; isto é; partindo dos ancestrais dessas pessoas; famílias e padrão de criação adotado por esses pais. A Sociologia, a Psicopedagogia e Psicologia Positiva mostram de forma consistente que tão propalada Educação de Berço é determinante nessa candente questão. Basta lembrar desta frase lapidar na matéria: “O Ser humano nasce analfabeto e morre aprendendo e nunca se aprende tudo que deveria saber”
A corrente filosófica dos empiristas nos ajudam a entender melhor; da importância do meio social e sensorial no aprendizado desde o nascimento. A criança nasce como uma lousa em branco. Nada sabe; apresenta apenas reflexos de sobrevivência. E tudo vai assimilar de conhecimento e comportamento na interação com as pessoas. A família nas pessoas de mãe e pai e cuidadores como protagonistas na formação dessa criança, futuro jovem/adulto/cidadão. Existe o ditado: filho de peixe peixinho será. O sociólogo Jean-Jacques Rousseau: afirmou “ Todo homem nasce bom a sociedade é que o corrompe”
Como referido acima, deveria existir nos cursos de humanas, como Administração lato senso e stricto sensu, essa complementação de formação. E aqui faz-se um adendo, uma explicação para o bem dos leitores/leitores mais jovens. Nessa instrução e formação, a principal escola de administração doméstica e pessoal é a própria família, na tão significativa Educação de Berço. Porque, basta ter em conta que se o jovem de 20 anos, entrado numa faculdade de Administração, este jovem já tem plasmado e incrustado na mente e circuito cerebral, o seu estilo de vida. Ou teve uma educação prática e instrução correta da família, ou má instrução e maus exemplos. Difícil mudar. Um pau torto não se endireita depois de crescido. Mas, pode haver algum ganho na faculdade.
Quantas são certas classes de gente, de variadas idades, que acham que todos os itens já enumerados neste artigo para a vida doméstica não custam dinheiro, não requer ônus, não exigem trabalho doméstico fatigante para que tudo funcione e esteja em boa manutenção? Há indivíduos, jovens e velhos, que são capazes, na caradura e de pau, de levantar da cama e não estender e organizar seu dormitório. Entram no banheiro e deixam suas marcas! Sanitários, pias e lixos. São as pessoas que no popular, se mostram desleixadas, sem noção, pouco cooperativas e nada voluntárias, quando a questão é compartilhar bônus e ônus com vistas à uma sobrevivência civilizada e participativa.
Juraci e Manoel formaram um casal jovem, os entre 30 e 35 anos, já na madureza da vida com um filho pequeno, como que planejado. Ela enfermeira padrão, ele bombeiro da saúde. Ao que tudo indica pelo estilo de cuidar, organizar e disciplinar casa e vida pessoal, sugerem que não tiveram uma educação de qualidade familiar e nem se quer vão mudar, porque já maduros e auto avaliam como nos modelos da normalidade e naturalização. O casal recebe um casal de tios em casa. Porque existe muita afinidade familiar, e vão lá até para conhecer o novo membro da casa, filho do casal.
A impressão e informação repassada do casal visitante é de horrorização e decepção. A casa se mostra uma pocilga melhorada, um muquifo (perdão da gíria, termo africano). Mais que isto, Juraci na maturidade pessoal e funcional, porque enfermeira padrão, como se intitula e marido da área de saúde. Ambos se mostram pouco empáticos na recepção de visitas de pessoas tão afetivas. São os populares sem noção e sujismundos até no seu asseio e higiene pessoal. São os legítimos deformados e não instruídos e formados pela escola familiar/educação de berço. E nada adicionou na frequência dos bancos escolares e na faculdade. As ciências humanas e Psicologia Familiar explicam. Inconsertáveis[j1] .
João Joaquim - médico e articulista do DM