terça-feira, 13 de novembro de 2012

HORÁRIO DE VERÃO CONTRA NATUREZA

Entre outubro e fevereiro , aqui estamos nós: trabalhadores, estudantes, pais e mães de alunos a vivermos com as agruras e os inóspitos dias do pernóstico, malsinado e mal decretado horário de verão. Muitas pessoas já afeitas com minha posição irredutível e contrário a essa nociva invenção de nossos digníssimos representantes e governantes perguntam-me, como se adaptar a tal interferência tão insalubre como esta em nosso organismo ? Basta relembrarmos o seguinte : a natureza dotou os organismos vivos, inclusive as plantas, de um ritmo ou relógio interno. Assim, os seres vivos têm um ciclo de funções que sofrem influência de elementos biológicos e ambientais os mais diversos. Na espécie humana, várias funções biológicas, como sono, temperatura corporal, síntese e liberação de hormônios, são constantes e repetitivas num período chamado circadiano (circa dien, cerca de um dia). A temperatura corporal e o cortisol, por exemplo, se elevam antes de o indivíduo acordar. Muitas enzimas digestivas são ativadas nos horários habituais das refeições ( 12 h, 18 h, etc ). A sincronização e regularidade de muitas funções dão ao ser humano uma referência de tempo e horário, mesmo sem o relógio de pulso. Isto se processa através do relógio biológico interno. Por que somos assim? São mistérios e prodígios da natureza . O que sabemos é que a interferência, a quebra destes ritmos tem profunda e negativa influência na saúde e qualidade de vida das pessoas, de qualquer ser vivente, até no reino vegetal . O funcionamento, a coordenação e interdependência destes ciclos têm participação de estímulos endógenos (do próprio organismo) e meio ambiente (luz solar, período claro/escuro, hora de adormecer e acordar). O primeiro experimento científico de grande relevância sobre estes fatores internos e externos foi empreendido pelo astrônomo francês D’Ortous de Mairan. Este cientista isolou uma planta heliotrópica, a mesma da espécie de nossa conhecida onze-horas da incidência de qualquer luz solar. Para grande surpresa do cientista, essa belíssima planta herbácea manteve a mesma periodicidade de abrir e fechar as folhas e desabrochar as flores, sempre no mesmo horário (11 horas), mostrando que, apesar de ao abrigo da luz (escuro), tinha um estímulo interno (relógio endógeno) responsável por seu comportamento que se repetia sempre no mesmo horário. Os pesquisadores Aschoff e Weber, utilizando voluntários humanos isolados em cavernas, documentaram que essas pessoas resistiam por vários dias e mantinham quase inalterados os ritmos de secreção hormonal e outros parâmetros fisiológicos. Todavia, concluíram que a privação prolongada da luz natural, a inversão do ciclo dia/noite, como no horário de verão, gerava marcantes mudanças fisiológicas com um amplo espectro de efeitos, de elevada morbidade, interferência na saúde, quebra da homeostase (equilíbrio e interação orgânica interna), ou seja, com muitos reflexos negativos na qualidade de vida. Todos sabemos que muitos fenômenos naturais, como tempestades, enchentes, secas prolongadas, tufões, terremotos, trazem enormes impactos ecológicos, riscos à segurança e bem-estar das pessoas. São acidentes meteorológicos naturais inevitáveis, contra os quais nada se pode fazer. Inaceitável e condenável por qualquer pessoa de bem, lúcida e de bom senso é assistir repetidamente a ações e teimosias que voluntaria e deliberadamente são produzidas e perpetradas por muitos administradores públicos e governantes, que inúmeros constrangimentos, danos e malefícios trazem à população através de uma medida provisória, decreto-lei etc. Um exemplo dessas ações e medidas (des)governamentais é o malquisto e nocivo horário de verão, que, conforme estudos científicos e estatísticos, traz grande impacto à paz, à segurança e à saúde das pessoas. Tudo sob a justificativa de questionáveis e ínfimos índices entre zero e 4% de economia de energia elétrica. Mesmo sob reiterados protestos das pessoas, participação ativa de muitos políticos, o governo atual teima na manutenção de tão insalubre medida no estado de Goiás que já se sabe não se beneficia com tal mudança. Mesmo se tal economia fosse concreta, justificaria tanta sacrifício de estudantes e trabalhadores que têm de madrugar , ter noites maldormidas e se expor a riscos de assaltos em pleno escuro, entre 5 e 7 horas da manhã ? Na verdade, o governo precisaria era de mais investimentos em usinas hidroelétricas e mesmo fontes alternativas de energia. Isto, sim, mereceria admiração e apoio de todos nós. O horário de verão nada mais é do que um daqueles arbítrios próprios de governos populistas como este que vimos aturando , sob os auspícios dos ideários do lulopetismo. Até quando ? A paciência do povo tem limites. Por ora os nossos protestos e um basta para medidas muito antipáticas como esta de termos sono perturbado e levantar uma hora mais cedo com tantos reflexos danosos em nosso organismo. João Joaquim de Oliveira médico joaomedicina.ufg@gmail.com

Nenhum comentário:

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...