Rês ao
jirau, Cervilho falava de sua cartilha de vida. Descrevia sobre sua infância
etc., juventude, e dos ensinamentos corretos e escorreitos que lhe legaram os
pais. Pai que operava no ramo hoteleiro. Ervazio e Odete eram os nomes dos pais.
Gente boa vindo do Norte aboletar-se em Goiás. Nisto pôs-me a falar Ervázio,
com poucas intervenções do filho Cervilho. Ervázio, chego poucochinho depois do
filho Cervilho.
=Eu tenho
para mim que o melhor patrimônio a que se dedica um homem ou mulher seja sua
credibilidade. Mas, não credibilidade financeira e bancária porque o tomador de
dinheiro tenha lastro movente ou semovente. Vale mais aquela confiança gerada
entre os sujeitos do convívio social.
Eram
assim as assertivas de Ervázio. Odete quando com o marido, assentia em tudo que
ele dizia. Eram prédicas que tinham expectantes porque o homem passava crédito.
= Seu
Ervázio, a gente sabe que o sr foi pai de grande prole, quer dizer de muitos
filhos. Como se deu a instrução geral dessa filharada, como o representante
aqui presente, nosso Cervilho.
=Bem,
continuava Ervázio. Primeiro que é Cervilho e não Servilho. De uma pessoa não se
troca nem o til. Não é isto meu filho? Ser vil e servil são quase iguais.
=Correto
papai. O sr ditou está cravado.
Então,
no meu viver, eu sempre adotei portar alguma arma. Mas, não arma mortal e
perigosa de explodir ou ferir alguém. Mas, a arma do caráter, da palavra dada
ser um documento, um fio de bigode como uma promissória, etc, etc, etc, e tal.
=Como
exemplo, suponhamos que comprei uma boiada de 300 cabeças, com um discurso
promissório de, findado o prazo, eu pagar o vendedor. Pagar com acertos de
juros é o mínimo de honestidade.
= Foi o
que se sucedeu com um nosso parente de sangue e de confiança da cozinha. Esse
parente, de muitos anos sempre foi um aferrado na ajuda de nosso avô, que se
encontra meio enfermiço e debilitado. Nunca esse parente se fez de rogado, nos
adjutórios, na distribuição de igual do que gastar e contribuir, de ajuda
igualitária nas obras domésticas desse avô. Por justiça, esse sujeito era tipo
o carregador de piano na ajuda. Tudo ele fazia e faz sem reclamar.
=Certa
data, tomei dele uns certos animais. Porque animal, bois por exemplo, são moedas
vivas. Se tem é dinheiro. Tomei de empréstimo esses bois e paguei na chincha. Preto no branco. Vieram os bichos, voltou
dinheiro, com juros na medida justa e de caráter.
=É
assim, que funciona o mundo, a vida, as relações amistosas fora da amizade, no
trato correto dos negócios.
=Porque
hoje, tem certos guapos e gamenhões por aí que gostam muito de ostentar com os
dinheiros alheios, de empréstimos não pagos.
=Não, não
e não. A Vida não é assim.
=Nisto,
alguns parentes, arregalaram os olhos, e um foi saindo de fininho. Saiu de boné
bem ajustado e coçando a cachola....