segunda-feira, 25 de maio de 2020

Era Digital

ADMIRÁVEL MUNDO DIGITAL
J J Oliveira

O século XXI, vem recebendo vários títulos: era digital, século da informação ou informática, época da globalização e redes sociais etc. Vivemos uma época de profundas transformações. Mudanças em todos os círculos e esferas da vida. Os avanços tecnológicos, científicos, normativos, estatutários, direitos, estéticos e comportamentais são tantos que deixaram a sociedade em polvorosa, numa espécie de neurose adaptativa da modernidade.
O certo é que tem se tornado difícil uma adaptação pacífica, reconfortante e isenta de algum transtorno nocivo a saúde mental, emocional e física das pessoas.
A dificuldade de ajuste das pessoas á celeridade e quantidade de mudanças vem propiciando a um outro triste, a um tristíssimo qualificativo para nossa aclamada era digital, uma sociedade medicalizada. Nunca, em percentual, as pessoas consumiram tantos medicamentos como neste início de século.
Não bastante o enorme arsenal de medicamentos que as pessoas usam para doenças orgânicas e físicas, elas crescentemente vêm buscando o alívio do sofrimento psíquico e emocional com o emprego dos chamados ansiolíticos e  antidepressivos.
Os avanços e refinamento das ciências médicas trouxeram mais longevidade e qualidade de vida, com uma consequência inevitável: mais doenças crônicas e degenerativas que exigem uso contínuo de múltiplos medicamentos.
A par de tantos insumos farmacêuticos para tantas doenças de envelhecimento sobreveio a necessidade de medicamentos neuro e psicotrópicos para o enfrentamento das doenças mentais.
Modernidade e celebridade produziram uma neurose adaptativa. Existe hoje um espectro muito amplo de sintomas mentais, neurológicas e do comportamento. Uma doença bem comum desses tempos da hipermodernidade é o transtorno de ansiedade. Muitas são as formas do estado ansioso. Como exemplos a ansiedade pelo status social, pela posse material, pela visibilidade (ser é ser percebido pelas redes sociais), pelo corpo perfeito, pela juventude eterna, pela mais saborosa alimentação etc.
A não posse desses bens materiais ou status propicia um recrudescimento do viver ansioso. Ao mesmo tempo as pessoas não querem o sofrimento psíquico cujos sintomas mais comuns são tristeza, insônia, conflitos conjugais, depressão, mau humor e medo.
Ante todo esse quadro de desconforto psíquico e social busca-se o alívio nos elixires e pílulas da felicidade. Ninguém quer e pode sofrer. O elixir da felicidade de hoje é representado pelo álcool nas suas mais variadas formas.
Ele se transforma na droga lícita e social mais consumida do planeta. Para melhor compreensão temos em síntese a classificação das substâncias que agem no psíquico e cérebro das pessoas.
A-      Drogas lícitas e socialmente aceitas. Álcool, narguilé, nicotina ou tabaco.
B-      Drogas lícitas restritivas. Os psicotrópicos e neurotrópicos em geral, cujo uso se faz com prescrição médica.
C-      Drogas ilícitas. O uso não é crime; proibido o comércio (tráfico). Maconha, cocaína, crack etc.
Ao analisar essa perversa tendência, de uma sociedade medicalizada, vem á nossa lembrança a magnífica obra de Aldous Huxley- admirável mundo novo (de 1935). Nessa bem elaborada distopia, o autor fala de uma droga da felicidade, o Soma. Huxley foi profético com os seus personagens consumidores da milagrosa e felicitante droga.
Fazendo um paralelo com o agora “admirável século digital”, temos á disposição das pessoas, não uma, mas centenas de pílulas da felicidade. Além do somatório destas substâncias classes A, B, e C, o Brasil e o mundo dispõem de uma infinidade de lenitivos para as dores sociais e psíquicas. Nesse quesito entram inclusive as opções de entretenimento, as terapias estéticas, as cirurgias estéticas, as mídias sociais e até os arranjos conjugais homoafetivos e mudanças de sexo com as cirurgias de transgenitalização. Maio /2020

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