Valdevinos...
OS
VALDEVINOS DO BRASIL
João Joaquim
Nesses dias do exame nacional do ensino
médico (ENEM), vieram-me, de permeio, algumas reflexões sobre a humanidade. A
brasileira como modelo porque o Enem é uma exclusividade nossa. O adjetivo
médio de nosso ensino é bem ilustrativo visto tratar-se daquela encruzilhada na
vida de cada pessoa que almeja ser alguma coisa ou alguém nessa passagem pelo
planeta.
Se pegarmos a nossa juventude, pode-se
dividi-la em duas classes de pessoas. Isso grosso modo. Porque há
estudiosos e pesquisadores que a subdividem em várias subclasses. Uma como
exemplo, a dos chamados três nens. Quais sejam os jovens que nem
trabalham, nem estudam, nem vontade têm para ambas as ocupações. Ou seja, essa
3a subclasse, como se diz no vulgo são os valdevinos por vocação.
Mas, tornando ao mote central, duas
classes de pessoas. A turma que produz alguma coisa e a que nada faz ou produz.
Se falamos aqui dos jovens, ela é extensiva às pessoas de todas as idades.
Afinal o jovem amadurece e ele será o adulto e idoso de amanhã. Adultos que,
independentemente do gênero e sexo nada fazem, nada produzem e se pudessem já
nasceriam com uma aposentadoria vitalícia, pensão, mesada e outras benesses,
vindas de onde viessem. O que importa para essa classe de gente seria
isso: uma vida fútil, vazia e sem nada acrescentar à família, aos pais, ao meio
social onde inseridos, dos quais dependem para cama , mesa e banho .
Melancolicamente, sofrivelmente, o
Brasil está infestado desse tipo de pessoas. Classe de gente que começa em
idade precoce, na infância, adolescência e juventude. E de plano, como
instigante que é tal triste realidade, poderiam ser apontadas as causas dessa
trágica constatação de nossa vida brasileira.
Esse contexto se inicia na infância no
processo educacional da criança. E aqui têm culpa o Estado( Brasil) com suas
políticas precárias na educação pública, tem culpa o nível de escolaridade das
famílias de baixa renda, tem culpa a
falta de planejamento familiar e controle de natalidade oferecidos pelo
SUS. Alguém menos avisado poderia indagar, mas o que têm a ver planejamento
familiar e controle de natalidade com analfabetismo, pobreza, desocupação,
desemprego e ociosidade improdutiva das pessoas? As realidades da educação
brasileira, da saúde pública e da previdência social respondem por si. São
esferas e setores vitais intimamente imbricados. Melhor educação gera melhor
saúde pública e previdência social sem déficit . Estes dois fatores
respondem a questão . São esferas e setores vitais intimamente
imbricados. Melhor educação gera mais saúde, que gera mão-de-obra mais eficaz,
maior qualificação profissional, menos desemprego e uma previdência social mais
superavitária e mais segura e protetora para os seus afiliados.
Adicional a todos os fatores enumerados
temos a índole latina do povo brasileiro. Ao que sugerem muitos pareceres e
obras de sociologia; a ociosidade, a preguiça, a malandragem, a
vagabundagem compõem o espectro da natureza e da índole de boa parcela da
humanidade de brasileiros. Além do espírito de porco, muitos têm o espírito
macunaímico. Sugiro ler a magistral obra de Mário de Andrade, Macunaíma.
Enfim, são essas duas classes de gente.
Uma composta daqueles(as) que vivem na ociosidade, que nada produz. Falar em
previdência social. Esta é uma prova viva e irrefutável dessa casta de pessoas.
Não é sem razão que essa seguradora estatal está à beira da falência, da
insolvência, tamanho o seu déficit. Culpa da corrupção de seus gestores e de
tantos benefícios e aposentadorias fraudulentas obtidas por usuários e
segurados desonestos.
Contudo, não subsiste só desesperança e
fim de mundo. Existe uma classe de jovens, adultos e brasileiros que salva o
país e traz muito alento. Todos assistimos a uma parcela de jovens (o Enem como
exemplo) que sonham, que pensam, que estudam, que criam. Independentemente de
condição sócio-econômica dos pais, de assistência do Estado, dos abrolhos
impostos pelo meio social, das dificuldade até de abrigo e mobilidade urbana.
Esses jovens são exemplos a ser seguidos e imitados num modelo da cópia do bem.
Eles são os adultos e brasileiros que nos orgulham e nos trazem a certeza e a
segurança de um país melhor. Com igualdade de educação, justiça e saúde para
todos. Que assim seja o futuro para
todos.
Novembro/2016.