quinta-feira, 29 de abril de 2021

Desobediência

 

 DESOBEDIÊNCIA CIVIL

 

Nesta suave digressão literária quero falar sobre a desobediência. Começo pela genérica, aquela vista e assistida por muitos pais, de falas de correção, de limites, do que pode e não pode no convívio da casa, com os pais, com os irmãos, com os coleguinhas da escola, com os amigos, com aos mais velhos, os mais idosos, com os parentes de todos os graus. Esse gênero de desobediência, sim, deve ser corrigido com limites e palavras pedagógicas, de ordem, do que pode e não pode fazer. Porque é da natureza humana, da criança assimilar as inclinações do mal, do ilícito, das transgressões, do feio, do desumano e desonesto. O filosofo Aristóteles já ensinava que a Ética e a prática do bem devem ser treinados para serem incorporados como expedientes na vida adulta. 

   Uma outra forma de desobediência é a chamada Desobediência Civil. Trata-se de uma forma civilizada, esclarecida lúcida e democrática de não se acatar toda lei, norma, decreto ou ordem emanada de um governo que ressoem como injustas, inadequadas e danosas para a maioria das pessoas, a uma comunidade ao meio ambiente, à saúde individual ou coletiva. Pode também ser àquela norma, portaria ou medida provisória ou permanente que viole um direito fundamental. Para melhor substanciar o conselho que proponho da desobediência civil cito exemplos da História.

   Na verdade, busco um caso da Literatura Universal. Trata-se da peça Antígona de Sófocles. Em resumo: a obra retrata a desobediência civil de Antígona contra a Rei de Tebas, Creonte. Antígona bravamente reivindicou o direito de dar um enterro justo ao seu irmão Polinices, que tinha sido morto em combate por guardiões do rei. Ela, essa irmã se insurgiu contra as leis criadas pelo homem (rei de Tebas).

   Na história é emblemática a vida e participação de Mahatma Gandhy na Independência da Índia do jugo, da colonização britânica, de quem foi cativa e escrava por muitos, e muitos anos. Ele, Gandhy, encabeçou e liderou uma longa e exaustiva campanha denominada desobediência civil. E o mais admirável, sem armas, sem violência. Foram apenas longas e populosas caminhadas, discursos, companhas de convencimento e esclarecimento, sobre a exploração dos tiranos colonizadores, sobre os impostos abusivos e toda forma de lesão a direitos os mais básicos. Gandhy foi um grande herói.

   Vele a lembrança de citar outros dois grandes líderes que arregimentaram multidões para a desobediência civil: Marthin Luther King, nos Estados Unidos, contra toda forma de racismo e discriminação social, nos Estados Unidos. E por último Nelson Mandela, da África do Sul. Perseguido e preso, quando livre da prisão, ele lutou e aboliu o Apartheid, essa forma era a mais cruel e repugnante prática de racismo e discriminação étnica.

   Assim pensado, sobre seus efeitos humanísticos, essa forma de desobediência para nossos dias, ela bem que pode ser aplicada e exercida em nossos tempos de Pandemia de Covid. Se há normas, portarias, discursos, recomendações, ou até kits contra o coronavírus que se encerrem em chacota, prescrições infundadas e falas de gente topeira e troglodita, charlatanismo puro.

   Essa, sim, é uma forma de desobediência civil, a mais santa e sensata das desobediências. Todos os que a quiserem praticar , contem comigo.

Quanto comer

 

O PORQUÊ E QUANTO COMER

João Joaquim 

Um dos grandes erros alimentares da população de pessoas acima do peso ideal está no objetivo da ingestão alimentar. Por que comemos o que comemos e o quanto precisamos comer? Todos os ramos da Medicina que tratam das doenças ou espectro mórbido do excesso de massa corporal têm esta certeza. O que falta é a transparência, a clareza e objetividade de cada profissional de saúde, em dizer ao paciente que procura orientação para emagrecimento.

A pergunta objetiva é esta: você ingere comida para que? Trata-se de uma pergunta emblemática, de clareza meridiana. A partir dessa franqueza e lealdade bilateral (paciente / profissional) o enfoque, a abordagem diagnóstica e terapêutica se torna mais fácil, direta e ética. Em todos os segmentos profissionais se vê muita enganação, muito charlatanismo, pseudociência, muita embromoterapia(gíria), nessa que deveria ser uma postura muito mais séria, o tratamento da obesidade.

E aqui, já de plano há como melhor recomendação tratar o cliente ou doente e não a doença em si. Temos aqui um outro desvio de formação e objetividade de muitos profissionais e terapeutas. Tratar doença é fácil. Para tanto basta abrir um livro, as diretrizes ou até o dr. Scholar Google , lá se acham os fluxogramas e algoritmos para toda enfermidade. Seria como a Medicina, via despachante, semelhante ao kit covid do governo federal.

   Recebido o paciente no consultório, necessário se faz nunca se preocupar de início com o seu peso. Nada de balança no começo da consulta. Conhecer a pessoa, sua história familiar, seu currículo pessoal de saúde. Enfim, buscar de forma meticulosa as causas do excesso ponderal e então fazer a pergunta capital, de todas a mais importante. Você como para que? Muitas podem ser as respostas sem uma reflexão mais pausada. Eu como para matar a fome; eu como porque tenho bom apetite; eu como porque sou bom de mesa e garfo.

   Certamente a resposta esperada mais sensata, coerente e científica seja aquela referente ao objetivo da nutrição. Eu como para me nutrir bem de forma qualitativa e quantitativa. O que comer, como comer e quanto comer.

   O maior erro da população obesa está justamente no objetivo da ingestão de alimentos. Os alimentos, as comidas de todos os gêneros passam a ser fontes de prazer, de muito prazer imediato. O alimento se tornou até um lenitivo, um ansiolítico e bálsamo para as dores da alma, para o sofrimento psíquico e emocional.

   As próprias mães, babás, avós e cuidadoras buscam nos alimentos, nos doces, nos biscoitos e chocolates um expediente de recompensa para os choros e birras das crianças. Tal fonte de prazer, de calmante e recompensa se perpetuará na vida adulta. Milhões são os obesos (as) que em estado de ansiedade e depressão ingerem mais alimentos do que a cota nutricional. Um erro alimentar trazido da educação infantil, de uma cultura familiar em fazer da mesa, da cozinha, do fogão, da geladeira, dos comes e bebes a única, a maior e constante razão e expediente de alegria, de prazer, realização e até fonte cotidiana de felicidade. É o império da boca e do baco na construção maior do deleite, entretenimento, festas e prazer e bem-aventurança.

Água +

 COVID E HIGIENE

Estamos aí com o recrudescimento, com o agravamento da Pandemia da covid 19. Até agora todas as pesquisas investigativas convergem na convicção de que o novo coronavírus surgiu como uma inadequada, esquisita e repulsiva cultura de consumo de carnes de morcegos. Para nós ocidentais soa como um hábito nauseante e repulsivo, tamanho o alto risco de insalubridade. Capturar, manusear e consumir a carne de qualquer animal selvagem constitui risco de contrair inúmeras doenças. Algumas destas com elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Não importa que espécie de animal, se mamíferos, se terrestres, se aquáticos como moluscos ou peixes. Os riscos à saúde humana vão desde o contato com o habitat dos bichos, a posse e manuseio dos animais, e mais grave, como a forma de preparo da carne e consumo desses produtos.

    Agora, imaginemos uma população de morcegos! O quanto de agentes infecciosos que eles podem portar, ser eles apenas os vetores e hospedeiros de vírus, bactérias, protozoários e muitos outros micro-organismos nocivos, tóxicos, contagiosos e letais aos seres humanos. As relações dos humanos com animais não humanos trazem sempre riscos de aquisição de inúmeras doenças. Quanto mais raro for o agente infeccioso maior a chance de este parasito causar graves danos ao organismo humano. A explicação é simples: ausência de imunidade e baixa resistência àquele agente infeccioso.

   Temos assim a chamada imunidade de rebanho ou coletiva. Esta chamada imunidade natural ou de rebanho ocorre por contato constante com aquele agente infeccioso. Como exemplo a tuberculose. Muitas vezes sem vacina a pessoa possui a chamada imunidade natural,  pelos múltiplos contatos da pessoa com o bacilo da tuberculose.

   Poderia citar inúmeros exemplos de perigosas relações entre seres humanos e animais.  Tanto os silvestres como os domesticados e escravizados. Este termo, escravidão animal refere-se a todos àqueles animais apelidados de pets, ou por essa subliminar e dissimulada ironia como animais de estimação. Para se ter ideia dessa disfarçada malvadeza humana dos proprietários é suficiente fazer uma inversão de papéis. Imaginemos então que por alguns dias os donos de seus bichos de estimação fossem presos e puxados por coleiras pelas vias públicas, confinados em estreitos espaços e apertados apartamentos e sem liberdade até para se aliviar dos excrementos. Imagine as cenas. A semelhança do que fizeram os porcos na magnífica obra “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell. Nessa ilustrativa paródia, de tiranizados os bichos se tornaram tiranos.

   Tornando então à ideia central e tendo os cães como ícones dessa espúria, insalubre e anti-higiênica relação. Em tempos remotos os cães domésticos eram criados da porta de casa para fora. motivados por múltiplos fatores, entre eles o emocional, a docilidade do animal, e mesmo como um ser alvo de afeto, etc, os cachorros são adotados e hospedados dentro dos domicílios, junto com as pessoas, com as crianças e idosos. Os animais são tratados como membros da família. É uma relação de íntima proximidade altamente perigosa pelas inúmeras doenças que esses simpáticos bichos transmitam às pessoas. E com um agravo, muitas dessas doenças se dão de forma silenciosa, sorrateira, mas com comprada nocividade à saúde de seus donos, das crianças, e coabitantes portadores de comorbidades.

   Essa promíscua relação tem como grandes incentivos às indústrias de produtos pets, os mercadores e criadores de cães e todos os profissionais e comércio que cevem dessa atividade.

 

+Direitos

 

OS PRÍNCIPES E PRINCESAS DA CASA

João Joaquim  

   Parodiando um certo célebre bardo britânico, na relação dos pais com os filhos existem muito mais coisas entre essas personagens do que apregoam todos os ramos sociais e científicos que se dedicam às ciências humanas, sociologia, pedagogia e ciências jurídicas.

   Muitas são as indagações, inúmeras  as dúvidas que pairam na mente dos pesquisadores e mesmo das pessoas comuns do porquê de um filho ou filha gerados em moldes normais, nas diretrizes tidas e havidas como de civilidade e de ética; de esclarecimento repetido, à exaustão, do que é correto, honesto, produtivo, respeitador; enfim de quanto seja belo e bom nas relações humanas e com o meio ambiente; ainda assim, este filho ou filha foge muitas vezes dessas balizas, desse padrão de comportamento; e se torna um rebelde, e faz tudo ao revés da criação e formação recebidas? Por que? Eis a grande interrogação que soa aos ouvidos daqueles que as tais questões se dedicam e tentam respostas que convençam a humanidade. Aos pais, principalmente, que criaram esses filhos com amor, com boa educação, com investimento afetivo, escolar e até com reforço psicológico e adicional educacional. Todo amor e afeto dei ao meu filho, porque ele desviou do bom caminho?

   O que se dispõe de momento é hipótese. São teorias e argumentos a muitos plausíveis e até com laivos e lavores de convencimentos. E são as explicações que temos no estágio de nosso desenvolvimento filogenético e ontológico. Filogenia, estudo da espécie, ontologia, estudo do indivíduo, do ser em si.

   Dentre essas averiguações dispomos dessas que se não nos satisfazem sobejamente, são elas que temos de momento.  Uma delas, diz que o cérebro humano, nas suas áreas relativas à conduta, afeto e gratificação possui uma fácil vulnerabilidade a todo tipo de norma e regras propostas e exibidas por terceiros, exemplo; pessoas fora do meio doméstico, da família. Em explicação mais clara de compreensão, o pai, a mãe ou tutor de uma criança ou adolescente fazem-lhe a função do primeiro professor, monitor e referencial de uma vida pura, honesta e ética. E assim encaminha ou espera que esse adolescente ou jovem resultará em um adulto ou adulta considerado um cidadão bom, de ótimos dotes éticos, sociais e generosos. São as pessoas parentais ou das relações fora do lar exercendo mais influência na conduta e personalidade dos filhos.  

   Uma segunda tese explicativa e sensível na sua essência é de que as conexões sinápticas e psíquicas do ser humano são excessivamente propensas à aceitar tudo aquilo da natureza do mal, do feio, do antissocial, do contrário daqueles atributos recebidos e ensinados pelos familiares, provenientes dos pais, tutores, instrutores e primeiros educadores. É o efeito do mal sobre o bem.

   Trazendo tais teses e hipóteses do comportamento dos filhos e filhas para os tempos das famílias atuais, ficam bem aceitáveis, embora não confortantes as teses desenvolvidas por cientistas e estudiosos da conduta, do comportamento, das atitudes e relação dos filhos e filhas para com os pais uma vez estes atingidos a vida adulta e maioridade. Período da vida em que esses filhos e filhas já estão com muitas coisas (boas, ruins, antissociais) já impregnadas em suas áreas e circuitos neuronais. Uma vez assimiladas, tais informações se tornam como máculas, como tatuagens, como tintura negra em roupas brancas. Nenhum sabão, nenhum antisséptico ou dissolvente as remove dali e se tornam permanentes, indeléveis, impagáveis, como incrustadas no comportamento, nas atitudes e caráter do sujeito e sujeita.

   Todos esses fenômenos são bem perceptíveis no mundo em que vivemos. Eles sempre existiram. Todavia, as Tecnologias da Informação – as TIs os tornaram mais prevalentes e visíveis. A internet, o telefone celular, as redes sociais de um modo geral capilarizaram de forma mais fácil e massivamente esses padrões de comportamento, de conduta, da inevitável relação dos filhos com os pais. E tal fenômeno se faz muito presente com a chamada pedagogia das liberdades individuais, dos Direitos Humanos. Dos Direitos a tudo, da não exigência dos limites, do que seja os significados do sim e do não, do tudo pode, do é proibido proibir. Do vigor e vigência da Chamada lei da palmada: que apregoa nas famílias e escolas, não se pode constranger, incomodar, impor regras aos infantes e pequenos príncipes do lar, os filhos e filhas mimadas e protegidos excessivamente.

   E assim com tanta liberalidade difusa, da libertinagem de comportamento dos filhos e filhas para com os pais construímos com a internet e o telefone celular a chamada fábrica de cretinos digitais, como bem o define o neurocientista francês Michel Desmurget.

Lavanderia

 

CIÊNCIA E LAVAGEM CEREBRAL

João Joaquim  

 

 Platão foi o filosofo do mundo das ideias, para quem a pessoa já nascia com algumas informações sensoriais inscritas em sua mente, no seu intelecto. Muitos céticos diriam: será? Ao contrário , temos a tese dos chamados pensadores empiristas como David Hume e John Locke. Para estes o indivíduo ao nascimento possui o cérebro como esta folha em branco, uma lousa alva, sem nenhum símbolo ou palavra escrita.

Com as informações sensórias, a criança, o indivíduo vai aos poucos, tendo os seus conhecimentos do entorno, do mundo à sua volta. Essa teoria é mais convincente e compatível com a realidade, com a verdade. Diferente da teoria das ideias de Platão. São belas e estéticas, mas pouco convincentes.

É de se ter como verídico que toda criança nasce como uma analfabeta absoluta, completa para tudo. Basta ter como modelo um surdo-mudo congênito. Essa deficiência robustece a tese da tábula rasa, ou lousa em branca dos empiristas.

 E por que da referência à teoria das ideias inatas (inatismo) de Platão e ao empirismo de John Locke? É simplesmente para chamar a atençao para a teoria da chamada lavagem cerebral que acomete os negacionistas das ciências, das vacinas; e preferem crer em bruxarias, em superstição de toda ordem, em falácias, em ilusionismos, em mágica, em curandeirismos, em charlatanismos, em videntes, astrólogos e espiritas.

   Os casos chegadinhos de fresco dessa categoria de coisas, temos com a pandemia da Covid19. Depois de mais cem pesquisas sobre os antibióticos contra o coronavírus, de dezenas de trabalhos e ensaios de vacinas, há gente diplomada em Medicina e Ciências de Saúde que ainda “têm fé” em uma miscelânea de drogas para cura da doença, indo de ivermectina à hidroxicloroquina. Tal crença e fé depois de tantas respostas das ciências, nos fazem imaginar no poder da chamada lavagem cerebral. Fica então esta sensível, esta instigante indagação. Seria a lavagem cerebral um processo ideológico explicado pela teoria das ideias de Platão, ou da tábula rasa dos empiristas? Será que muitos dos negacionista e bolsonaristas já nasceram com informações falsas impregnadas na mente ou foram escolados e adestrados para essa crenças e convivções?

   Isto faz sentido de se perguntar, em pleno século XXI, era digital;  se revela no maior despautério, na maior asneira, nos apresentar, pessoas e comuns e doutores que acreditam cegamente em tais apregoações, em medicamentos, em panaceias e kits para cura da covid 19.




HORA CERTA

 

A CRONOBIOLOGIA DAS CONEXÕES SOCIAIS


João Joaquim  

 

A ciência mostra explicações para muitas coisas. Em especial com o avanço acelerado de muitos estudos observacionais, de casos-controles, comparativos, etc.  Ainda que “entre o céu e a terra haja muitas coisas que não explica-se pela filosofia”. A Cronobiologia é uma ciência que explica muitos ritmos internos do organismo humano. São os biorritmos ou os relógios biológicos. Se dúvidas existem, são exemplos a hora da fome, da digestão, o melhor momento de dormir, o melhor horário de tomar certos medicamentos. Toda forma de vida segue um ritmo interno, inclusive as plantas.  As ciências vêm tentando explicar como se dão, por que em determinados horários, de forma repetitiva, recrudescente; elas, as ciências, tentam entender o uso periódico e com constância das redes sociais, dos recursos telemáticos, do telefone celular por uma grande parcela dos usuários dessas mídias digitais. Por quê? Eis a questão.

   Esta tem sido uma intrigante indagação, uma instigante pergunta. Como se dá esse mecanismo do acesso desmedido, repetitivo dos contatos sociais, usando os instrumentos digitais?  Comparativamente sugere ser o mesmo ritmo biológico da fome para almoçar, em ir para a cama para dormir. Todavia, eis uma dúvida na linha das pesquisas; porque para muitas das pesquisas falha também a Cronobiologia. Muitos internautas com IMC nos picos comem com o mesmo entusiasmo e energia a qualquer hora, de dia e de noite. Assim também esses e essas usuárias não têm horário preferencial para conexão. Há uma tendência em que os mecanismos jazem em áreas cerebrais especificas. O mesmo gatilho das dependências químicas.

   Em que pesem dúvidas, incertezas, conjeturas e indagações, a ciência é obstinada, incansável, insaciável. Um dia pode ser que ela encontre uma elucidação definitiva para o tão recorrente e massivo problema da premência, da insistência, da tão excitante dependência que muitas pessoas, muitos homens, muito mais mulheres do que homens, já o demostra a estatística, o porquê desses usuários usar tanto os recursos telefônicos e sociais para falar com outras pessoas. ....... censurado....

 

monocórdio

 O Monocórdio Na Vida de muitas Pessoas

     

   O escritor e filosofo Albert Camus (1913-1960) foi daqueles poucos intelectuais que se dedicou à Filosofia do absurdo da condição humana. Para ele o indivíduo pode revoltar-se contra essa situação e mudar sua história no mundo. “Nasce então a estranha alegria que nos ajuda a viver e a morrer”. Suas principais obras foram O Mito de Sísifo, O Estrangeiro, a Queda, e Calígula. Camus opôs-se energicamente contra toda forma de tirania de direita ou de esquerda, contra o marxismo e contra as discriminações étnicas e de gênero.

   São muito instigantes seus escritos e ensaios concernentes ao absurdo da condição humana. Nesse contexto é emblemático seu livro O Mito de Sísifo. Trata-se do castigo recebido por essa personagem que rolava uma enorme pedra ao topo de uma montanha. Mas, exausto e lá chegando essa pedra despencava até ao pé daquele penhasco e tudo reiniciava de forma exaustiva.

   Vem daí esse símbolo, essa metáfora para com a vida comezinha, rotineira e repetitiva das pessoas. São tantas pessoas que nunca aprendem com a própria vida, com os erros e fracassos cometidos. Quando se traz essa filosofia do absurdo de Camus para a vida em sociedade constatamos o quanto os indivíduos repetem a condenação de Sísifo em suas vidas. Podem ser citados dezenas de atitudes, de comportamentos que encerram no absurdo de vida para essas pessoas. Basta ficar atento às cercanias, nas rodas de amigos, de conhecidos, de familiares, o quanto se repetem a frivolidade, a trivialidade, o vazio e o inócuo em suas atitudes e comportamento.

   A opção pela maternidade ou paternidade para muitas pessoas ressoa como um belo exemplo da penúria de Sísifo. Basta entender que se o sujeito ou sujeita não reúne condições sociais e econômicas para prover dignamente a própria subsistência como ele vai fertilizar e gestar um filho. Lançado ao mundo e no ambiente dos pais esse filho reúne as mesmas chances de repetir os mesmos rigores, a mesma precariedade e humilhação daquela subsistência (sub e hipossuficiência) desses irresponsáveis e sísificos genitores. A todo dia as mesmas carências, marginalização social, discriminação de toda ordem, impedimento a qualquer ascensão social, etc.

   Puro destino de Sísifo. E o que é pior e desalentador nessa escolha de muitos pais e mães. São múltiplos filhos, numerosas proles, ou seja, ficam mais evidentes a repetição e o absurdo da vida para essas escolhas. Tomemos outro caso bem encontradiço de trabalho de Sísifo. Um exemplo na saúde. O grupo de indivíduos obesos. Quase metade da população mundial para ser mais exato. Excluindo a Coreia do Norte e muitos países da África, a maioria das pessoas está acima do peso. O indivíduo marginalizado e carente social e economicamente, pode não ingerir proteínas suficientes. Mas, de farináceos, gorduras, pinga da ruim, açúcares, milho e arroz, ele se empanturra e se torna repimpado, obeso e mórbido.

   A maioria dos obesos o são por excesso de ingestão calórica. O sujeito ou sujeita sabe desde adolescente que se ganha peso ingerindo muitas calorias e se exercitando pouco ou nada. Ele chega à vida adulta em status de obesidade mórbida. E então começa o trabalho de Sísifo. Periodicamente, ou também por surtos, ele faz dieta, vai ao médico, ao nutricionista, faz atividade física com” personal trainer” (termo janota e pedante), chega até a cirurgia bariátrica. Mas essas mudanças de hábitos não se sustentam. E todo o trabalho volta ao sopé da montanha do mesmo desafio, como se Sísifo fosse. Engorda, perde peso, nutricionista, cirurgia bari, etc.

   Por fim, modernamente como absurdo no modo de vida de muitas pessoas temos a Internet e suas redes sociais. Desde a origem desses recursos virtuais temos aquele rebanho de pessoas que nenhum crescimento pessoal, moral ou intelectual trouxe para suas vidas. Isto porque essas pessoas só acessam o que há de falso, de fútil, de nocivo e de inútil. E são incapazes de alterar esse frívolo e inútil jeito de viver. Missão e escolha de Sísifo no mais alto requinte.

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...