Nossa, a sombra, celha dela
E aqui falemos um pouco mais sobre certos tipos biopsicossociais. E começo por uma frase de um pensador chinês, nada midiático, melhor, zero midiático, porque não dispõe de redes ditas por pessoas civilizadas de redes sociais. Instagram, WhatsApp, tik tok. Chama-se Shiong, Ketzu Ling. Disse ele: “ Há gente tão inútil e vazia que se compara a um tambor, soa porque é vazio” . Outra desse mestre e seguidor de Confúcio: “ Há gente que além de inútil fede”. Olha o quanto de insight e significante nessas palavras. Gente que se faz algum ruído, o faz pelo vazio interior. Aliás, costuma ter conteúdo, de futilidades.
O certo e bem sabido é que se muita gente preocupasse menos com as aparências e posses de outras pessoas, elas já fariam alguma coisa de bom e de útil para si mesmas. Quantas não são certas pessoas que tanto investem em seu involucro, em sua pele, em seus glúteos, em suas rugas e nenhum acréscimo propõem em seu conteúdo anímico, cognitivo e escolar. Ao menos, o escolar. Nem se exige algum atributo intelectual. Mas, que fosse um labor qualquer, uma profissão útil e rentável.
Vivemos tempos sombrios e desesperançados, quanto ao estágio evolutivo e de valores que fundamentam a tipificação do homem como um animal racional, porque dotado de razão e razoabilidade básica, animal superior e diferenciado dos classificados animais irracionais. Racional (de razão, raciocínio abstrato, pensamento lógico) o único capaz de elaborar, de se organizar e fazer previsão. Será mesmo, dotado desses predicados? Fica a pergunta aos primeiros taxonomistas e cientistas de humanidade.
Em se tratando das tormentas que afetam as pessoas. Não se nega que há gente que em uma análise holística, psíquica e psiquiátrica, padece da chamada tormenta genética. São pessoas que trazem intrinsecamente, uma disposição individual e até familiar à uma vida atormentada. Pessoas atormentadas. Seria um carma hereditário, na visão doutrinária do xintoísmo e espiritismo, de seitas de matriz africana? A ver. Porque nada provado cientificamente. São hipóteses a ser postas em ensaios e experimentos.
Entretanto, face a tantos apelos, tanto de gentes circundantes, parentais e não parentais e do próprio sistema reinante, veem-se muitas pessoas que se tornam atormentadas pela instigação em se tornarem adesistas e sectárias das tendências em voga, da moda e do marketing prevalecente! Atormentadas secundárias. E assim, o afirma o indigitado mestre e sábio chinês aqui citado, essas quais e tais gentes, que se dizem bem-apessoadas e antenadas com os últimos lançamentos do quanto de fútil e inconsútil vão como que reverberando suas birutices e platitudes pelos meios em que se inserem, e vão grassando suas tormentas adquiridas, gente atormentada. Veem-se infestações dessas tais e quais.
Agora imagine, aquela dondoca, aquela madame, não a Bovary de Gustave Flaubert, mas aquela pé-rapado cultural e cientificamente falando. Nossa, o que você usou em sua sobrancelha, nos cílios, nos lábios, foi silicone, foi rímel, foi tintura? Atenção, hein: para essas nem sobrancelha, começa com sombra. Sombra para lá, sombra para cá. Nossa! Oh que horrível! Isto não pode, isto não pode! “Nossa! Você viu sicrana? Ela tá com certa roupa de dar medo e ojeriza! Horror! Algumas têm cão, outras têm gato. Algumas os dois, outras nem tanto. Chata porque tem cão, chata porque não tem cão! Ixe! Mixou!
João Dhoria Vijle - Crítico Social e Escritor