quarta-feira, 30 de setembro de 2015

PLANETA...E ESPORTES...

ECOLOGIA E OLIM-PIADAS 2016

 João Joaquim


Nesta  semana ,causaram-me boa impressão e um sentimento de brasilidade algumas notícias que li em alguns jornais on-line, Estadão, Folha etc.
Não foram acontecimentos  e fatos de investimento em estradas, escolas ou saúde. Nem frentes de trabalho, nem novas minas de petróleo sondadas pela Petrobras. Antes que todos fiquem impacientes e me chamem prolixo (ou pró lixo), eu digo logo, foram questões ecológicas,  de energia sustentável e olimpíadas 2016.
 Vamos às questões ecológicas no que concerne a saneamento básico ( urbano) e graduação ambiental. Não confundir com degradação ambiental que é outra coisa. Esta, a graduação ambiental é coisa diversa mais moderna.
Na verdade, sendo mais conciso e pró lixo eu falo a respeito dos depósitos dos lixos produzidos nas cidades. O expediente funciona mais ou menos assim: muitas Prefeituras no sentido de economia e em obediência à temida Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não têm investido em aterros sanitários nem em reciclagem dos resíduos e rejeitos urbanos. Tudo de inaproveitável  ou muito descarte  ,  que é jogado  fora pelas pessoas e empresas tem sido lançado a céu aberto.
Voltando então ao conceito de graduação ambiental. Os lixos que as companhias urbanas recolhem das lixeiras ou mesmo das vias públicas  ( porque há pessoas que não têm lixeiras) refletem o ambiente social, familiar ou trabalhista dos ditos cidadãos  ;ou seja, é aquele principio sociológico: as pessoas são o que comem ou o lixo que produzem. Exemplo: se a pessoa tem os qualificativos de cidadania (igual a civilização) seu lixo estará bem embalado, separado em biodegradável ou permanente etc.
As mesmas características se aplicam às indústrias (empresas) com seus resíduos ou rejeitos sólidos. Das suas( as empresas no caso) preocupações com a ecologia se deduz a sua graduação ambiental (entenda-se graduação como classe social) no mundo ou meio onde vivem seus diretores, presidente e gestores). Os funcionários menos graduados dessas empresas não têm tanta culpa porque eles recebem ordens e normativos dos superiores, tecnicamente falando.
Dentro ainda desses primados da graduação ambiental muitos prefeitos e gestores da coisa pública (não confundir com “res publica”) fazem e defendem o seguinte.” No que tange ao lixo, nós, enquanto servidores do povo vamos acabar com esta tal de graduação ambiental. Os lixos, continuam eles, serão  amontados por igual, a céu aberto, para que ninguém que por ali passar possa identificar os primitivos donos daqueles  lixos ali despejados” . Vejam que ideia brilhante, embora venha de gente que nem reluz nem ofusca( ou nem fede nem cheira).
E pensando bem, têm razões suas excelências, os prefeitos, e as têm duas vezes,  primeiro porque assim não se discriminam (graduam) ou recriminam as pessoas pelo lixo que produzem e segundo, não há risco de exorbitância da tal LRF. Em suma, acaba-se com uma forma de discriminação humana e economiza-se dinheiro do erário municipal.
 A notícia de energia sustentável foi que a UFRJ construiu um estacionamento solar de cerca de 250 m2 de cobertura para os carros com placas de energia fotovoltaica. Para tanto a universidade federal deverá economizar por ano cerca de U$ 30.000 em contas de energia elétrica. Como prêmio e mimo do governo carioca (governador  Luiz Fernando  Pezão, ele calça 48) a UFRJ deixará ainda de pagar icms , algo em torno U$ 4000.000 por ano. Um negócio tipo pai bilionário (Estado RJ) para filho pobre (a União).
A notícia que li sobre olimpíadas 2016 foi esta: como preparativos para as olimpíadas 2016(Rio de Janeiro), o COI vem promovendo algumas provas-testes na Baia de Guanabara, Copacabana  e Lagoa Rodrigo de Freitas. Todavia, com alguns incidentes e micro-acidentes. Os atletas de remo(canoagem) e vela têm reclamado de alguns corpos e objetos estranhos nas águas desses mananciais. Algo do tipo cascas de coco, além do cocô, garrafas pets, sacos plásticos e peças de utensílios domésticos como sofá e  outros menos nomeáveis .
Outros técnicos europeus estão preocupados com detalhes sanitários como os vírus de hepatites e coliformes fecais.
Agora, francamente, falando direto para os atletas, homens fortes e musculosos. Vocês habituados a saltos mortais, distâncias com barreiras, superação de tantos limites;  et caetera e tal ;  vêm agora com tais melindres e futilidades de se preocuparem com pequenos objetos e bichinhos, presentes( e gratuitos) em nossas águas brasileiras. Não, não, por essa o Brasil não esperava. Francamente.   Set/2015

EM DEFESA DAS MULHERES...

SOU FEMINISTA e DEFENDO ESSAS MULHERES
João Joaquim 


 Eu começo esta crônica por um milenar provérbio de todos sabido que diz; do pau que nasce torto até as cinzas são tortas. Pode também ser dito no singular:  pau que nasce torto até a cinza é torta. Enfim ele encerra um anexim ou princípio do quanto de sabedoria e doutrina têm o senso comum, a filosofia popular ou o folclore. E nessa seara estão aí as obras de um Câmara Cascudo, de um Barão de Itararé ou de um Bariani Ortêncio para reforçar tais verdades e sentenças atemporais.
Eu abro a matéria com o dito -pau torto e cinza torta- para referir-me a uma notícia desta semana que dá conta de uma festa promovida numa penitenciária feminina( presídio Sant’Ana) em São Paulo capital. Os festejos se deram para comemorar os 22 anos da fundação do PCC. Para os não muito afeitos a siglas eu já explico. Não se trata do partido dos corruptos e cia; mas sim do primeiro comando da capital-PCC (SP). Organização criminosa esta congênere do comando vermelho do Rio de Janeiro Capital.
Vale lembrar que o partido dos corruptos e cia também existe, com uma ressalva, que o partido  é de quase todos desconhecido, uma vez que sendo criminoso não é registrado em cartório ou no TSE; daí funcionar na clandestinidade, nos bastidores e porões das grandes empresas ou empreiteiras, casas legislativas ou palácios de governos. Alguma semelhança com o Brasil não é mera coincidência.
A comemoração promovida pelas presas em São Paulo tinha uma particularidade. Em lugar de iguarias alimentares havia gastronomia  psicodélica. Bolos e salgadinhos foram trocados por drogas. Drogas com fartura. Em vez de confeitos e confetes foram servidos baseados(recheios) de cocaína, maconhas e sucedâneos. Como as hóspedes da penitenciária passavam de 2000, necessário se fez organizar filas para que todas as convivas fossem bem servidas.
Mostrando um alto senso organizacional, trata-se de outro detalhe não menos importante, a solenidade de muita pompa e regozijo foi registrada em fotos e filmada. Feitos de ficar para a posteridade. Tudo gravado, documentado e divulgado na internet e redes antissociais (ou sociais para quem o queira).
Assim posto e relatado falo eu agora, sem que eu queira ser rábula ou advogado desse ou aquele diabo (ou diabas no caso).
O primeiro lado ou causa que eu encampo é o das criminosas. E assim procedo porque vieram a imprensa, OAB, a sociedade e diretores do próprio presídio com o propósito, primeiro de censurar o consumo de drogas por aquele grupo de mulheres; segundo de aplicar àquelas condenadas algumas medidas disciplinares ou até mesmo recrudescendo suas penas já em cumprimento. Até onde sei há até operadores da lei (delegados, juízes ) dando parecer no sentido de punição às lideres daquele expediente festivo.

Tais intentos e ideias de retaliação ( isto me lembra as penas de talião) não procede. Diretores e chefes daquela  hospedaria penal foram sumariamente demitidos, sem direito à ampla defesa e ao contraditório. Postulados estes tidos e havidos como cláusulas pétreas da nossa  Constituição.
Tomo eu então a questão central, a defesa das festeiras em comemoração aos 22 anos do PCC,  que aliás é também chamado 15-3-3 ( ordem das letras no alfabeto ).
 Exmos Srs.
 Desembargadores e presidente do TJSP:
Meritíssimo juiz de execuções penais do presídio feminino de Sant’Ana;
VV. Excias,  hão de convir para essa irreparável injustiça prestes a ser cometida contra esse grupo de mulheres. E assim proclamo e exalto, data venia, porque basta realçar e asseverar o conjunto de vocações, a índole, a aptidão dessas criaturas: a contravenção,  a desobediência às leis e livre escolha ao cometimento de  toda forma de delito.
Ou VV Excias queriam que elas estivessem meditando, rezando, fazendo jejum ou outras práticas que purificassem a alma? Nossas indignas presas não são plantas, nem paus. Podem não ter nascido tortas. Mas tortuosas são , cresceram, assim foram educadas pelo meio de onde vieram e assim o serão “ad infinitum”.

Atenciosamente,
João Joaquim 

QUESTÃO DE PALAVRAS....

A GRAMÁTICA DA VIDA E DA MORTE  
  João Joaquim de Oliveira  


Todos sabemos o quanto é importante a comunicação, as palavras, expressões e frases para a coisa certa, na hora certa e também no contexto próprio. Sabe-se que até a entonação, a pontuação dos termos na frase tem tudo a ver com o sentido que se quer dar ao fato, aos seres, sejam eles abstratos ou não.
Vejam por exemplo como uma vírgula ou acento pode mudar todo o sentido de uma  locução, frase ou texto. Tome-se como exemplo uma mensagem de um presidente de um país a um comandante de guerra. Êi-la:  “ fogo não poupe a cidade”. Esta ordem com o uso da pontuação correta pode resultar em uma tragédia ou salvação de um sem-número de inocentes em função de uma vírgula(,) no texto. Conta-se que da transcrição errada de um telegrafista (anos 1916, I guerra mundial ), houve uma carnificina de uma população. O telegrama original era: “ Fogo não, poupe a cidade”. O comandante recebeu a ordem com a vírgula mal colocada: “ Fogo, não poupe a cidade”. Um desastre por causa de uma reles vírgula mal posicionada no texto telegráfico . Agora imagine hoje com o chamado internetês dos meios virtuais. Por isso que as mensagens eletrônicas não têm muita credibilidade. As pessoas estão cada vez mais se analfabetizando ( desculpe-me pelo neologismo).
Aliás, nosso riquíssimo e polissêmico Português com suas expressões idiomáticas já é cheio de armadilhas e incongruências difíceis para qualquer gringo que venha a estudá-lo. Veja esta pergunta como exemplo: você não poderia me fazer isto? Pois não! Tanto a interrogação quanto a resposta estão negando, quando na verdade entendemos o contrário. O mais coerente dessa resposta seria: pois sim!
Interessante e curioso no uso dos termos dúbios se dá por exemplo até  no mundo do crime. Aqui é quando os meliantes e corruptos e respectivos advogados trazem um outro sentido às palavras e verbetes. Os melhores exemplos têm-se mostrado agora depois do pavoroso e medonho mensalão e com a horrenda e monstruosa roubalheira de nossa petroleira, a Petrobras. E em todo esse sarapatel  , que é a operação lava-jato, é que percebemos a inteligência e esperteza dos criminosos e respectivos advogados em trazer novos significados para as siglas, palavras e frases. É como se eles estivessem reescrevendo uma nova gramática, sintaxe e semântica para a língua portuguesa. O bom de tudo também é que as polícias, ministério público e justiça produziram diversos neologismos e novos significados para palavras antes pouco conhecidas das pessoas. Assim temos mensalão, propina, lava-jato, pixuleco etc, que todos já sabem o significado .
E a tradução de algumas siglas também vem se tornando até pitoresca. Para a sigla PSM encontrada na agenda de um corrupto da Petrobras por exemplo. A polícia federal deduziu que se referisse ao deputado Paulo Salim Maluf. A explicação do investigado:  não, não! PSM seria a sigla do partido dos sem meta(PSM). JD sugere José Dirceu, veio o advogado do dito cujo e foi enfático! Não, não, JD são as inicias de jantar dos domingos. Ou seja para as siglas vale tudo. Deletar provas, em e-mail de um acusado; explicação dele ao juiz  da oitiva, não, não doutor,  se trata de provas de curso on-line. Eu vou estudando e destruindo o que eu estudo.  Ele só não explicou  se era curso de como enganar a Justiça ou alguma pós-graduação de como ficar mais rico sem trabalhar. Vai lá entender o seu internetês.  Agora adivinha se o juiz acreditou nisso.
Para concluir essas notas sobre o correto uso dos termos vale a pena citar uma tragédia ocorrida em 28 julho de 2015 com o jovem Adílio Cabral dos santos, em Madureira RJ. Este ambulante foi atropelado e morto por um trem da chamada super-via e o corpo lançado atravessado sobre os trilhos. Veio a primeira composição e não deu de parar e passou em cima do cadáver, sem, ao que parece, encostar nesse corpo. De pronto surge um grave dilema com os próximos veículos que vinham chegando na ferrovia. Retira o corpo atropelado ou pára  a composição? Não, não pode parar o trânsito porque cerca de 6000 passageiros vão ser prejudicados. E assim foi procedido. Ao todo três diligências da super-via trafegaram por cima do cadáver.
De imediato surgiu um grave conflito de questões éticas, morais e até penais para os responsáveis da concessionária de Madureira. Foi falta de humanidade com os despojos e família do atropelado?  Foi um descaso e crime de vilipêndio àquele cadáver? Interessados estavam os administradores da super-via, a polícia local, direitos humanos e ministério público. E pasmem todos. Eis que tais rumorosos clamores foram resolvidos com uma solução de interpretação e semântica por um guarda da própria concessionária dos trens. Ele se apresentou e foi breve. Era questão de uma vogal.
Na verdade, disse o funcionário em tom pedagógico, os trens não passaram em cima do cadáver. Eles trafegaram acima do corpo. E continuou o agente público com ar professoral ;  o mesmo se daria com uma morte sob um viaduto. A pessoa morta está em baixo e os carros passam acima daquele acidentado. Pouco importa se o espaço entre o corpo e parte inferior da composição seja de 50cm , 2 m ou 10 m. Veja o quanto uma simples questão semântica ou de interpretação  e correto uso de um termo, pacificaram todos os ânimos de quem interessado estava naquele evento trágico de que foi vitima o ambulante e anônimo vendedor de petiscos e balas; e não se falou mais nisso. 
 Com a desumanização da vítima e pobre morto e o  correto emprego de palavras deu-se por encerrado o caso. Se a família entender de reclamar à Justiça ou ao bispo local, certamente haverá alguma indenização a receber. Entrementes, com uma ressalva, o ressarcimento por danos morais  e materiais sairá  lá nas datas das calendas gregas, mais ou menos  em 30 de fevereiro de 2030. 

SOCIEDADE BELIGERANTE....

UMA GUERRA IGUAL A TODAS AS GUERRAS


João Joaquim

De gota em gota( morte em morte)temos um tragédia igual a todas as guerras. Todos assistimos à violência em  nossa volta, pelo Brasil e pelo mundo. Ela tem se institucionalizado de tal forma que aos poucos nos costumamos com ela. Vida é vida e não tem diferença aqui, ali ou em qualquer lugar . Mas, por que nos habituamos com a violência? Não importa contra quem ela ocorra. Contra a criança, a mulher, o idoso, os animais, o meio ambiente, a terra. Ela é sempre perniciosa, daninha, indigna e vil e não poderia ter quem dela divergisse. Não podemos aceitar passivamente a dor alheia.
 No concernente às questões da violência, nós, as pessoas comuns, sofremos uma espécie de adaptação ou analgesia. É um claro exemplo da síndrome de Estocolmo. O próprio Estado entra neste processo de anestesia. Nós, a sociedade e o mundo, nos encontramos num estágio de entorpecimento social. Trata-se de um comportamento de aceitação, de imobilismo frente a tudo aquilo que é ruim, maléfico, ilegal e criminoso. O Brasil com suas quadrilhas de criminosos graúdos e políticos tem sido um exemplo desse mal. A todo dia abrimos as páginas dos jornais, ligamos a televisão e estão lá as imagens  e narrações como se uma novela ou “reality show” fosse. São mortes no trânsito , no tráfico de drogas, mais uma operação  da Lava-Jato, mais empresários e políticos presos, num moto-contínuo .
É o princípio de “no varejo ou de grão em grão nada nos atormenta, nada nos faz mal”. Vamos pegar os casos da violência no trânsito. Dos nossos motoristas assassinos. A cada dia pessoas são executadas por motoristas ineptos e bêbados, por carros velhos e estradas mal conservadas. São poucos casos ,à primeira vista, se analisar uma cidade em  um dia. Ao final de um mês , somando todo o país, têm-se mais de cinco mil mortos (números de uma grande tragédia). Ao final de um ano têm-se mais de 60.000 mortos, números de grandes guerras.
Essa estatística não causa impacto nem abalo emocional nas pessoas comuns, nem no Estado como organismo político e administrativo porque foram pequenas tragédias que sucederam gota a gota. Pequenas, em tese. Pensemos em uma tragédia de trânsito que dizimasse 5000 pessoas de uma vez! Haveria uma estupefação nacional.  Até mesmo Internacional. Países, ONGs, estadistas; ditadores até; se mobilizariam oferecendo ajuda e pedindo ao governo brasileiro uma solução imediata e eficaz para minimizar ou evitar futuros casos de igual impacto.
Nenhum sociólogo e outro cientista precisam buscar exemplos tão remotos na história da humanidade. Tomemos o caso das mortes no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria RS. Passados dois anos, aquela comunidade ainda se acha consternada. Foram 242 pessoas mortas em uma festa de confraternização . Isto choca até hoje porque foram muitas vítimas em um único episódio de incêndio. Se tivesse ocorrido uma morte por dia, ninguém, nem o Estado estavam se lembrando mais do horror daquela data.
Assim vem ocorrendo com os refugiados dos regimes tirânicos de países africanos (Eritréia, Guiné Equatorial, Darfur Sudão) ou nações em guerra. A Síria em quatro anos já exterminou mais de 300.000 pessoas. É o regime exterminador do presente do ditador Bashar Alsaad, contra o qual a ONU tem se mostrado inoperante como uma voz no deserto.
Hoje, em pleno século XXI dos tempos digitais( já tivemos  o século das luzes), estamos ( as pessoas e o mundo) vivendo uma tragédia a granel, de gota em gota, a que Estados Unidos e ONU não dão solução. Parece uma guerra onde os vencedores serão sempre os algozes e assassinos. Estou a me referir aos terroristas , fanáticos e fundamentalistas de países que se dizem muçulmanos. Eles vêm depredando e desmoronando patrimônios culturais  de três , quatro mil anos e o mundo não faz nada para detê-los . São  crimes contra a civilização humana.  Esses ratos e predadores  do estado Islâmico (EI ou Isis, boko-haram) vêm impetrando o holocausto dos tempos modernos. Somadas as vítimas do dia a dia, daqui a pouco, teremos uma tragédia igual a todas as guerras. São facínoras e a pior  face do mal.   Que horror.    setembro/15 

domingo, 30 de agosto de 2015

MORTE E MORRER

MORTE E MEDO DE MORRER
João Joaquim



  Eu começo esta crônica tomando de empréstimo uma citação do grande escritor, cronista e humorista Luiz Fernando Veríssimo. Numa entrevista perguntaram-lhe sobre a morte. Ao que de bate-pronto ele retorquiu “ É a última coisa que quero para mim”. Quanto humor sadio, severidade e realismo nesta frase. E aí então, sem muita Ciência, cientificismo, religião e pieguismo eu divago um pouco sobre a ideia que nós, os ocidentais, temos sobre essa tal das indesejadas e indigitada das gentes( parodiando Manoel Bandeira, bela perífrase ).
É interessante pontuar , até onde meu intelecto e meu saber alcançam, que o conceito de morte e existência pós-morte varia de acordo com a cultura e as crenças das pessoas. Para ilustrar essa visão diferenciada basta ler alguns princípios e dogmas do Hinduísmo, do Xintoísmo(Japão), do Islamismo. Quando citamos islamismo, não se pode confundir com o fundamentalismo (Isis, Boko-Haram etc). Porque o sistema e crença desses terroristas são uma abominação e absoluta degeneração dos escritos sérios e  sagrados do corão.
Quando se fala de morte para os seguidores e praticantes do cristianismo também fica de fácil entendimento. Afinal o seu protagonista maior, Jesus de Nazaré, personifica bem o que é o ciclo nascimento-vida-morte-vida pós-morte.
Abstraindo um pouco da visão e da era cristã eu gosto muito, tenho mesmo uma grande admiração por algumas correntes filosóficas sobre a bipolaridade de nossa existência vida e morte. Em curtas referências e sem divagações sistemáticas eu citaria por exemplo dois filósofos gregos: Sócrates e Platão, século III e IV a.C. É admirável como a cultura e filosofia desses baluartes da sabedoria grega (ocidental) se coadunam com os princípios e preceitos cristãos do novo testamento. São notáveis e encorajadoras, para os cristãos as convicções e crenças de Sócrates sobre imortalidade da alma. Uma demonstração de sua inabalável fé na imortalidade da alma foi quando condenado (por suas convicções) ao suicídio pela ingestão de cicuta (planta venenosa). Conta-se que no momento de sua execução ele debochou e ironizou dos pretores (juízes) que o condenaram e de seus carrascos. Sócrates afirmou que os seus algozes e inimigos estavam também condenados , não à morte ,mas  ao ostracismo e ao esquecimento, enquanto ele (Sócrates) viveria para sempre. A História revela que grande filósofo e sábio que foi, ele tinha absoluta razão. Sócrates(autor da lapidar frase -só sei que nada sei-) , sem dúvida garantiu seu assento em definitivo no panteão dos gênios e  avatares,  bem como ingresso ao rol dos  bem aventurados no reino dos céus. Viva o Sócrates. Ninguém  se lembra de seus algozes.
 Platão , como se sabe, foi discípulo e grande responsável em perpetuar os ensinamentos de Sócrates. Tornando aqui para nosso mundo menor, cristão e brasileiro. E mesmo para o dos  não cristãos e ateus. Eu penso que nós humanos, somos a única espécie que além de inteligente e racional temos consciência e certeza de nossa mortalidade, de que somos nascidos e mortais( memento mori)  . Outros animais têm medo da morte apenas quando ameaçados, mas não vivenciam a condição de mortais. Existe até um princípio existencial de que o homem (gênero) vive cada dia como se fosse o último, os animais irracionais vivem cada dia como se fosse o único, nem o primeiro, nem o último, mas um contínuo. Uma outra característica muito bacana e saudável das pessoas  é o fato de elas viver como se fossem eternas. Olha quanta beleza reside nessa habitualidade de levar a vida como se fôssemos eternos, sem começo, meio e fim. Imagina o quanto de angústia isso geraria, a todo instante eu me lembrar que um dia vou me apagar. Nós só introjetamos a ideia e sofrimento da morte quando somos ameaçados. Na vigência de uma doença mais grave, de uma ameaça física, frente a um perigo iminente. Basta lembrar das fobias de trânsito, de avião, de altura etc. Nessas horas, na verdade estamos expressando nossa fobia da morte.
Uma última questão que trago à reflexão se refere ao luto vivido pelas pessoas que perderam um amigo ou parente muito querido (filho, pai, irmão). Não é incomum depararmos com aqueles(as) que após a morte de um familiar vivem o resto da vida em profunda depressão e eternos lamentos pela perda desse parente.
O que eu como médico, filho e pai de dois filhos posso falar para essas pessoas em eterna luta no luto por algum parente? Eu que também já passei pelo luto de parentes próximos . Viver a vida da forma a mais bela, a mais pura e ética é o caminho mais seguro de uma vida feliz aqui e depois do aqui.

A morte é um fenômeno indissociável da vida. Diante da  perda de alguma pessoa que nos era querida e amável nos resta, de fato, lamentar o seu fim, a sua extinção de nosso convívio. Todavia, que essa angústia, esse luto não perdure por meses ou anos a fio. Frente à morte de alguém de nosso círculo  de amizade ou de sangue o que devo fazer é aproveitar a memória, os legados que essa pessoa deixou para mim, para a sua família  e para a minha família, quando não até para a comunidade onde ela vivia e para o mundo. Aqui, sim, eu posso então dar significado não só à perda dessa pessoa querida, afetuosa, amável e útil aos que ficam , mas sobretudo às suas contribuições deixadas em vida.  

PENSAR E FALAR

PENSAR É LIVRE, EXPRESSAR NEM TANTO  

 João Joaquim 

É opinião unânime que um dos mais nobres tributos da condição humana seja a liberdade. E aqui é ser livre no sentido o mais amplo possível. Imaginemos a mais nobre e primitiva dessas liberdades que é o direito de locomoção ou como se diz no vulgo o de ir e vir. Não é sem razão que uma forma que o Estado encontrou para punir um criminoso é com a privação da liberdade. Em termos frios e realísticos o encarceramento de uma pessoa é mais cruel do que a pena de morte. Isto é sobretudo verdadeiro no Brasil onde as condições dos presídios são desumanas e degradantes. O nosso próprio ministro da justiça José Eduardo Cardoso já opinou que preferia morrer a  ser hóspede de nossas penitenciárias. São autênticas pocilgas com um alto grau de putrefação, insalubridade e muita indignidade à pessoa humana. Tratar qualquer  delinquente  de forma degradante e desumana é se igualar aos instintos e condutas delitivas desse próprio criminoso.
Mas, em termos conceituais, o que é liberdade? Consultando nossos léxicos tradicionais está lá assentado: liberdade é o poder que tem o indivíduo de decidir ou agir conforme sua própria determinação( ou sua própria vontade). Quando buscamos a definição por exemplo nas Ciências Jurídicas e na área constitucional temos que a liberdade não é um poder absoluto de agir ou decidir conforme a própria vontade do indivíduo. É o velho princípio de- meu direito termina onde começa o direito do outro, do meu próximo e semelhante-  Faz todo sentido esse balizamento e limitação da liberdade de cada um. Imagine quanta anarquia nas relações humanas se cada pessoa pudesse falar ou expressar o que lhe desse na cabeça. Seria um caos com interações muito aflitivas e tensas no convívio humano.
Carlos Ayres Britto, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), cravou essa: “ a liberdade de expressão é a maior expressão de liberdade”. Eis que então entra nessa liberdade uma limitação, ou seja, eu posso até dizer o que eu determino ou quero sobre alguém ou alguma entidade. Todavia, com uma ressalva, eu estarei sujeito a ser interpelado judicialmente por eventuais ofensas a terceiros. São explicações adicionais feitas pelo próprio ministro.
Tais ditames e ressalvas previstas em lei não foram consignadas sem razão e sim concebidas para uma convivência e coexistência harmoniosa e respeitosa entre as pessoas e entre todos os segmentos públicos e privados da sociedade.
Há muitas formas de liberdade que são quase  absolutas. A liberdade de criação artística por exemplo. Se formos pensar com muito rigor ainda cabe aqui alguma ressalva. Imagine por exemplo um artista no ato de retratar alguém  (pintor-fotógrafo). Tem-se  uma tela desse pintor. Uma pessoa que porventura tenha um defeito anatômico, uma deformidade física por uma doença mutilante ou que seja uma pessoa que não gosta de se mostrar! Certamente essa pintura, essa obra de arte vai trazer um impacto negativo no emocional ou bem-estar dessa personagem retratada . Veja que mesmo na criação artística o indivíduo não poderá dizer tudo o que se passa em seus pensamentos, em sua autodeterminação( conceito de liberdade)  de pintar ou escrever tudo que pensa. Deve haver um balizador, um limitador de expressão, no sentindo de apaziguar interesses e sentimentos antagônicos.
 O que é saudável e construtivo nesse mundo de pessoas tão diversas é o exercício de muitas outras virtudes e expedientes que tornem nossas vidas uma troca contínua de conhecimentos e experiências. Assim, paralelamente ao exercício de muitas liberdades por que não o respeito às diferenças? Por que não a cultura da gentileza, do acolhimento ao outro? Por que não o saber ouvir sem desdém ou subestimação  as ideias e opiniões contrárias a minha? Por que não aproveitar um pensamento, uma reflexão positiva, uma iniciativa salutar até de um rival profissional ou político?
O que eu quero deixar como mensagem é que ninguém é dono da verdade. Liberdade assim como o domínio do conhecimento tem limites. Dessa forma e em nome da paz entre as pessoas o melhor é o espírito de respeito , cooperação e compartilhamento de valores e conhecimentos . E não perder de vista que outro bom conselho vem de Sidarta Gautama, o Buda, o melhor caminho é o caminho do meio, o equilíbrio e harmonia em tudo. Entre as pessoas idem.

 “Quaisquer Palavras Que Pronunciamos, Devem Ser Escolhidas Com Cuidado Porque As Pessoas Ouvem E São Influenciadas Por Elas, Para O Bem Ou Para O Mal” (Buda).   Agosto/2015

LIVRE ARBÍTRIO..

OS CARMAS E FARDOS DO LIVRE-ARBÍTRIO

João Joaquim


 Eu já abordei, mas quero colocar de novo em baila um tema de que se fala muito dele nos últimos anos, a liberdade. Eu penso ser uma das faculdades a mais nobre entre todos os animais. É a capacidade ou aptidão mais almejada do gênero humano, não importando que idade ou condição tenha essa pessoa. Ela representa uma das conquistas do indivíduo ainda nos albores da existência. Basta lembrar da criança quando no ato de  engatinhar. E olha quanto trabalho ela exige, nessa fase, dos pais e babás. Afinal trata-se de uma das maiores habilidades na primeira infância, a liberdade de locomoção, a capacidade de ir e vir. Talvez a maior das liberdades ao lado da expressão e opinião. E assim prossegue o homem em sua jornada. Vem o início da fala. A criança já no domínio das primeiras palavras nos dá a maior lição de liberdade. Qual seja, a liberdade do questionamento, do como e do  por quê de tudo.
Em tom espirituoso, mas não menos verdadeiro pode-se afirmar que os filósofos nunca deixam de ser crianças porque eles são perguntadores por excelência. Esta, sim, constitui uma das maiores expressão de liberdade. Eu que sou um noviço e apaixonado por filosofia, não importa que ramo seja; reaprendi a ter o espírito e a curiosidade das crianças, que não se contentam em simplesmente ver alguma coisa acontecer. Elas exercem essa sagrada liberdade da interrogação:  o que é isso? Para que serve aquilo? Como funciona tal equipamento ou fenômeno?  como nasce uma pessoa? E atenção pais, cuidadores e educadores! Nunca dos nuncas reprima uma criança nessa tão legítima e sagrada liberdade da curiosidade. E jamais falseiem ou mintam para seu filho, seu aluno, ainda que essa e outra pergunta soa embaraçosa. Sejam francos, inteligíveis  e honestos a qualquer questionamento.
Assim que a criança vai se desenvolvendo e aumentando o seu campo de conhecimento torna-se de grande significado e determinante o papel dos pais, cuidadores e educadores no crescimento “lato sensu” e formação dessa criança. É da natureza e fisiologia da infância, adolescência e juventude a impulsividade, a irresponsabilidade e a ausência de limites, a não obediência a regras e normas de conduta. Nesse percurso da vida torna-se relevante o papel do adulto, da família, enfim do meio social onde acha inserido de forma interativa esse adolescente, esse jovem em formação. É desse segmento da vida que se pode tirar o provérbio “ dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
Pode-se cravar que é dentro dessas diretrizes e princípios que o sujeito pode se tornar uma pessoa cidadã no amplo sentido do termo.
Em se tornando um cidadão de direitos e deveres, frise-se os verbetes direitos e deveres, este sujeito faz jus ao título de cidadania, que encerra civilidade e civismo . O que é um Cidadão?  Indivíduo dotado de dignidade, consciente de sua condição de convivente de uma sociedade onde devem imperar a ordem, o respeito às normas do grupo, às leis e convenções estabelecidas pela sociedade e pelo Estado. Nessa esfera ou trajetória da vida ficam patentes mais do que nunca o exercício e fruição de toda forma de liberdade, mas com responsabilidade. Direitos e deveres em equilíbrio .
É útil e oportuno que se registre que vivemos em uma sociedade onde têm imperado os excessos de liberdade. Muita libertinagem e devassidão .  Seriam toda forma de comportamento e atitudes sem a absoluta preocupação com a liberdade e direito do outro de ter também a sua liberdade de escolha, do estilo de viver, de opinião, de expressão e atos os mais banais do dia a dia.
Uma outra faculdade ou condição inerente ao gênero humano de que usufruem as pessoas se refere ao livre-arbítrio ou a também chamada (em filosofia) de liberdade de indiferença. Trata-se de um atributo que mal exercido traz grandes danos a terceiros, à família, ao grupo social e mesmo ao Estado. Para exemplificar essa pseudoliberdade ou livre-arbítrio vamos imaginar um indivíduo drogadito ou um alcoólatra contumaz. Um e outro estão no livre-arbítrio de ser um usuário de drogas ou ser alcoólatra por toda a vida. No entanto, dessa “liberdade” de se autodeterminar para esses nocivos e perniciosos vícios muitos danos poderão resultar para outras pessoas, muito sofrimento e dor familiar. Vamos explicar melhor.
Imagine, como se vê em muitas famílias, um chefe de família (pai, marido) que passa longos anos no abuso do álcool! Um dia esse organismo vai cobrar a conta. Uma cirrose hepática, um derrame cerebral com sequelas incapacitantes. Pergunta-se: que liberdade ou livre-arbítrio foi esse de no futuro, esse drogadito ou alcoólatra  se transformar num pesado fardo e estorvo para a família?

 Por isso deixo esta última mensagem: nem toda liberdade e livre-arbítrio podem ser absolutos e sem limites porque as consequências podem ser muito danosas, de tormentas  e de grande sofrimento moral, físico e emocional  aos familiares e ao Estado que vão cuidar desse agora incapaz que se entregou aos prazeres da vida. E eles existem aos milhares por aí em nossas famílias, em nossa sociedade. Eu tenho esse tipo na família , tu podes ter,  nós e muitos outros poderemos os ter um dia ,  como um carma, uma cruz eterna e pesada. Quão triste pensar nesses nossos bebuns e outros dependentes químicos no seu danoso livre-arbítrio e futuros trambolhos para os parentes que nada tinham a ver com esses vícios .       Agosto/  15

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...