SÍNDROME do bonzinho (a)

Existe no ramo da Sociologia Familiar, uma questão chamada captura da generosidade parental. Alguns especialistas chamam-na também de síndrome da bondade (ou síndrome do bonzinho ou da boazinha). O verbete por si mesmo é autoexplicativo. Nada além de aquela pessoa no convívio familiar, ou mesmo outra forma grupal que se mostra sempre cordata, receptiva, laboriosa, em tudo fazer para o outro, ou ceder-lhe bens, objetos, até valores monetários, sem opor condições ou negativas, se o promissor não honra sua palavra.

Um paralelo ou equivalente dessa condição, da síndrome da bondade, encontramo-lo, também estudado na Psicopatologia (ou Psiquiatria). Trata-se da chamada captura de consciência. Revela-se, como denominada por alguns estudos, de lavagem cerebral. Mecanismo este muito empregado e visto por líderes religiosos, doutrinários e políticos. Diversos ideólogos políticos empregam a captura de consciência para arrebanhar apoiadores, voluntários e seguidores, para ao fim e termo do planejado ser alçado ao poder, se tornar presidente de seu país; ou mesmo um autocrata e tirano. Exemplos típicos de Venezuela/Nicolás Maduro; Rússia/Vladimir Putin e Hungria/Victor Orban.

Esse comparativo é bem ilustrativo e mostra como as pessoas são adestradas, doutrinadas e iludidas em se tornar adeptas, seguidoras, apoiadoras sustentadoras desses líderes. O processo emocional, social e psíquico é comum a esses “cabeças, a esses mestres do ludíbrio”. Todos se valem de palavras, oratória, discursos e promessas como poderosas ferramentas em atingir os seus objetivos de poder, de culto à sua personalidade e mandatário do que pretende: doutrina, seita, religião ou cargo administrativo e político.

A titulada síndrome da boazinha ou bonzinho se vale dos mesmos ardis e artifícios psíquicos. E esta síndrome é por demais vista e muito presente nas famílias, justamente por este vinculo genético e afetivo, de boa-fé (ou má-fé). Nessa relação, onde se dá a síndrome da bondade, haverá sempre aquela pessoa lhana, cordata, gentil, generosa, voluntária. No mesmo bojo haverá o explorador, o parente folgado, escorregadio de suas responsabilidades laborais ou materiais, em compartilhar bônus e ônus, lidas e mantenças da casa, de um idoso carente de cuidados e ajuda.

A mostra e exemplo mais encontradiço se assiste e constata justo nesse cenário doméstico. De um pai ou mãe idosos carentes de ajuda física, higiene, companhia, aplicação e tomadas dos medicamentos prescritos, um banho, apoio de segurança contra eventual queda e acidentes. E acima de tudo na divisão equânime dessas tarefas e dos custos de cada item com esse idoso carente. Haverá sempre algum esperto, folgado, negligente e explorador do membro parental mais dedicado e vítima da síndrome da boazinha, do bonzinho! Enfim, o processo psíquico e ardiloso da captura de consciência alheia, se vê nas grandes figuras e cargos públicos, políticos, até na vida simples e fraterna das famílias, corporações e organizações sociais as mais diversas.

João Dhoria Vijle - Crítico Social e Escritor         

Postagens mais visitadas deste blog

Veteranos Doentes Digitais

Vício e possessão narcoólica >

SER OU ESTAR CARA-DE-PAU