DA GALERIA A FUTILARIA
NOSSO ÍNDICE DE BAIXARIA E FUTILIDADES E A ESCOLA DE IDIOTIZAÇÃO E IMBECILIZAÇÃO DAS
PESSOAS
João Joaquim
A ONU soltou estes dias mais um IDH, o índice de
desenvolvimento humano. Neste, que aliás resume vários outros indicadores temos
por exemplo educação, saneamento básico, moradia, renda per capta, saúde dentre
outros fatores. A notícia ruim é que o Brasil piorou. Dos 188 países analisados
estamos em 75º lugar, pior do que o Sri Lanka e a Venezuela do agora declamado
bolivarianismo. Numa conclusão acaciana além de não evoluirmos, nós pioramos em
desenvolvimento humano. Estamos em involução .
Uma outra pesquisa realizada em
33 países pela global Ipsos, Perils of Perception (Perigos da Percepção) avalia
os problemas e as características de cada um deles. No Brasil, o estudo
revelou, entre outros pontos, que o país é o terceiro país mais ignorante do mundo.
Nesses dados , dá para se confiar porque trata-se uma compilação não politiqueira,
sem ideologia comunista ou petista qualquer.
Fazendo um paralelo com esse seriíssimo IDH divulgado pela
ONU e do Ipsos, eu pensei num outro índice. O IBF, ou índice de baixaria e
futilidade. Esta classificação iria mostrar o desempenho de cada sociedade nos
quesitos de bom ou mal gosto e a dedicação a toda sorte daquilo considerado
fútil, mesquinho e sem nenhuma agregação de valor à vida social ou profissional
da pessoa.
Eu tenho a sensação de que no IBF o Brasil ficaria numa
posição semelhante a que ele ocupa no ranking da FIFA, entre os 10 primeiros
lugares; seria uma distinção digna de menção ignóbil .
As cenas brasileiras se tornaram um rosário do que temos na
quintessência do fútil, do inútil e do indigno. Tal riqueza desses
comportamentos não se faz sem razão. Isso ganha consistência naquele princípio
pedagógico de que ao filho se ensina com cartilha e com exemplos. Nesse sentido
basta um cenário pedagógico: o mundo
político encenado em Brasília. Trata-se, atualmente, do que temos de mais vil e
indecoroso da história republicana do Brasil. Se os adeptos de indignidades
precisam de exemplos , esses ( os políticos) se acham em profusão em Brasília;
poucos escapam aos maus exemplos para os eleitores e cidadãos. “Dos
filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada Brasil ” ( Hino
Nacional) .
E assim se dá em todas as esferas da vida. Tal prática de
inutilidades tem invadido até os templos que deveriam ser sagrados. Não são
poucas as seitas religiosas que têm empregado o evangelho (boa nova) como
um mercado da fé. Não se trata da parte deste escriba de sectarismo ou
proselitismo dessa ou aquela religião. O que se afirma aqui se constata
facilmente pelos meios de comunicação empregados pelas diversas denominações
eclesiais ou religiosas. Basta zapear pelos canais de TV e ver o que se passa
nos programas de muitas igrejas.
Um exemplo do inútil e do fútil que tomaram conta dos rituais
de muitas igrejas classificadas de pentecostais e neo-pentecostais têm sido a
exploração do baixo discernimento, baixa cultura e susceptibilidade à
doutrinação e preleção da maioria dos fieis dessas igrejas. O que vimos
de muito frequente apregoado como milagre de muitos pastores, apóstolos e
bispos não passa de exploração por parte desses treinados oradores como uma
exploração ao baixo senso crítico das pessoas. Milagres existem, mas, muitos
“deles” são uma reação fisiológica da natureza humana, de cada organismo,
de cada criatura humana, que já encerram
um prodígio da criação divina. A vida e nossa fisiologia já são um milagre. Ou não ?
E assim temos a sucessão de outras frivolidades e vazios que
dominam a vida brasileira. Na música por exemplo que deveria ser a expressão de
arte. Quanta barulheira, baixaria e mau gosto no que chamam esse e outro estilo
de música. Que na minha apreciação e gosto encerra- como arte- um conjunto harmoniosa de sons , combinado a
uma letra com feições de poesia . Como exemplos um Tom Jobim, um Vinicius de
Moraes.
Nas idas décadas pré-internet e pré-celular se valorizava
muito o hábito da leitura de bons livros, dos clássicos da literatura nacional
e mundial. Um status muito almejado era aquele do domínio de uma boa cultura
geral, uma boa formação colegial e acadêmica. Hoje falar de conhecimentos
gerais, do domínio do português, da fluência num idioma estrangeiro, de noções
básicas de Ciências Humanas se tornou janotice e um hábito careta para nossa
juventude. O uso de forma alienada e compulsiva das tão badaladas redes sociais
e da internet vem se transformando numa escola de idiotização e vulgarização da
vida humana. Ninguém mais quer saber de estudar. Parece que o senso crítico, analítico,
pensante doem a cabeça.
É o mundo e o palco da alienação e da imbecilização que vem
inutilizando e esvaziando as mentes de nossas crianças e jovens de qualquer
outros sonhos e projetos que os engrandeceriam como racionais e inteligentes
que são. Quão triste realidade estamos vivendo com tanta porcaria e vilania que
tomaram conta da rotina das pessoas É isto aí, ao deparar uma galeria, lá
tem de tudo, tudo que rima com baixaria: funilaria, pizaria, padaria e o que a garotada
e jovens mais gostam , as vitrines de futilaria. Quanto de vazio e
sem sentido se tornou a sociedade da era da Internet ! DEZ/2015 .
João Joaquim