O PAPA INFALÍVEL ?
A IGREJA CATÓLICA É
SANTA E INFALÍVEL PARA SANTIFICAR ALGUÉM ?
João
Joaquim
No
mês de abril/2014 tomamos conhecimento da santificação de dois papas pela
igreja católica. Foram elevados à condição de santos os já falecidos João Paulo
II e João XXIII.
Foi
então mais uma oportunidade onde eu pus-me a refletir com meus botões e
cadarços sobre essa prática milenar da igreja católica. E aqui quero até puxar
uma outra prática já de alguns séculos abolida que era a “venda” de
indulgências.
Esse
instituto do negócio da venda de indulgências funcionava mais ou menos assim:
quem estava disposto a pagar podia comprar o perdão ou indulto dos seus
pecados e ter a garantia de salvação da alma. Uma espécie de passa-porte para o
céu. Agora pelo pouco que pude apurar, não era aquisição para qualquer um. Em
geral era negócio de gente rica. Os clientes citados na história eram nobres,
reis e rainhas. Na aquisição dessas indulgências havia permuta de vastidão de
terras, jóias e muito ouro. Não é sem razão que a igreja acumulou um patrimônio
invejável que dura até hoje. Basta imaginar o patrimônio do Vaticano que supera
o PIB de muitos países. Só em relíquias, obras de arte e imóveis etc,
imaginem o quanto de riqueza tem a nossa gloriosa e operante igreja católica.
Não é pouca coisa não. Ela não paga imposto de renda , o que é outro mimo e
benesse do Estado.
Na
época da venda de indulgências ( vigorou até o século XV) havia uma espécie de
“cartel” ou coalizão entre igreja e Estado. Havia uma influência de
reciprocidade muito grande. Houve momentos políticos na História em que o
pêndulo da balança inclinava muito para o lado da igreja. A influência política
dela nas decisões dos estadistas( reis e rainhas) era muito incisiva.
Torno
eu ao tema maior, a santificação de pessoas. Fico eu a inquirir a quem pudesse
me responder. Se existe alguém com tal aptidão e ciência ou força mística, por
favor que ilumine as trevas de minha ignorância.
As
perguntas que evolam de minha curiosidade e insciência são: pode uma
instituição humana, na caso, uma seita religiosa (ex igreja católica) conceder
a santidade a alguém? Noutras palavras, uma igreja ou seita religiosa qualquer
(católica ou protestante), na(s) pessoa(s) de seus dirigentes (pastores, papas)
têm o condão, poder ou capacidade para conceder esse mérito ou status de santidade
a uma pessoa? Em termos religiosos e de Teologia, onde se encontra nas sagradas
escrituras essa missão de instituições, de pastores, sacerdotes e dirigentes
religiosos ? questão de minha ignorância . Eu nunca li nada a respeito.
Discorro
na minha assumida ignorância, das minhas impressões e o que eu penso. A mim me
parece que beatificar uma pessoa, torná-la santa é uma função sobre-humana, uma
atribuição divina. Por mais pura, proba, reta e ética que seja uma entidade
religiosa, nas pessoas de seus dirigentes, sacerdotes e pastores não teria ela
esta divina missão de conceder a santidade ao um ser humano.
Algum
leitor deste modesto artigo poderá ter uma comichão interrogativa sobre mim,
como um tacanho articulista que sou, e supor ser eu um agnóstico ou
até ateu. De plano, já assevero. Não! Fui criado e educado numa igreja
evangélica, de familiares protestantes e católicos. Hoje, considero-me católico
e nenhuma divergência carrego com igrejas que creem em Jesus como nosso
messias e salvador e em um Deus uno criador de tudo e de todos.
Para
não ampliar polêmica sobre este instituto tão nevrálgico, aliás me parece ,
esta prática , exclusiva da igreja católica, na pessoa do papa, em conceder a
santidade a alguém; eu vou já arrematando com uma consideração. Refiro-me
às condições ou exigências do candidato a santo.
Está
lá no direito canônico: Entre os atributos maiores há de se comprovar milagres
do futuro santo. E então eu expresso minhas dúvidas, incertezas e
desconhecimento. O que é milagre? Eu creio em milagres, que é um atributo
divino. Aliás, a vida já encerra um milagre, o nascimento é um milagre. Algumas
pessoas sobreviver a alguns fatos sinistros e outras não, sugere milagre. Crer
em tudo isso encerra-se em questão mística e de pura fé.
Havendo
apresentação de milagre, continuam os códigos canônicos, este é
examinado numa reunião de peritos; e se se trata de curas, passa por
um Conselho de médicos, depois é submetido a um Congresso especial de
teólogos, e por fim à Congregação dos cardeais e bispos. O parecer final destes
é comunicado ao Papa, a quem compete o direito de decretar o culto público
eclesiástico que se há de tributar aos Servos de Deus. A beatificação
portanto, só pode ocorrer após o decreto das virtudes heroicas e da verificação
de um milagre atribuído à intercessão daquele venerável.
O milagre deve ser uma cura inexplicável à
luz da ciência e Medicina , consultando inclusive médicos ou cientistas de
outras religiões e ateus. Deve ser uma cura perfeita. Comprovado o milagre é
expedido um decreto, a partir do qual pode ser marcada a cerimônia de
beatificação , que pode ser presidida pelo papa ou por algum bispo ou
cardeal delegado por ele.
Caso a pessoa em causa já tenha o estatuto de
beato e seja comprovado mais um milagre pela igreja católica , em missa solene
o Santo Padre ou um Cardeal por ele delegado declarará aquela pessoa como Santa
e digna de ser levada aos altares e receber a mesma veneração em todo o mundo, concluindo assim o processo
de Canonização.
Milagres e mistérios . Como estas coisas
sucedem com uns e com outros não, resvalam puramente para as questões do sobrenatural, do paranormal .
Deus é tão puro, magnânimo, excelso e
prodigioso que continuará sendo um milagre, para nós. Uma realidade que escapa
á nosso ínfima condição de racionais e pecadores.
Assim eu, como pequeno , pecador e
mortal, não consigo conceber que alguém
do gênero humano possa ser investido dessa suprema glória que é reconhecer e
conceder a outra pessoa a divina atribuição de santidade.
João
Joaquim médico- cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com