Contou-me uma certa vez um andarilho que expressava ter
atributos de taumaturgo. Chamava-se Faustino José. Tino era o seu apelido dado
por antigos seguidores e sectários. Declamava provérbios invisos. Eram prolóquios
e anexins os mais sentenciosos. Muitas eram as vezes que invitava admiradores
para pósteras palestras.
Ninguém, mas ninguém mesmo o arrostava com suas máximas e mínimas
assertivas. Referia mesmo fazer milagres. Mas, milagres de cultura, porque alguém
mesmo iletrado e de pouco ou ínfimo saber passava a gostar de oralmente,
repetir seus ditos e brocardos.
Quando algum gaiato na sua agrestia e rusticidade o
enfrentava, mais que isto, se havia algum traficante de simonia, ele de tudo
fazia para traspassar suas investidas. Os seus ouvintes, a maioria, tinham suas
prédicas como vindimas de bom saber. Nessas andanças e trilhas muitos eram os
seus catecúmenos, neófitos do bom saber, aquele que transforma o indivíduo. Ele
nunca desanimava desses trêfegos e refegas contraditas. Nada diminuía ou cominuía
o seu mister de reverberar cultura e cidadania.
Muita vez alguém tentava promover alguma detença ou dilação
de sua participação em público. E ele repetia incansavel. Desde as primícias de
minha semeadura, se tornou cediço nos alvedrios dos circunstantes o quanto se
torna em exabundância as minhas lides meridianas e nas contínuas lucubrações. Não
me cansarei de minha faina cultural.
E nessa missão seguia nosso Tino. Seu desvanecimento era se
manter nesse impenitente objetivo. Quando chegava em alguma comunidade que o
desconhecia, não era raro, ver-se corrilhos e conciliábulos a seu respeito. Ele
se lixava para esses mexericos ou conventículos. E impávido seguia o leu labor diário
de ensinar, de interpretar as cenas da vida. Milagroso cultural, daí seu justo hipocorístico
de taumaturgo das novas gerações.
Alguns sujeitos, algo agnósticos das alvíssaras fraternas
tinham-no como supositício e recamado de veleidade pessoal. Mas nada perdido. Pessoas
mais aficionadas ao saber, ao conhecimento davam-lhe crédito cem-dobro. Ele, o Tino
de nossa história, não se ensoava ou se fatigava de suas lides libertárias. O mais
admirável, quando vilipendiado, aí que tresdobrava sua energia mental e punha a
perpetrar as mais agradáveis preleções de toda ordem e natureza. Em todos os
recantos por onde passava se mostrava intemerato, nada exigia em troca de seus
feitos de taumaturgia da cultura e do saber. Em tudo que falava, fazia-o de
modo intimorato. Suas falas brilhavam sempre, nunca entreluziam como as de
outras beldades das mídias e do youTube. As pessoas circunstantes de suas
palestras eram suas devesas. Eram sua guarida e apoio pessoal.