terça-feira, 30 de outubro de 2018

INfernal Comédia


A CONFUSA E INFERNAL COMÉDIA BRASILEIRA
João Joaquim  

O magnânimo, o polímata, o eviterno o imortal escritor e poeta ( poesia, de poiesis, gênese e criação) Alighieri,  escreveu a atemporal obra A Divina Comédia. Uma magnifica parábola do inferno, do purgatório e do paraíso. Trata-se de um cenário pavoroso, medonho ou dantesco (de Dantes, horroroso, medonho ), onde o suplício era proporcional ao pecado de muitos famosos e governantes do passado, já mortos.
A obra é constituída de círculos -nove ao todo, e conforme os pecados, crimes cometidos pelo indivíduo em vida, ele era enviado para um ou outro de mais tortura e sofrimento.
“Era um sonho dantesco...o tombadilho/ que das luzernas avermelhadas o brilho,/em sangue a se banhar” - Castro Alves. Nesses versos, o grande poeta abolicionista se refere aos suplícios por que passavam os escravos nos navios negreiros. Um grito de protesto contra essa perversidade, cometida  por muitas nações como o Brasil império. Fomos um dos últimos a abolir essa prática desumana e cruel. Os navios da escravidão mais pareciam cenários de um inferno, semelhante aos da Divina Comédia.
A reminiscência aqui a essa obra monumental alegoria,  de Dante Alighieri, foi simplesmente para contextualizar o tema presente. E a essência é justamente o quanto de pecados, crimes, indignidades, erros e tanta corrupção que vem tomando corpo e um jeito de naturalização em nossos tempos, quando se fala de Brasil.  
Tudo isso me traz à memória a filósofa, Hannah Arendt, com sua tese de A banalidade do Mal (um relato sobre a banalidade do nazismo ,de Adolf Eichmann , a mando e como cúmplice do outro Adolf , o demoníaco Hitler.
Quando analisamos a natureza do homem, constatamos o quanto ele tem de tendência ao mal, à violência, ao feio, ao indigno, ao indecoroso, ao ilícito e ao ilegal. Daí foi muito necessária a criação do Estado, de um Estado forte, controlador e opressor. Teorias de Thomas Hobbes –  Leviatã;  e Rousseau - Contrato Social.
Analisando aqueles antigos pecados capitais (preguiça, ira, avareza, luxúria, gula, inveja e orgulho). Os seus descendentes soam como fichinhas, ante tanta danação e maldade que estes infligem às pessoas. Quer pecado mais danoso e maléfico do que a corrupção ? Quanto de mortes nas estradas esburacadas e por falta de assistência médica ? Dezenas de milhares por ano.
Quando se pensa na violência, na maldade, na opressão, na privação que os homens públicos, notadamente os governantes e parlamentares, impõem aos cidadãos e governados, ficam as lembranças das penas ou círculos do inferno que eles merecem, ou possam vir a merecer conforme um veredicto em juízo final. Um julgamento aos moldes do Armagedon. Apocalipse 16-14-16. Que pena eles merecem numa paródia à Divina Comédia ?
Os homens se organizaram em Estados, criaram Constituições, Estamentos, leis, códigos de relações sociais, códigos de punição e ordem. Com todas essas estruturas, MUITAS são as violências, o desrespeito às leis classificadas de direitos humanos;  enfim, a toda forma de dignidade que fica a pergunta(?): e se não houvesse todo o conjunto de regras de convivência e constituições? As leis de todas as nações ?
Em que grau de incivilidade e selvageria estaria o homem vivendo? A omissão, o descaso, a desassistência, a insegurança pública, o analfabetismo, a insalubridade pública . Todas campeiam pelos quatro cantos do Planeta.  A maioria impunidade. Estes bem que poderiam ser intitulados os novos pecados mortais de nossos governantes que não cumprem os quesitos básicos de direitos humanos.
Alguns comentários , de  algumas dessas falhas de nossos governantes, parlamentares e legisladores governantes (poder executivo) que aplicam as regras, leis e constituição elaboradas pelos parlamentos (vereadores, deputados estaduais e congressistas). Êi-los .
O pecado do analfabetismo. As estatísticas do IBGE de momento apontam que o Brasil tem cerca de 13 milhões de analfabetos absolutos. São pessoas (crianças maiores de 10 anos, jovens e adultos) que sequer rabiscam o nome ou leem uma placa de endereço. São cegos totais em leitura. Cerca de 30% da população acima de 10 anos se faz de  analfabetos funcionais. São aqueles que não sabem os rudimentos de somar e dividir e mal compreendem o parágrafo de um jornal. Ou seja, somados os absolutos e funcionais o Brasil tem cerca de 80 milhões de cegos escolares. Uma tragédia inominável, quando se pensa estarmos na tão declamada era digital. Que modernidade é esta de tantos analfabetos e ainda escravizados do sistema Capitalista e consumidor ?
São números que parecem subestimados, porque a tragédia escolar nos sugere ser bem maior. Que pecado maior do que este poderia ser cometido pelos nossos mandatários?
Os direitos aos cuidados básicos de saúde. Os cenários da falta de assistência médica são mostrados diariamente nos telejornais. São cenas de sensibilizar os mais fortes corações. Hoje, no Brasil, adoecer e buscar ajuda no SUS é um SOS sem garantia de socorro. As mortes nas portas dos hospitais públicos já não espantam ninguém, vamos como que nos naturalizando com as tragédias dos desmandos e ingerências dos governantes e políticos.
Os médicos que atendem nas unidades de saúde dos governos podem ter e têm a sua parcela de culpa. Isto tem sido comprovado, mas a má remuneração desses profissionais e as precárias condições de assistência, material, instrumental e predial, constituem uma crônica e triste realidade em todos os níveis de governo. Uma omissão pública sem punição.
De sorte que esses dois pecados capitais, por si sós, são provas robustas e inclementes para colocar muitos de nossos líderes políticos no banco do Armagedon. E aí o veredito final :  só mesmo Deus para um julgamento justo e devidas penas para tanto pecado.  Qual o círculo do inferno merecem muitos desses criminosos governantes que pensam apenas em si, em se enriquecer e se locupletar às expensas de dinheiro público ? As revelações dos corruptos delatores , da operação Lava-Jato, são pequenas mostras da grande tragédia que é a política da corrupção, do compadrio criminoso , em que se transformou o Brasil dos três últimos presidentes; Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. São todos farinha do mesmo fardo. Quão triste cenário, este em que vivemos.    outubro 2018



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