terça-feira, 19 de julho de 2022

Disse Tartufo

 CAPACHO e Escoras

JDV

 Existe um ditado popular que afirma: “um pai é por 10 filhos e 10 filhos não são por um pai”. Estupenda sabedoria, verdade genuína. Porque é exatamente isso o certo e encontradiço na natureza humana. Muitos podem ser os filhos, a prole se compor de numerosos descendentes. Todavia, poucos são aqueles que trazem a vocação natural, a inclinação espontânea em zelar, em curar, em proteger, em dar de comer, oferecer auxílio higiênico digno e amparo quando esse idoso, idosa se encontra em estado de vulnerabilidade, frágil, acamado, incapaz para as funções instintivas, básicas da vida.

Aliás, vale uma correção em tempo. Há filhos e filhas que até fazem alguma coisa, alguma ajudazinha a um pai ou mãe em condição de vulnerabilidade. Tais mini feitos e nanos auxílios se dão por uma coerção social, psíquica, religiosa e escrupulosa. Tal realidade nas relações humanas se fazem concretas, na medida em que ninguém vive só, como uma ilha, somos circundados por pessoas, e elas agem como monitores e censores. Indiretamente estamos sempre cobrados de nossos atos e participações.

Nunca hemos de olvidar, de negligenciar esses princípios, os princípios dos farrapos de virtudes que todos portamos em nosso íntimo, em nossa alma, em nosso arcabouço moral e espiritual, ainda que o sujeito ou sujeita não professe alguma religião convencional ou doutrina. Um ateu, um agnóstico, um pernóstico que seja, cada um guarda laivos, remanescentes de generosidade.

Alguns descensos e ascensos até o fazem por uma imposição de pundonor, porque na verdade, esse cuidador recebe mais bônus do cuidado que ele devesse dispensar como cuidador. Isto no que concerne a essa relação biunívoca. Porque o ideal e humanístico seria um liame unívoco.

Assim, que cada qual de per si faça esse escrínio. Dos filhos cuidadores, quase sempre um (a) será o capacho, o bobo (a) da corte. Nas palavras verazes e proféticas de Tartufo. Um idiota, o bonzinho, o que mais faz, o que mais trabalha, mais expende. Natureza humana. “Eu sou homem e nada que é humano me é alheio”. Terêncio, poeta romano.

Joao Dhoria Vijle

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